maio 26, 2009

maio 25, 2009

Cerca de 300 crianças são atendidas por mutirão


O curso destina-se à profissionais da saúde e educação e tem como objetivo capacitar ao trabalho de avaliação e intervenção, conforme a área de atuação. O curso de aperfeiçoamento apresenta único diferencial da região que propõe estágio integrado ao curso, assim como atividades práticas em abordagem interdisciplinar.

Data: 05/06/2009

Incrições: até 05/06/2009


Tdah

O transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de saúde mental que tem duas características básicas: a desatenção e a agitação (ou hiperatividade/ impulsividade). Esse transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas comquais convive (amigos, pais e professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar, onde muitas vezes é acompanhado de outros problemas de saúde mental.



Dislexia

Segundo a Federação Internacional de Neurologia, o distúrbio específico de leitura ou dislexia do desenvolvimento é definido como um distúrbio neurológico, de origem congênita, que acontece às crianças com potencial intelectual normal, sem déficits sensoriais, com suposta instrução escolar adequada. Equivale dizer que é um distúrbio que compromete permanente e essencialmente o processo de leitura e escrita, ocasionando desempenho abaixo do esperado para sua idade e escolaridade.



Inscrições

Secretaria da Pós-Graduação
Telefones: (11) 4993-5426 / 4993-5496 (Claudia ou Daniela)
Email: pos-graduacao@fmabc.br




Cerca de 300 crianças são atendidas por mutirão
Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC

Quase 300 crianças estiveram ontem pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC para participar do Mutirão das Dificuldades de Aprendizagem. Cerca de 160 passaram pela triagem e outras 128 foram cadastradas para se consultarem durante a semana.

O principal objetivo do serviço é a identificação completa e precisa do tipo de dificuldade da criança e o diagnóstico, pois permitem ao paciente acompanhamento e tratamento adequados - na própria FMABC ou na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima.

Segundo Alessandra Bernarde Caturani, coordenadora do grupo de dislexia e da área de Psicopedagogia, a quantidade de pessoas que compareceram ao local foi maior do que o esperado. A solução foi fazer um cadastro para que elas possam ser atendidas durante a semana. "A criança pode se cansar, o que prejudica o diagnóstico", explicou.

Luciana Carneiro de Oliveira, que mora em Diadema, aceitou voltar outro dia para levar seu filho de 8 anos. "Não posso passar o dia todo aqui porque tenho outros três em casa."

maio 15, 2009

SINAIS E SINTOMAS DA DESORDEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO



SINAIS E SINTOMAS DA DESORDEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO

Giselle Kubrusly Sypczuk
Fonoaudióloga


RESUMO

Existem indivíduos que possuem a queixa de não ouvir bem mas possuindo a audição normal. Isto pode ocorrer devido a dificuldades no processamento auditivo da informação , Há muitos sinais e sintomas da Desordem do Processamento Auditivo que muitas vezes se assemelham a outras desordens. O objetivo desse artigo é elucidar basicamente as questões que concernem à área.

Palavras-chave: processamento auditivo, habilidades auditivas, problemas de aprendizagem.

A AUDIÇÃO
A audição é um dos cinco sentidos humanos. É a capacidade de reconhecer o som emitido pelo ambiente. O órgão responsável pela audição é o ouvido, capaz de captar sons até uma determinada distância A habilidade de ouvir possui dois sistemas, o periférico e o central.
Na avaliação da audição vários testes podem fazer parte do protocolo audiológico, dentre eles estão:

■Audiometria: Exame que mede o nível de audição por intensidade e freqüência, ou seja, é o teste que quantifica a audição do indivíduo, podendo ou não acusar a presença de perda auditiva em diferentes graus e tipos.
■Imitânciometria: É o exame que verifica as condições da orelha média, (sistema tímpano-ossicular), e da via do reflexo do estapédico.
■Emissões Otoacústicas: Avalia a resposta das células ciliadas externas localizadas na cóclea. São sons de baixíssima intensidade que resultam do mecanismo ativo de recepção do som pela cóclea no qual as células ciliadas externas desempenham o papel principal.
■Potenciais Auditivos Evocados: São potenciais elétricos que surgem através de um estímulo acústico (geralmente click fornecido através de fones) e que refletem a atividade do sistema auditivo. Estes potencias podem ser de curta, média ou longa latência dependendo do tempo que a onda leva para ser captada. Quanto mais distante o sítio gerador, maior é o tempo de latência da onda que representa o potencial. Os mais utilizados são o de curta latência (Bera ou Paete) e de longa latência (P300).
■Avaliação do Processamento auditivo: Permite verificar o desempenho das habilidades auditivas através de avaliação comportamental.

CONHECENDO O PROCESSAMENTO AUDITIVO
Definição

Segundo o relatório técnico da ASHA 2005, processamento auditivo (PA) refere-se à eficiência e eficácia que o sistema auditivo nervoso central utiliza a informação auditiva, inclui os mecanismos auditivos que seguem as seguintes habilidades:

■localização e lateralizacão;
■discriminação auditiva;
■reconhecimento do padrão auditivo;
■aspectos temporais da audição, incluindo:




■integração temporal
■discriminação temporal (intervalo de detecção temporal)
■ordenação temporal
■marcaramento temporal
■performance auditiva com sinais competitivos (incluindo a escuta dicótica);
■performance auditiva com sinais acústicos degradados.

Pode-se dizer que processamento auditivo é “aquilo que fazemos com o que ouvimos”.

Os processos neurocognitivos estão envolvidos. A memória, atenção e linguagem são integrantes no processo de análise na entrada da informação pelo canal auditivo.
A dificuldade em um ou mais níveis das habilidades auditivas é possível de ser classificada como uma dificuldade ou desordem do processamento auditivo (DPA)
A DPA pode estar ligada ou associada com as dificuldades em linguagem, aprendizado, e funções de comunicação, embora a DPA possa coexistir com outras desordens (por exemplo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade [TDAH] e dificuldades de leitura), mas não pode ser colocada como o fator resultante destas.
As causas que levam a uma DPA podem ser variadas, não podendo ser especificadas, (na maioria), podem compreender desde ordem genética até de desenvolvimento, dentre outras possíveis.

Alguns sinais e os sintomas
Os sintomas de DPA podem variar e ter diferentes formas de manifestação. Confira se você ou alguém que conheça apresenta alguns desses Sinais e Sintomas:

■Parece não ouvir bem?
■É muito distraída ou desatenta?
■Demora em escutar e/ ou entender quando chamada sua atenção?
■Fala muito “Hã?”, “O que?”, ou “Não entendi!”?
■Possui dificuldade para lembrar o que foi dito ou parece ter problemas de memória?
■Tem fala diferente de outras crianças da mesma idade?
■Tem dificuldades para ler ou escrever ou outras dificuldades escolares?
■Tem dificuldade para entender o que está sendo falado quando em ambientes ruidosos ou em grupos?
■Não consegue acompanhar uma conversa com muitas pessoas falando ao mesmo tempo?
■Há cansaço ou atenção curta para sons em geral?
■Deixa o volume da televisão muito alto?
■Apresenta dificuldade de localizar o som?
■Apresenta dificuldades em seguir orientações?
■Tem dificuldade em contar um fato ou história?
■Tem dificuldades para transmitir um recado?
■Possui dificuldade em seguir uma seqüência de tarefas que lhe foi falada?
■Tem dificuldades em entender piadas ou duplo sentido?
■Os problemas de matemática são difíceis de interpretar?
■A informação abstrata é difícil de compreender?

Estes, assim como outros comportamentos, podem ser sinais de uma dificuldade no processamento auditivo da informação. Cabe retomar que muitos dos comportamentos notados acima podem também aparecer em outras condições tais como dificuldades de aprendizagem, Transtorno do déficit de atenção e Hiperatividade (TDAH), níveis de depressão, dentre outros.
O diagnóstico e avaliação

Através de uma equipe multidisciplinar o indivíduo será avaliado e conduzido a um diagnóstico e /ou a uma conduta médica e planejamento terapêutico.

