janeiro 04, 2011

Aspectos Neurobiológicos e Funcionais da Dislexia






Assunto: Artigo: Aspectos Neurobiológicos e Funcionais da Dislexia 
De: "cecilia@cgceducacao.com.br" 
Data: Qui, Agosto 26, 2010 3:57 pm 
Para: José Francisco Vasconcelos 

Asectos Neurobiológicos e Funcionais da Dislexia 

Pensando em alguns colegas, profissionais de saúde, que proclamam a não existência da dislexia, encontrei uma frase, atribuída a Albert Einstein, o mais famoso disléxico de toda a história, que diz o seguinte: VOCÊ NÃO PODE PROVAR UMA DEFINIÇÃO. O QUE VOCÊ PODE FAZER É MOSTRAR QUE ELA FAZ SENTIDO. 

Dispus-me, então, a pesquisar trabalhos científicos, antigos e atuais, que relatam diferenças neurobiológicas e funcionais relacionadas à dislexia e passo a descrever os achados, citando seus autores na intenção de deixar o assunto um pouco mais explícito. 

Para iniciar buscamos Markan, Saviour e Ramachandra que relatam estar a dislexia relacionada a alterações encontradas nos cromossomos 1, 2, 3, 6, 7, 17 e 18. Alterações estas ocorridas após mutações. Estas mutações poderiam explicar a hereditariedade do distúrbio. Portanto, a dislexia está associada a mecanismos que dependem de vários genes e dependem ainda da complexa interação desses genes com o meio ambiente para a expressão de seus efeitos. 

Foram encontrados, em estudos post mortem com disléxicos, neurônios do tecido cerebral do tálamo 20% menores quando comparados com indivíduos sem dificuldades relacionadas à leitura e escrita. Galaburda, pesquisador e estudioso deste assunto, atribui como conseqüência a estas alterações no tamanho do tecido, uma lentificação no processamento de informações tanto do sistema visual quanto do auditivo. 

Além desta diferença, foram encontradas ainda, segundo Stein, ectopias em cérebros de disléxicos, ou seja, células que durante o desenvolvimento pré-natal ficaram deslocadas de sua posição final esperada. Estas ectopias foram localizadas nas regiões do lobo temporal e frontal do hemisfério esquerdo, áreas consideradas essenciais para a linguagem. 

As alterações relatadas por Stein como ectopias, microgírias e displasias ocasionariam maturação cortical anômala o que explicaria algumas dificuldades dos disléxicos como disfunções relacionadas ao planejamento e à memória auditiva.

É também relatado por Saviour e Ramachandra pobre domínio tátil, assim como os problemas relacionados ao processamento visual e auditivo, corroborando com os achados de Galaburda. 

Além disto, entre indivíduos sem dificuldade de aprendizagem é observada a assimetria entre os hemisférios cerebrais, já entre disléxicos vários estudos apontam para a simetria hemisférica. 

Ao nascermos temos ambos os hemisférios cerebrais (direito e esquerdo) do mesmo tamanho; com o desenvolvimento e a aprendizagem da fala e da linguagem em geral é esperado que o hemisfério esquerdo tenha um ganho em termos de tamanho em relação ao hemisfério direito. Isto não é observado entre disléxicos, onde se observa um desenvolvimento simétrico entre os dois hemisférios, levando a prejuízo na área de linguagem (basicamente processada pelo hemisfério esquerdo) com privilégio para outras habilidades consideradas de responsabilidade do hemisfério direito como visão espacial, imaginação, habilidades musicais e artísticas de modo geral, etc. 

Bakker e outros autores atribuem estas alterações neuronais à ação do hormônio testosterona. O excesso deste hormônio ou a sensibilidade a ele levariam a alterações durante o desenvolvimento do cérebro e alterações relacionadas ao sistema imunológico. E é notadamente conhecida a existência de quadros alérgicos entre disléxicos. 

Rocha utiliza a questão relacionada à testosterona para explicar a existência predominantemente de dislexia entre os meninos, três para cada menina. Corroborando com esta afirmativa existem ainda pesquisas que relatam diferenças no processamento da linguagem entre meninos e meninas. 

Não podemos nos esquecer ainda das diferenças funcionais observáveis em exames de neuroimagem. Relatos detalhados de Eden e colaboradores informam resultados pobres em tarefas que exijam processamento visual rápido nos disléxicos.Stein descreve ainda convergência, fixação e movimentos sacádicos (que são muito importantes para a leitura) instáveis ou ineficientes entre disléxicos. Para melhor entendermos, convergência é a função ocular que permite o cálculo da distância; movimento sacádico é aquele que realizamos com os olhos para percorrer a linha durante a leitura ou para analisar o ambiente e quando fazemos uma pausa neste movimento chamamos de fixação. 

Facoetti e Turatto estudaram e descreveram dificuldade em suprimir informações distrativas, ou seja, restringir o foco de atenção, entre disléxicos durante o processo de decodificação, levando a ineficiência na leitura.O disléxico apresenta também diferenças na atividade cerebral durante o processo de leitura quando comparado a leitores sem dificuldade. O disléxico tende a apresentar maior ativação no hemisfério direito ao contrário do leitor eficiente que apresenta maior ativação no hemisfério esquerdo. 

Ramus nos fala ainda das dificuldades dos disléxicos em captar amplitude e freqüência dos sons das letras. O autor cita que disléxicos obtiveram resultados em testes que propunham esta medida, piores até que indivíduos com algum déficit auditivo.Há ainda uma relação entre tempo de resposta mais lento e déficit no sistema visual magnocelular entre disléxicos. Esta relação é descrita por vários pesquisadores, onde modestamente me incluo. (Meu trabalho de dissertação de mestrado versava sobre este assunto). 

Diante de tantas evidências observadas em experimentos científicos sérios e podendo presenciar dificuldades na vida acadêmica, social e laboral entendo que não podemos negar ou ignorar a existência deste distúrbio e sim buscar alternativas que os auxiliem a alcançarem um desempenho melhor. 

O tema do artigo sera debatido no 9o Simpósio Internacional de Dislexia que ocorrerá em São Paulo entre os dias 21 e 23 de outubro. Mais informações no site www.dislexia.org.br 

· Maria Inez Ocanã De Luca é psicóloga; Mestre em Psicologia da Saúde e membro do CAE e CTAS - ABD (Centro de Avaliação de Triagem de Atendimento Social da Associação Brasileira de Dislexia) 

Cecília Galvão 
(+ 11 3722.1164/ 3722.3624/7654.2027 

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Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.