A abordagem da multidisciplinar permite coletar informações no nível educacional, social, de fala/ linguagem, cognitivo e fisiológico.
Essa equipe é composta, em geral, por neurologistas, psiquiatras, otorrinolaringologistas, audiologistas, fonoterapeutas, psicólogos, pedagogos e profissionais da educação.

A avaliação específica do processamento auditivo é realizada por um fonoaudiólogo da área audiológica.
A testagem é realizada em cabine acústica, onde o indivíduo é colocado com fones auriculares através dos quais são aplicados testes gravados em CD e padronizados por faixa etária.
Para realização da avaliação do PA é necessário apresentar a audiometria realizada no mínimo em um prazo igual ou inferior a três meses, a criança apresentar idade mínima de 06 anos, nível de linguagem expressivo e receptivo, atenção e cognição suficientes para que possa compreender as tarefas, não apresentar perda auditiva assimétrica, a média tonal ser até 40dBNA, índice padrão de reconhecimento de fala de no mínimo 70% e índice entre as orelhas não ultrapassar 20%.
Na avaliação são realizados testes de escuta diótica onde estímulos iguais são apresentados simultaneamente para ambas as orelhas, de escuta monótica onde estímulos diferentes são apresentados simultaneamente na mesma orelha, ipsilateralmente; e escuta dicótica onde estímulos diferentes são apresentados simultaneamente para ambas as orelhas.
Entre os testes realizados estão:

■Localização Sonora; Teste que permite verificar a localização (percepção da origem da fonte sonora) em cinco direções (direita, esquerda, atrás, acima e à frente).
■Fala Filtrada: Este teste permite verificar a habilidade de fechamento auditivo (percepção da mensagem quando parte dela é omitida)
■PSI em português: Os estímulos verbais utilizados na aplicação do PSI são 10 frases ou palavras que devem ser identificadas através da indicação das figuras que representam à situação da sentença ou palavra. A mensagem competitiva é uma história infantil ou ruído white noise.
■SSI: Este teste é realizado com leitura e identificação não verbal da frase. Permite verificar a habilidade de fechamento auditivo e figura fundo associado à identificação visual. São testadas duas condições MCI (duas estimulações distintas na mesma orelha) e MCC (duas estimulações distintas uma em cada orelha)
■PPS E DPS: Estes testes permitem verificar as habilidades de resolução temporal, para identificação de freqüência e duração sonora. São testadas duas condições a de imitação (hemisfério direito) e nomeação (hemisfério esquerdo).
■Dicótico de dígitos e SSW: Estes testes permitem investigação da condição dicótica da informação. Habilidade de figura-fundo (identificação de um som na coexistência de outro, competitivo), Memória seqüencial (habilidade em estocar e recuperar estímulos na ordem em que foram apresentados). São constituídos por pares de dígitos e palavras, sendo que estes representam dissílabos na língua portuguesa. Avaliam a habilidade para agrupar componentes do sinal acústico em figura-fundo e identificá-los, e a comunicação inter-hemisférica no corpo caloso.

O RESULTADO

Após a testagem é emitido um relatório que constam os resultados obtidos; as habilidades preservadas e as com desempenho abaixo do esperado para idade, o impacto efetivo das mesmas na vida do indivíduo nos níveis social, acadêmico e familiar, possível local da disfunção no sistema nervoso auditivo central, o direcionamento da reabilitação (no caso de indicação terapêutica) sugerindo um programa e as orientações pertinentes ao caso.

O processo de avaliação e de reabilitação deve envolver a equipe multidisciplinar na visão de que esse sujeito possui suas necessidades, possibilidades e sucessos.CONCLUSÃO
A área de processamento auditivo é alvo de muitas pesquisas, debates e o interesse na mesma aumentou consideravelmente nos últimos anos. A bateria de avaliação deve no mínimo envolver todas as habilidades e considerações multidisciplinares. Para tal exige consenso entre as áreas buscando minimizar o impacto das dificuldades processuais e maximizar o desempenho das habilidades presentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION – Central auditory processing: current status of research and implication clinical practice. A report from the ASHA task-force in central processing. 2005


AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION – (Central) auditory processing disorders. Technical Report 2005


BELLIS, T.J. – Assessment and management central auditory processing disorders. San Diego, Singular Publishing Group, 1996


CHERMAK, G.D. & MUSIEK, F.E. – Central auditory processing disorders. San Diego, Singular Publishing Group, 1997


DSM IV – Manual diagnóstico e estatística de transtornos mentais, 4 ed. – JORGE, M.R. et al., Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.


FERRE, J.M. – Processing power: a guide to CAPD assessment and management. Texas, Communication Skill Builders, 1997


BELLIS,T.J. – Assessment and Management of Central Auditory Processing Disorders in the Educational Setting From Science to Practice. Thomson Delmar Learning, 2003


ZORZI,J.L. – Aprendizagem e Distúrbios da Linguagem escrita – questões clínicas e educacionais. Porto Alegre, Artmed, 2003


PINHEIRO, M.L. & MUSIEK, F.E. – Special considerations in central auditory evaluation. IN: Assessment of central auditory dysfunction: foundations and clinical correlates. Williams & Wilkins, 195

8
PEREIRA, L. D. ; SCHOCHAT, E.- Processamento Auditivo Central- Manual de Avaliação. São Paulo: Lovise, 1997

FONTE DE PESQUISA:
http://www.neuropediatria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=97:sinais-e-sintomas-da-desordem-do-processamento-auditivo&catid=59:transtorno-de-aprendizagem-escolar&Itemid=147

maio 14, 2009

Transtornos de Aprendizagem escolar




Transtornos de Aprendizagem escolar

Autor: Antônio Carlos De Farias - Neuropediatra

É difícil para os pais compreenderem o motivo pelo qual seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem escolar, principalmente, quando o médico refere não existir quaisquer comprometimentos orgânicos, sensoriais (visual ou auditivo) e cognitivo (déficit de inteligência) que possam interferir com o aprendizado da criança.

Em geral a criança não possui uma doença grave, porem o problema é real e não imaginário, são devidos a fatores constitucionais da própria criança, sejam por uma lentidão maturacional das funções cerebrais relacionadas à aprendizagem ou por minúsculas lesões nas células (neurônio) ou circuitos (sinapses) neuronais que os exames de imagem ainda não tem um adequado poder de resolução para identificá-las.

A maioria das crianças com dificuldades de aprendizagem melhoram à medida que crescem, em algumas as dificuldades resolvem-se completamente, enquanto outras, persistem ao longo da vida com um certo grau de dificuldade em uma área específica (leitura, escrita, matemática, etc). Somente o acompanhamento da criança revelara quais continuarão apresentando o problema e quais melhorarão com a maturação cerebral. A você pai cabe propiciar ao seu filho um ambiente estimulador e motivador a fim de que ele desenvolva o hábito da leitura e do raciocínio, pois é esta conduta que pode melhorar muito o prognostico da criança.

Ao nascimento cada célula nervosa esta corretamente localizada e pronta para ser desenvolvida;

O estímulo externo vai determinando o crescimento celular e a formação de novos circuitos de memória importantes para o estabelecimento da inteligência global. Estas células ou circuitos podem ser malformados ou alterados por agressões externas como p. ex. infecções, traumas cranianas, hipóxia cerebral. Infelizmente a célula cerebral tem uma reduzida capacidade de regeneração, assim o cérebro desenvolveu uma função chamada plasticidade cerebral na qual as células íntegras podem realizar outras conexões e assumir de acordo com o estímulo a função daquele circuito lesionado ou malformado. Um ambiente que proporcione estímulos para a criança pode motivar esta plasticidade cerebral; um exercício de aprendizagem faz aumentar o numero de sinapses cerebrais. È devido a esta função que as crianças portadoras de algum tipo transtorno de aprendizagem escolar podem melhorar o seu desempenho quando recebe uma adequada estimulação.

A seguir listo algumas dicas que podem ser aplicadas no dia a dia da criança. Não faça disto uma regra rígida, elas devem ser praticadas de uma forma natural a fim de que a criança não se sinta pressionada ou discriminada. Tenha sempre uma relação franca e honesta, explique de forma clara as dificuldades que ela apresenta e o tipo de trabalho a ser desenvolvido para que ela participe ativamente da sua reabilitação.

Dicas

■Permaneça durante o ano em contato regular com os professores e demais profissionais que trabalham com o seu filho para saber como ele está progredindo. Pai e mãe devem compartilhar esta responsabilidade.

■Seja encorajador, evite críticas ou rótulos, elogie o esforço e não apenas a realização; As crianças com transtorno de aprendizagem escolar, pelas dificuldades que apresentam, tornam-se inseguras e com baixa auto estima. O apoio familiar é fundamental para a sua motivação e restabelecimento da auto-estima.

■Seu filho necessita de trabalho individual fora do período escolar, isto pode ser feito por familiares desde que tenham paciência e aptidão para ensinar. Quando ensiná-lo, não exagere, pequenas lições diárias são melhores que longas lições esporádicas, tente pequenas atividades de cada vez.

■Quando o treinamento é voltado para a escrita é necessário corrigir posturas inadequadas e observar a forma correta de segurar o lápis. Algumas crianças se beneficiam de máquinas de datilografar ou computadores onde podem visualizar e memorizar as letras no teclado.

■Quando a dificuldade é principalmente em aritmética, procure estimular as atividades que envolvam números e faça isto nas pequenas coisas do dia-dia como por ex. contar os talheres na mesa ou as meias na gaveta. Estimule as somas e as subtrações.

■Durante a leitura estimule a criança à acompanhar as palavras com o lápis posicionando-o horizontalmente abaixo da linha que está sendo lida. Alterne com a criança a leitura, ela lê um trecho do texto e você lê o outro, depois peça a ela que explique o conteúdo da leitura.

■Pratique jogos ou brincadeiras onde a leitura seja necessária.

■Existem livros gravados em fitas cassetes ou CD, é um bom método para a criança treinar a memória visual e auditiva.

■Se o seu filho apresenta alguma dificuldade de linguagem, quando falar com ele faça-o de forma lenta e clara, estabeleça pausas depois de cada frase, certifique-se que ele entendeu e repita se houver necessidade.
Lembre-se que a criança está passando por um processo de amadurecimento cerebral; As exigências devem estar de acordo ao potencial de inteligência que ela apresenta. Certifique-se com os profissionais se a maturidade do seu filho é adequada ao nível de expectativa que você ou a escola tem em relação a ele. Mesmo com toda a dedicação do seu filho e a sua compreensão é possível que o progresso de aprendizagem não ocorra na velocidade que você espera; Não desanime ou projete na criança todo o seu descontentamento; Sucessos nesta área estão diretamente ligados a uma atitude encorajadora e positiva em relação à criança.

Por que a criança não aprende na escola?



Por que a criança não aprende na escola?
Abordagem Neuropediátrica
Dr. Antônio Carlos de Farias



Introdução
O Neuropediatra por ser um especialista na área de desenvolvimento neuropsicomotor tornou-se um profissional freqüentemente requisitado a reconhecer crianças com alterações em áreas do desenvolvimento como comportamento e aprendizagem. Geralmente, estes encaminhamentos associam-se a dúvidas dos pais ou professores sobre a origem do problema; se há relação com o desenvolvimento e por esta característica tem caráter transitório, se decorre de fatores emocionais ou motivacionais ou se associam a um quadro orgânico que compromete funções cerebrais importantes para as relações acadêmicas e sociais da criança. A resposta a estas dúvidas nem sempre é uma tarefa fácil. O médico deve lembrar que a aprendizagem e o comportamento são processos dinâmicos e ativos sujeito à interferência de vários fatores relacionados ao estímulo ambiental (possibilidades reais que o meio oferece em termos de quantidade, qualidade e freqüência de estímulos) e a neurobiologia da própria criança (inteligência global, integridade motora e sensório-perceptual, domínio da linguagem e capacidade de simbolização); nem sempre a causa primária de um “déficit” ou “dificuldade” está na criança; o ambiente familiar estimulador, as expectativas sociais, a motivação do professor para ensinar e a metodologia de ensino da escola podem representar pólos importantes para a origem do problema. Também deve ter uma boa compreensão sobre os marcos normais de desenvolvimento e saber que funções cerebrais como coordenação, percepção, atenção e memória sofrem profundas transformações evolutivas à medida que a criança cresce, assim, toda interpretação de um Déficit de aprendizagem ou problema comportamental deve ser baseada na prontidão neurológica que a criança possui nas distintas faixas etárias.

Transtornos de Aprendizagem Escolar – Definições

O termo Transtorno de Aprendizagem Escolar (TAE) é amplo porque engloba todas os fatores ambientais, emocionais, orgânicos e neurobiológicos que interferem com a aprendizagem; é apenas um sintoma decorrente de várias situações médicas e não médicas.

Sobre um enfoque neurobiológico o termo Transtorno Especifico de Aprendizagem Escolar (TEA) é o mais adequado para definir crianças normais do ponto de vista emocional, cognitivo e orgânico, com educação apropriada, mas que apresentam funcionamento acadêmico abaixo do esperado para idade cronológica e inteligência.

É recomendável aos profissionais o uso de uma linguagem sistematizada, nesse sentido o DSM-IV - Manual Diagnóstico E Estatístico De Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria é o livro consagrado para emissão de diagnósticos que envolvam sintomas cognitivo-comportamentais. Em seu primeiro capítulo o manual aborda os Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou adolescência, todos eles podem gerar ou associar-se ao Transtorno de Aprendizagem Escolar, porém há um item específico que engloba os Transtornos Específicos de Aprendizagem Escolar (TEA).

O DSM-IV define TEA como um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado (dois desvios padrões entre rendimento e QI) para idade cronológica e inteligência no contexto de uma educação apropriada sendo o diagnóstico baseado em testes padronizados e individualmente administrado de leitura, matemática e escrita. O termo TEA aplica-se somente aos indivíduos que apresentam inteligência normal e que não tenham um outro fator causador de suas dificuldades de aprendizagem como, por exemplo: escolarização precoce, faltas escolares, ensino deficiente, desmotivação, falta de familiaridade com a língua de instrução, déficit visual e auditivo, deficiência mental, incapacidade física, doenças neuropsiquiátricas, uso crônico de medicamentos.



Transtornos de Aprendizagem Escolar – Causas relacionadas ao estímulo ambiental

A. Falta de Estímulo: A criança deve aprender determinados conceitos na fase pré-escolar que posteriormente lhe facilitarão o aprendizado da leitura e escrita. São funções como orientação espacial, orientação temporal, ritmo; habilidades visuais (discriminação de diferenças e semelhanças, percepção de forma e tamanho, figura e fundo, memória, seguimento ocular), habilidades auditivas (discriminação de sons, figura e fundo, percepção, memória), coordenação viso-motora, linguagem oral (pronuncia, vocabulário e sintaxe) e linguagem simbólica (capacidade de simbolização). Todas essas habilidades não são adquiridas de forma passiva, necessitam de treinamento específico.

B. Metodologia de ensino: A habilidade da leitura aprende-se em 3 estágios distintos:

• Estágio Visual (4 - 6 anos): análise visual do estimulo gráfico. A criança aprende a reconhecer a letra e copiá-la.

• Estágio fonológico (5 - 7 anos): reconhecimento e processamento dos sons associados aos símbolos gráficos. A criança aprende a reconhecer os diferentes sons das letras e discerni-los quando integrados na palavra, lê de forma lenta e silabada com pouco conteúdo interpretativo.

• Estágio ortográfico (6 - 9 anos): Memorização e reconhecimento da palavra inteira. A criança aprende a ler de forma fluída e com bom nível de compreensão.

O método de ensinar pode ser diferente para cada escola, algumas priorizam o método global com ênfase no estágio ortográfico, outras priorizam o método fonético com ênfase no estágio fonológico, porém, para algumas crianças a escolha do método deve ser individualizado em função das dificuldades que a mesma possui. È freqüente a observação na prática clínica de crianças que apresentavam dificuldades em uma determinada escola que ao se transferirem para outra escola com método diferente da anterior, passaram a não ter mais dificuldades.

C. Aspectos psicológicos, familiares e culturais: Muitas vezes é difícil diferenciar se estes fatores são causas ou conseqüências de TAE. As crianças com TAE geralmente são pressionadas pela família, professores e não conseguem corresponder as estas expectativas, tem sua auto-estima rebaixada e passam a apresentar sintomas depressivos, fatos que acentuam sua desmotivação para os estudos.

A desorganização familiar no sentido de não orientar uma adequada rotina para a criança além de gerar estresse infantil também é um fator causal de TAE. São exemplos: os excessos de atividades extra-escolares, a falta de horários para estudos, a falta de supervisão dos pais.

O aspecto cultural é representado pela tradição familiar em relação às necessidades e perspectivas relacionadas aos estudos.
Em algumas famílias o padrão de exigência é tão elevado em relação ao aproveitamento escolar a ponto de exigirem que as crianças sejam alfabetizadas em idades nas quais elas ainda não possuem prontidão neurológica para essa função, outras não vêem nos estudos algo fundamental para a vida da criança. Ambas as abordagens são inadequadas e geradoras de problemas escolares e comportamentais.



Transtorno de Aprendizagem Escolar – Causas médicas gerais • Uso de medicamentos ou drogas cujos efeitos colaterais possam interferir em funções como atenção, memória e ritmo de sono, exs: Antiepilépticos, Antihistamínicos, Álcool, Maconha, Cocaína, Cola de sapateiro.

• Déficits sensoriais: Hipoacusia, Déficits refracionais.

• Doenças crônicas como Anemia, Verminose, Cardiopatias, Nefropatias, Epilepsias, Enxaquecas, Moléstia reumática sob a forma de Coréia de Sidehan, etc; causam TAE tanto pelo aspecto incapacitante como pelo alto índice de faltas e evasão escolar.

• Encefalopatias crônicas: Deficiência Mental, Paralisia cerebral.



Transtorno de Aprendizagem Escolar – Causa transitória relacionada à imaturidade funcional
Algumas crianças apresentam disfunções de caráter transitório em áreas globais ou específicas do aprendizado, adquirem de forma mais lenta as habilidades psíquicas, perceptivas, comunicativas e motoras, ao chegarem na fase escolar demoram um pouco mais para adquirir a leitura; evolutivamente alcançam a prontidão necessária para o desempenho dessa função. O quadro caracteriza-se por atraso de aquisição de marcos específicos do desenvolvimento, porém o ritmo de aquisição, embora lento, é muito próximo do normal. Ao chegarem na fase pré-puberal ou puberal passam a desenvolver-se em um ritmo normal. Geralmente o quadro é relacionado com uma lentidão da mielinização e sinaptogênese cerebral e parece haver influências hormonais pelo fato de serem mais freqüentes no sexo masculino. Muitas vezes pode ser confundido com Dislexia, porém na criança disléxica as dificuldades de aquisição da leitura são persistentes mesmo após a fase pré-puberal (Nove anos).


Transtorno de Aprendizagem Escolar – Causas Neurobiológicas
Nos TEA, é improvável que um único fator possa ser responsável, ao contrário parece que uma série de fatores precisa agir em conjunto – causas multifatoriais. Fatores genéticos estão implicados pelas altas incidências em parentes próximos dos indivíduos afetados e também pela participação do cromossomo X, uma vez que, o quadro predomina no sexo masculino na proporção de 3:1. Fatores ambientais relacionados ao período gestacional e neonatal têm alguma influência, pela alta freqüência nos históricos das crianças de tabagismo e alcoolismo materno e de intercorrências de parto como prematuridade, baixo peso, tocotraumatismo e hipóxia cerebral. Todos esses fatores isolados ou associados podem comprometer os circuitos cerebrais gerando micro lesões como alteração do neurônio ou sinapse que evolutivamente causarão déficits funcionais em áreas relacionadas à linguagem, atenção e memória. A seguir serão abordadas as principais causas de Transtorno de Aprendizagem Escolar relacionadas a doenças neurobiológicas.


1. Distúrbios da Linguagem

Disfasia: Caracteriza-se por dificuldades na aquisição da linguagem verbal. Pode ser de compreensão (lesão da área temporal Wernicke) ou expressão (lesão da área frontal de Broca). As crianças comprometidas geralmente apresentam dificuldades de elaborar palavras ou formar frases. Em um quadro mais grave que evolutivamente pode associar-se a TAE, problemas comportamentais e de sociabilização.

Dislexia: Caracteriza-se por dificuldades persistentes de aquisição da linguagem simbólica (leitura). O quadro pode variar desde uma incapacidade total de aprender a ler até uma leitura próximo do normal, silabada, com alguns erros de pronúncia e erros ortográficos na escrita. É um distúrbio relativamente freqüente com incidência entre 7 a 10% na população escolar.

A palavra Dislexia possui a seguinte origem semântica:

DIS: Distúrbio LEXIA: Linguagem (Grego) Leitura (Latim).

DISLEXIA – Distúrbio da Linguagem e da Leitura.
Já em seu sentido semântico , percebe-se que a Dislexia está intrinsecamente relacionad a a um problema de linguagem, particularmente linguagem no sentido de c omunicação. O d isléxico apresenta dificuldades no nível mais primitivo da linguagem , o fonológico, o que lhe dificulta progredir para a forma mais complexa , a da compreensão simbólica – leitura. Ele a presenta dificuldades de leitura porque interpreta mal as características sonoras dos símbolos gráficos (fonemas), reconhece com dificuldade esses sons quando estão integrados na palavra falada, tem dificuldade de compô-los em uma seqüência lógica para formar e reconhecer palavras novas.

O diagnóstico é baseado em uma história clínica com as seguintes características : Crianças normais do ponto de vista cognitivo e emocional, com pelo menos dois anos de escolaridade, submetidos a um adequado estímulo ambiental e escolar, mas que persistem com dificuldades de aquisição da leitura, principalmente após os nove anos de idade. Geralmente apresentam antecedentes de a traso de aquisição ou Transtornos da Linguagem e história familiar de distúrbios da linguagem ou Dislexia.

Bases Genéticas: Estudos clínicos e epidemiológicos sugerem uma base genética para a origem da Dislexi a . Nos diversos estudos com indivíduos disléxicos , identificou-se história familiar em parentes de primeiro grau em 25 a 65% dos casos. Os estudos na área de Genética m olecular tem identificado anormalidades cromossômicas evidentes nos cromossomos 6 e 15. O projeto Genoma h umano já identificou os Genes DYX1, DYX2, DYX3, DYX4, relacionados a subtipos específicos de d islexias.

Bases Patológicas: As alterações gênicas previamente descritas condicionam a formação de um cérebro com alterações estruturais nos circuitos relacionados à linguagem. Essas alterações podem ter um caráter variado . Por exemplo, enquanto o c órtex cerebral das áreas interpretativas tem seis camadas de células , sendo a primeira camada desprovida de células nas pessoas normais, nos Disléxicos existem as mesmas seis camadas, porém a primeira camada é provida de células, ou seja, n os Disléxicos , essas células estão em um local que não deveriam estar ( e ctopias). Elas chegam a esse local porque erram o caminho durante o período de formação cerebral , durante o estágio de migração neuronal entre o primeiro e segundo mês de gesta ção . Além de incorretamente localizadas , essas células geralmente estabelecem conexões inadequadas com outras células ( m icrodisgenesias). Essas alterações também ocorrem na camada de neurônios magnocelulares do t álamo. A organização defeituosa desses circuitos gera um déficit de função cerebral na área do tálamo relacionado ao processamento de informações rápidas (p. ex. , visão durante a leitura, percepção de sons durante a conversação) e também dificuldades interpretativas por comprometimento do córtex cerebral – áreas interpretativas ( g iro angular, área de Wernicke).

Dislexia e Processamento Fonológico:
As pessoas normais podem discernir as mais rápidas combinações de sons encontradas em uma palavra como, por exemplo, o som do “P” e do “A” na palavra “PA” , que estão separadas por um tempo aproximado de 10 milésimos de segundos. Os disléxicos com desordem do processamento fonológico (90% dos casos) necessitam de um tempo maior, aproximadamente 80 milésimos de segundo . Isto lhes acarret a um grave problema de leitura , uma vez que esta é aprendida pela combinação dos símbolos (letras) com os seus respectivos sons (fonema s ). As dificuldades em superar o estágio fonológico da leitura também dificultam o progresso ao estágio ortográfico. É importante ressaltar que , mesmo diante de todas estas dificuldades, os disléxicos geralmente mantêm a capacidade de processar a leitura , embora esta seja de aquisição lenta . Quando ela ocorre, o erro ortográfico continua com uma certa freqüência.

Dislexia e Processamento Visual:
Apesar do processamento visual não ser um fator preponderante na causa da Dislexia , algumas anormalidades dessa função podem interferir com a habilidade da leitura. Um número menos freqüentes de disléxicos (aproximadamente 10%) apresent a problemas de leitura porque têm dificuldade de manter a imagem da palavra em seu campo visual. Ao praticar o ato da leitura, “varrendo” a página da esquerda para direita , as letras parecem tremular, as palavras parecem mexer, às vezes , desaparecem do campo visual, tornando difícil o seu processamento. Os estudos histopatológicos do D r . Al Galburda , da Escola de Medicina de Harvard , demonstraram que esses indivíduos também apresentam um menor número de neurônios nas camadas magnocelulares do t álamo esquerdo. Alguns estudos têm demonstrado que esses pacientes podem beneficiar-se do uso de lentes oculares especiais (Lentes de Irlen).

Dislexia e Aspectos Sociais:
Embora tenham inteligência, capacidade visual e auditiva normais, os disléxicos podem apresentar problemas de interação social por suas dificuldades de processamento rápido relacionadas à visão e à audição. Sua percepção pode ser distorcida como, por exemplo, entender mal uma conversação, assimilar mal pistas não verbais (linguagem corporal, expressão facial, tom de voz), ocasionando situações constrangedoras, mal-entendidos, rejeição e isolamento.

Dislexia e Plasticidade Cerebral:
Estudos com Ressonância M agnética F uncional E ncefálica , conduzida por Shoywitz, da Universidade de Yale, têm demonstrado que os d isléxicos tendem a usar outras regiões do cérebro , como a área motora de Broca , para compensar os déficits nas regiões relacionadas à compreensão (área de Wernicke). Quando os d isléxicos lêem , ocorre um aumento da atividade na área frontal esquerda (Broca) e uma diminuição da atividade na porção anterior (área de Wernicke), o contrário do que ocorrem nos controles normais.

Dislexia – Tratamento:
Não há um tratamento medicamentoso específico. Medicamentos podem ser indicados apenas para fatores associados , como Transtorno de Atenção e problemas comportamentais. Não há , tampouco , uma terapia cognitiva única. O tratamento deve basear-se em medidas que favoreçam a plasticidade cerebral, caminhos cerebrais alternativos para o processamento da leitura. Algumas crianças aprendem a ler mais facilmente amparada pela fonética, outras aprendem melhor através de técnicas lingüísticas , em que as formas visuais complexas das palavras são aprendidas em contexto. Crianças com dificuldades no estágio ortográfico beneficiam-se melhor das técnicas lingüísticas porque são instruídas a reconhecer a palavra inteira. Crianças com d ificuldades no estágio fonológico devem ser treinadas por técnicas fonéticas. Existem programas de computador com exercícios baseados no treinamento do cérebro para reconhecer mudanças rápidas de fonemas na fala normal . Um exemplo é o FAST FORWAR D , programa já usado em escala comercial no s EUA. Também existem jogos infantis programados para diminuir o ritmo da fala e prolongar a duração dos sons , tornando mais fácil a compreensão dos fonemas. A terapia fonoaudiológica em cabine também é um importante recurso para reabilitação de d isléxico com alteração do Processamento Auditivo.


2. Distúrbio da Atenção

Entidade antigamente conhecida por Disfunção Cerebral Mínima o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H) é uma patologia com grande prevalência na idade escolar. Caracteriza-se por graus inapropriados de atenção, impulsividade, hiperatividade, coordenação motora e linguagem; todas essas séries de transtornos podem apresentar-se isoladamente ou em diferentes combinações. Em geral o comportamento inadequado dessas crianças associadas às dificuldades de abordagem por parte dos familiares e professores geram problemas graves de ordem acadêmica e psicossocial. É classificado em 3 sub-tipos: A. predominante Desatento com prejuízos maiores sobre as funções acadêmicas, B. predominante Hiperativo-Impulsivo com prejuízos maiores sobre as funções comportamentais, C. Combinado: associação de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

O TDA/H é o protótipo de doença neurobiológica na qual seus sintomas em determinados períodos do desenvolvimento infantil podem confundir-se com características comportamentais observadas em crianças normais ou mesmo associar-se a outras doenças sistêmicas. Como não existe um teste fidedigno ou marcador laboratorial específico para o seu diagnóstico e também pelo fato de a doença causar um comprometimento generalizado do processamento de informações pelo Sistema Nervoso Central, é necessário que as crianças sejam submetidas a uma investigação minuciosa de funções cerebrais como comportamento, atenção, percepção, linguagem, coordenação e memória. Estas avaliações devem integrar a opinião de profissionais das diversas áreas multidisciplinares. Ao longo do processo, são analisados as informações colhidas dos familiares e professores, aplicados os critérios operacionais do DSM-IV e finalmente realizados testes específicos para identificação das funções cerebrais comprometidas. Estes procedimentos resolvem as dificuldades de interpretar os sintomas na maioria dos casos; auxiliam o médico a não emitir um parecer baseado em informações de uma única fonte ou não definir um perfil de comportamento mediante observações de uma única consulta. Uma situação muito comum em consultório, que muitas vezes pode gerar diagnósticos equivocados, é o relato dos sintomas clássicos do TDAH pelos pais e professores, porém, durante a consulta médica os mesmos não são visualizados. Isto ocorre porque as crianças são capazes de controlar os sintomas com esforço voluntário em atividades que envolvem grande esforço ou interesse.

O diagnóstico pode oferecer dificuldades quando se refere a Lactentes e Pré-escolares; os critérios operacionais do DSM-IV não são confiáveis para crianças menores de 4a6m e até certo ponto níveis inadequados de atenção, hipercinesia e impulsividade podem ser comportamentos normais nestas idades. Somente o acompanhamento do desenvolvimento da criança com monitorização de atividades que envolvem sua atenção e comportamento oferecerão ao médico a possibilidade de um diagnóstico inequívoco. Este fato associado à falta de informações seguras sobre os riscos para a saúde do uso de medicamentos psicoestimulantes desaconselham a terapia medicamentosa para crianças com suspeita de TDAH em idades precoces. Nestes casos a melhor conduta é orientar os familiares sobre posturas educacionais preventivas e dependendo da situação optar pela realização de terapia comportamental cognitiva. As intervenções educativas direcionadas a pré-escolares são mais efetivas porque as condutas disruptivas estão menos estabelecidas e o controle do comportamento é mais bem assimilado nestas idades.

Existe um amplo diagnóstico diferencial composto por patologias que cursam com sintomas similares ao TDAH: envolve doenças como Epilepsias, Hipertireoidismo, Coréia de Sidehan ou Déficits Sensoriais como deficiência auditiva e visual. É importante afastá-las através de história clínica e exame físico minuciosos. Dependendo da necessidade a investigação deve ser finalizada com a realização de exames complementares.

Também é freqüente a associação do TDAH com outros distúrbios psiquiátricos como Transtorno Opositor-Desafiador, Transtorno de Conduta, Transtornos do Humor, Transtorno de Ansiedade ou com distúrbios do desenvolvimento como Transtorno de Aprendizagem Escolar e Distúrbio do Desenvolvimento da Coordenação, o diagnóstico diferencial envolve o uso de Escalas de Comportamento e a aplicação dos critérios do DSM-IV.

TDA/H – Seguimento ambulatorial: As crianças com TDAH podem apresentar dificuldades em várias funções cerebrais; isto gera repercussões negativas tanto em suas capacidades acadêmicas como em suas relações sociais. O sucesso do tratamento depende muito de como o médico orienta a criança, os familiares e os professores. É preciso uma compreensão do problema em sua origem, um entendimento sobre o seu curso e que estratégias podem ser usadas para amenizar os seu efeitos. Ensinar os pacientes que a origem do seu sofrimento tem uma gênese neurobiológica alivia-os da culpa e motiva-os a participarem do tratamento. Orientar pais e professores que a criança tem deficiências internas torna-os mais tolerantes e participativos.

As bases do sucesso do tratamento podem ser resumidas nos seguinte tópicos:
1. Aprender a reconhecer os sinais da doença e diferenciá-los de mau comportamento
2. Manter comunicação clara e simples
3. Estabelecer metas, criar e manter um “contrato comportamental”
4. Medir as conquistas de acordo com o nível de funcionamento da criança
5. Reconhecer as pequenas melhoras
6. Evitar comparações
7. Criar um ambiente acolhedor em casa
8.Estabelecer limites, mas ser sensível às oscilações de humor
9.Manter a rotina de uma família normal
10. Usar o bom humor para lidar com situações conflitantes
11. Apoiar o regime medicamentoso

* Adaptado da obra Esquizofrenia e a Família – Anderson C. y Col.
Os medicamentos psicoestimulantes devem fazer parte do plano terapêutico inicial da maioria dos escolares com TDAH, porêm, é importante evitar suas prescrições logo na primeira consulta. O médico deve lançar mão destas opções quando estiver seguro do diagnóstico e evitar um equívoco freqüentemente cometido que é o de usar a resposta positiva ao medicamento como instrumento diagnóstico; também é importante que haja resolução de possíveis conflitos entre familiares ou professores bem como descartar problemas médicos que impeça o seu uso. É prudente interrompê-los quando os sintomas não melhoram de forma siguinificativa ou quando houver efeitos colaterais importantes. Relatos científicos, não confirmados até o momento, citam um possível comprometimento do desenvolvimento pondero estatural em crianças que fazem uso de psicoestimulantes; isto não os contra-indicam, porém, é importante que se realize monitorizações semestrais de peso e estatura e os evite nos feriados e períodos de férias. Periodicamente devem-se fazer reavaliações sobre o benefício da sua continuidade; uma boa medida é deixar a criança sem medicamento nos primeiros dias de aula e observar se esta falta prejudica sua performance.

As principais causas de falha terapêutica aos psicoestimulantes são diagnóstico incorreto de TDAH, comorbidades não investigadas, doses inadequadas, horários inadequados e efeitos colaterais não suportáveis.

Consultas médicas periódicas são importantes para orientações aos familiares além de propiciarem um útil intercâmbio de informações entre a escola e os profissionais. É fundamental que o médico esteja atento a novidades científicas; afinal, com a democratização da Internet informações verdadeiras e falsas têm circulado livremente e os familiares nem sempre têm o embasamento necessário para diferenciá-las.



3. Deficiência Mental (DM)
A deficiência mental não é uma patologia específica, é um conjunto de sintomas e déficits de funções cerebrais que podem apresentar-se isoladamente ou associar-se a diferentes tipos de patologias. O quadro caracteriza-se por uma inadequação intelectual – idade maturativa inferior a cronológica – originária no período de formação e desenvolvimento cerebral, que dificulta a inserção acadêmica e sócio-familar do indivíduo. As áreas mais comprometidas são aquelas que envolvem aprendizagem, comunicação, autos-cuidados e habilidades sociais. Os diversos estudos indicam que em 30 a 40% dos casos a etiologia da DM não é bem definida. Os 60% restantes relacionam-se a falta de estímulos ambiental, Embriopatias, Desnutrição Protéico-Calórica, Erros Inatos do Metabolismo, e doenças genéticas como S. do X frágil e S. de Down. .

O diagnóstico é realizado através de testes quantitativos de inteligência (Wisc, Binet-Simon, Terman-Merril) que visam o estabelecimento de um Quociente Intelectual (QI) que é a relação entre a idade mental e a idade cronológica. O QI normal é de aproximadamente 100 (idade cronológica - idade maturativa) .

Inteligência Limítrofe: QI entre 70 e 100
DM Leve: QI entre 50-55 a aproximadamente 70

DM Moderado QI entre 35-40 a 50-55

DM Severo: QI entre 20-25 a 35-40

DM Profundo: QI abaixo de 20

Os casos limítrofes e DM leve constituem 85% dos casos de DM, as crianças cursam inicialmente com discreto atraso do desenvolvimento neuropsicomotor principalmente com atraso ou dificuldades de linguagem. Geralmente são diagnosticados em idades mais tardias, quando passam a freqüentar a escola, período em que surgem as dificuldades de aquisição da leitura e de sociabilização com outras crianças. Possuem capacidade de alfabetização desde que bem estimulados, são profissionalizáveis, adaptam-se aos trabalhos manuais que não requerem raciocínio ou iniciativa. Os DM moderados são treináveis, podem adquirir hábitos de higiene e eventualmente atividade profissional supervisionada. Os DM severos e profundo geralmente são de etiologia orgânica, são os que mais comumente apresentam sintomatologia neurológica e condutas atípicas (pautas autistas).



Transtorno de Aprendizagem Escolar – Algoritmo diagnóstico
1. Relatório Escolar com informações sobre o perfil acadêmico e comportamental da criança.

2. História clínica : As principais características de TAE relacionado a doenças neurobiológicas são dificuldades persistentes de aquisição da leitura, principalmente após os nove anos de idade, antecedentes de a traso de aquisição ou transtornos da linguagem, sintomas relacionados à atenção, motricidade e memória, história familiar de doenças neurobiológicas como TDAH, Tourret, Autismo, Distúrbios da linguagem e Dislexia.

3. Exame físico geral

4. Exame neurológico evolutivo : análise de funções como atenção, percepção, memória, coordenação, praxia, escrita (organização, ortografia) e leitura (fluência e compreensão).

5. Avaliação da acuidade auditiva e visual.

6.Testes psicométricos para avaliar potencial cognitivo (psicólogo, neuropsicólogo)

7. Avaliação lingüística (fonoaudióloga)

8. Avaliação do Processamento Auditivo (processamento encefálico da audição)

9. DSM-IV, q uestionários de comportamento, respondidos por criança, professores e familiares.

10. Exames complementares: São indicados somente quando há suspeita de patologia orgânicas específicas que possam gerar sintomas cognitivos e comportamentais. Eletroencefalograma: Epilepsias que cursam com crises convulsivas sutis como Ausência, Parcial simples e complexa, crises durante o sono. Níveis séricos de hormônios tireoidianos: disfunção de tireóide. Erros inatos do metabolismo e Estudos cito-genéticos para síndromes específicas. Exames de Neuroimagem: distúrbios da linguagem e alterações motoras focais.



Conclusões
O melhor procedimento diagnóstico e terapêutico a ser adotado diante de uma criança com TAE é encaminhá-la para uma avaliação multidisciplinar procurando analisar todas as circunstâncias sociais, familiares e individuais que a rodeiam. É fundamental a compreensão que a patologia decorre de déficits de funções cerebrais básicas e que tais déficits repercutem-se sobre o comportamento e rendimento escolar da criança. Tanto as estratégias educativas como as medicamentosas devem ter o objetivo de amenizar os efeitos destes déficits.

Os profissionais que se dedicam a esta área devem dispor de tempo, paciência, conhecimento técnico, espírito de equipe e principalmente um sentido fraterno para compreender as angústias destes pacientes e seus familiares para assim orientá-los adequadamente.



Referência Bibliográfica
1.Diament A., Cypel S., Neurologia Infantil 2ª edição – L. Atheneu Editora, 1990.
2.Ratey. J.J. O Cérebro – Um guia para o usuário – Editora Objetiva, 2002.
3.Guyton Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica.Editora Interamericana Ltda 1997.
4.Galaburda M.A. From Reading to Neurons MIT Press January 1989
5.Galaburda M. A. The Languages of the Brain MIT Press Decembers 2002
6.6. Cypel S. A criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade:, São Paulo: Lemos Editorial, 2000
7.7. Pascual-Castroviejo I. TDAH Guia Prático Diagnóstico e Terapêutico: Madrid, Espanha: César Viguera Editora, 2002.
8.Clínicas Pediátricas da América do Norte – TDAH: Andrew M. Morgan, MD: Madrid, Espanha:Ed.Harcourt, AS, 1999.
9.Sell-Salazar F. TDAH – Rev Neurol 2003: 37 (4): 353-58
10.Bará-Jimenez S. – Perfil neuropsicológico e condutual de crianças com TDAH – Rev. Neurol 2003: 37 (7): 608-615
11.Barkley Russell A. - Uso de estimulantes e abuso de drogas em TDAH - Pediatrics Janeiro 2003 vol 11 nº 1 Pg. 97-109

Dislexia – Aspectos Neurológicos


Dislexia – Aspectos Neurológicos
Dr. Antônio Carlos de Farias

Médico Neuropediatra da Unidade de Neurologia Infantil do Hospital Pequeno Príncipe – UNIPP Professor Adjunto de Neurofisiologia do Centro Universitário Positivo – UNICENP.


Introdução

Já em seu sentido semântico, percebe-se que a Dislexia está intrinsecamente relacionada a um problema de Linguagem, particularmente Linguagem no sentido de Comunicação.

O disléxico apresenta dificuldades no nível mais primitivo da linguagem, o fonológico, o que lhe dificulta progredir para a forma mais complexa, a da compreensão simbólica – Leitura. Ele apresenta dificuldades de leitura porque interpreta mal as características sonoras dos símbolos gráficos (fonemas), reconhece com dificuldade esses sons quando estão integrados na palavra falada, tem dificuldade de compô-los em uma seqüência lógica para formar e reconhecer palavras novas.

A compreensão da função linguagem, seus mecanismos fisiológicos, a cronologia da formação e do desenvolvimento das estruturas anatômicas que a modulam e o reconhecimento precoce de suas disfunções são pré-requisitos fundamentais para entender e reabilitar pessoas disléxicas.

Linguagem – Aspectos anatomofuncionais Para que a criança desenvolva uma leitura fluída, com compreensão, e também consiga expressá-la através da linguagem verbal e escrita, seu cérebro deve possuir uma boa estrutura anatomofuncional. Isso envolve os sistemas sensorial, visual, auditivo e táctil, integrados com centros cerebrais que interpretam, organizam e coordenam uma resposta cognitiva motora, práxica, ocular, manual e articulatória da fala.

Todos os estímulos sensoriais, à exceção do olfato, são primariamente processados no tálamo, uma estrutura importante para seleção de estímulos que necessitam processamento rápido. A partir do tálamo, os estímulos são direcionados para áreas específicas localizadas no córtex cerebral cujas funções estão relacionadas à interpretação. Essas áreas interpretativas são mais desenvolvidas no lado dominante do cérebro (geralmente, o lado esquerdo das pessoas destras).

Os estímulos visuais são interpretados nas áreas de associação localizadas na confluência dos lobos temporal, parietal e occipital (giro angular). Esta área realiza o processamento gráfico da leitura. A integração do estímulo visual com o auditivo e a interpretação global da linguagem verbal e simbólica (leitura) ocorre na parte póstero-superior do lobo temporal (área de Wernicke). Uma lesão cerebral nessa área pode ocasionar um tipo peculiar de Dislexia, na qual o indivíduo é capaz de ver as palavras, saber que são palavras e, mesmo assim, não ser capaz de saber o seu significado. É na área de Wernicke que ele adquire consciência do significado daquilo que ouve e vê.

Uma vez processado na área de Wernicke, o estímulo é retransmitido para o córtex motor frontal (área de Broca), região responsável pela organização da resposta motora com a finalidade de executar a articulação da fala ou de retransmiti-la a outros centros motores para a execução dos atos manuais da escrita.



A Fig.1 resume as áreas cerebrais que os estímulos visual e auditivo percorrem quando o indivíduo está ouvindo e falando uma palavra ou lendo e proferindo uma palavra.

1a. Recepção na área auditiva primária (córtex Temporal) (seta vermelha)
1b. Recepção na área Visual primária (Córtex Occipital) (seta azul)
2. Processamento visual do símbolo gráfico no giro angular (seta azul)
3. Integração e interpretação dos estímulos visuais e auditivos na área de Wernicke
4. Ativação da área motora de Broca para fala ou escrita (seta preta)

Linguagem – Aspectos evolutivos-maturativos Todas as estruturas anatômicas previamente citadas, que participam da comunicação, passam por um processo de crescimento, desenvolvimento e organização ao longo do desenvolvimento infantil. À medida que esses processos vão ocorrendo, a criança vai aumentando paulatinamente o seu repertório de comunicação até chegar ao ponto de adequada prontidão neurológica para o aprendizado da leitura e escrita. É muito importante o conhecimento dessas fases fisiológicas. Muitos quadros “rotulados” como Dislexia são apenas fases normais do desenvolvimento da linguagem infantil. Segue uma relação simplificada da idade em que as estruturas estão “prontas” e a criança está apta a desempenhar as funções correspondentes:

0 a 1a :Desenvolvimento das vias auditivas sub corticais e tálamo cortical.
Fase pré-lingüística, uso da expressão facial e gestos para comunicação.
Lalação (sons sem significado), ecolalia (repetição da palavra sem entendê-la).

1 a 4 a:Desenvolvimento das vias córtico nucleares e vias de associação intra e
inter-hemisféricas. Fase lingüística.
Sistema Fonológico – Aumento progressivo da capacidade de discernir os sons e de produzi-los com objetivo de formar novas palavras e frases.
Sistema Semântico - Aumento progressivo da capacidade de compreender a fala e seu significado.
Sistema Pragmático – Aumento progressivo da capacidade de usar a linguagem com um sentido de comunicação social.

4 a 6 a:Estágio visual da leitura - análise visual do estímulo gráfico. A criança aprende a copiar.

5 a 7 a:Estágio fonológico da Leitura – Reconhecimento e processamento dos sons associados ao símbolo gráfico. A criança aprende a ler e a escrever de forma silabada.

7 a 9 a:
Estágio ortográfico da Leitura – Estágio de memorização e leitura da palavra inteira. A criança aprende a ler de forma fluída e com bom nível de compreensão.

Bases Genéticas da Dislexia Estudos clínicos e epidemiológicos sugerem uma base genética para a origem da Dislexia. Nos diversos estudos com indivíduos disléxicos, identificou-se história familiar em parentes de primeiro grau em 25 a 65% dos casos. Os estudos na área de Genética molecular tem identificado anormalidades cromossômicas evidentes nos cromossomos 6 e 15. O projeto Genoma humano já identificou os Genes DYX1, DYX2, DYX3, DYX4, relacionados a subtipos específicos de dislexias.

Bases Patológicas da Dislexia

As alterações gênicas previamente descritas condicionam a formação de um cérebro com alterações estruturais nos circuitos relacionados à linguagem. Essas alterações podem ter um caráter variado. Por exemplo, enquanto o córtex cerebral das áreas interpretativas tem seis camadas de células, sendo a primeira camada desprovida de células nas pessoas normais, nos Disléxicos existem as mesmas seis camadas, porém a primeira camada é provida de células, ou seja, nos Disléxicos, essas células estão em um local que não deveriam estar (ectopias). Elas chegam a esse local porque erram o caminho durante o período de formação cerebral, durante o estágio de migração neuronal entre o primeiro e segundo mês de gestação. Além de incorretamente localizadas, essas células geralmente estabelecem conexões inadequadas com outras células (microdisgenesias). Essas alterações também ocorrem na camada de neurônios magnocelulares do tálamo.

A organização defeituosa desses circuitos gera um déficit de função cerebral na área do tálamo relacionado ao processamento de informações rápidas (p. ex., visão durante a leitura, percepção de sons durante a conversação) e também dificuldades interpretativas por comprometimento do córtex cerebral – áreas interpretativas (giro angular, área de Wernicke).

Dislexia e Processamento Fonológico
As pessoas normais podem discernir as mais rápidas combinações de sons encontradas em uma palavra como, por exemplo, o som do “P” e do “A” na palavra “PA”, que estão separadas por um tempo aproximado de 10 milésimos de segundos. Os disléxicos com desordem do processamento fonológico (90% dos casos) necessitam de um tempo maior, aproximadamente 80 milésimos de segundo. Isto lhes acarreta um grave problema de leitura, uma vez que esta é aprendida pela combinação dos símbolos (letras) com os seus respectivos sons (fonemas). As dificuldades em superar o estágio fonológico da leitura também dificultam o progresso ao estágio ortográfico.

É importante ressaltar que, mesmo diante de todas estas dificuldades, os disléxicos geralmente mantêm a capacidade de processar a leitura, embora esta seja de aquisição lenta. Quando ela ocorre, o erro ortográfico continua com uma certa freqüência.

Dislexia e Processamento Visual

Apesar do processamento visual não ser um fator preponderante na causa da Dislexia, algumas anormalidades dessa função podem interferir com a habilidade da leitura. Um número menos freqüentes de disléxicos (aproximadamente 10%) apresenta problemas de leitura porque tem dificuldade de manter a imagem da palavra em seu campo visual. Ao praticar o ato da leitura, “varrendo” a página da esquerda para direita, as letras parecem tremular, as palavras parecem mexer, às vezes, desaparecem do campo visual, tornando difícil o seu processamento. Os estudos histopatológicos do Dr. Al Galburda, da Escola de Medicina de Harvard, demonstraram que esses indivíduos também apresentam um menor número de neurônios nas camadas magnocelulares do tálamo esquerdo. Alguns estudos têm demonstrado que esses pacientes podem beneficiar-se do uso de lentes oculares especiais (Lentes de Irlen).

Dislexia e Aspectos Sociais
Embora tenham inteligência, capacidade visual e auditiva normais, os disléxicos podem apresentar problemas de interação social por suas dificuldades de processamento rápido relacionadas à visão e à audição. Sua percepção pode ser distorcida como, por exemplo, entender mal uma conversação, assimilar mal pistas não verbais (linguagem corporal, expressão facial, tom de voz), ocasionando situações constrangedoras, mal-entendidos, rejeição e isolamento.

Dislexia e Plasticidade Cerebral

Estudos com Ressonância Magnética Funcional Encefálica, conduzida por Shoywitz, da Universidade de Yale, têm demonstrado que os disléxicos tendem a usar outras regiões do cérebro, como a área motora de Broca, para compensar os déficits nas regiões relacionadas à compreensão. Quando os disléxicos lêem, ocorre um aumento da atividade na área frontal esquerda (Broca) e uma diminuição da atividade na porção anterior (área de Wernicke), o contrário do que ocorre nos controles normais.

Dislexia – Como Diagnosticar?
1. Relatório Escolar

2. História clínica:
- Crianças com dificuldades persistentes de aquisição da Leitura, principalmente após os 9 anos de idade.
- Antecedentes de atraso de aquisição ou Transtornos da Linguagem
- História familiar de distúrbios da linguagem ou Dislexia.

3. Exame neurológico evolutivo: atenção, percepção, memória, coordenação, praxia, avaliação da escrita e leitura – fluência e compreensão.

4. Avaliação da acuidade auditiva e visual

5. Testes psicométricos para avaliar potencial cognitivo

6. Avaliação lingüística

7. Avaliação do Processamento Auditivo

8. DSM-IV, questionários de comportamento

9. Diagnóstico Diferencial: -
- Alfabetização ruim, estímulo ambiental deficiente.
- Atraso simples de aquisição da Linguagem.
- Transtornos da Linguagem (T. Articulatórios, Disfasia, T. Semântico-pragmático), (Landau Klefner).
- TDAH Desatento
- Deficiência Mental
- Autismo

Dislexia – Como tratar?
Não há um tratamento medicamentoso específico. Medicamentos podem ser indicados apenas para fatores associados, como Transtorno de Atenção e problemas comportamentais.

Não há, tampouco, uma terapia cognitiva única. O tratamento deve basear-se em medidas que favoreçam a plasticidade cerebral, caminhos cerebrais alternativos para o processamento da leitura.

Algumas crianças aprendem a ler mais facilmente amparadas pela fonética, outras aprendem melhor através de técnicas lingüísticas, em que as formas visuais complexas das palavras são aprendidas em contexto.

Crianças com dificuldades no estágio ortográfico beneficiam-se melhor das técnicas lingüísticas porque são instruídas a reconhecer a palavra inteira.

Crianças com dificuldades no estágio fonológico devem ser treinadas por técnicas fonéticas. Existem programas de computador com exercícios baseados no treinamento do cérebro para reconhecer mudanças rápidas de fonemas na fala normal. Um exemplo é o FAST FORWARD, programa já usado em escala comercial nos EUA. Também existem jogos infantis programados para diminuir o ritmo da fala e prolongar a duração dos sons, tornando mais fácil a compreensão dos fonemas. A terapia fonoaudiológica em cabine também é um importante recurso para reabilitação de disléxico com alteração do Processamento Auditivo.

Referência Bibliográfica

1.Diament A., Cypel S., Neurologia Infantil 2ª edição – L. Atheneu Editora, 1990.
2.John J. Ratey. O Cérebro – Um guia para o usuário – Editora Objetiva, 2002.
3.Guyton Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica.Editora Interamericana Ltda 1997.
4.Galaburda M.A. From Reading to Neurons MIT Press January 1989
5.Galaburda M. A. The Languages of the Brain MIT Press Decembers 2002

FONTE DE PESQUISA:
http://www.neuropediatria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=91:dislexia--aspectos-neurologicos&catid=58:dislexia&Itemid=147

maio 12, 2009

A Dislexia

A Dislexia A Dislexia Alisson Teles Cavalcanti

maio 10, 2009

PARA TODAS AS MÃES DO BLOG.

Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.