julho 21, 2010

Dislexia: distúrbio de aprendizagem.

Dislexia: distúrbio de aprendizagem.



Você sabia, que muitos dos maiores gênios tinham dislexia? Albert Einstein, Charles Darwin, Thomas Edson, Leonardo Da Vinci, entre tantos outros. Até o general francês Napoleão Bonaparte, o ex-presidente americano George Washington e o incrível produtor e criador Walt Disney.No cinema: Tom Cruise, Woopi Goldberg, Robin Williams…

Os disléxicos tem na grandíssima maioria das vezes nível intelectual normal, trata-se de um distúrbio de aprendizagem, uma disfunção.


Apresenta-se como dificuldades em ler, interpretar textos e apresentam escrita confusa. O ritmo de aprendizado é mais lento, troca-se letras parecidas visualmente ou foneticamente. Uma média de 15 a 17% da população é disléxica.

Entretanto é necessário estar alfabetizado pra poder notar se há dislexia. Também são necessárias avaliação fonoaudiológica, psicológica, psicopedagógica e neurológica. O diagnóstico preciso é feito por exames clínicos citados no vídeo desta matéria. Também indicamos as formas de tratamento.

Neste segundo bloco mostramos alguns casos de superação. Ao contrário do que se imagina leigamente, o disléxico não precisa ser isolado socialmente.
Entrevistamos pessoas que prestaram depoimentos emocionates e pessoais sobre o desenvolvimento com o distúrbio desde a infância, com sucesso na fase adulta. A dislexia não impediu Andrea de Callis a ser escritora. Rosemari Marquetti de Mello convive com a disfunção, inclusive a de seu filho e mesmo assim ela prestou vestibular, é formada em Psicologia e é Presidente da Associação Brasileira de Dislexia.

 



fonte de consulta: http://www.topblog.com.br/2010/index.php?pg=Busca&c_b=18112019

julho 13, 2010

Métodos de reeducação do disléxico


Dislexia: hipóteses teóricas e métodos de reeducação

Evanice Ramos Lima Barreto[*]
publicado em 03/07/2010



Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever os diferentes tipos de distúrbios de leitura, no que se refere à neuropsicologia do adulto e da criança, de acordo com os estudos apresentados por diversos autores e à luz de diferentes hipóteses teóricas surgidas a partir da fragmentação do conceito de dislexia. Dentro dessa perspectiva, serão definidas as dislexias adquiridas e as dislexias do desenvolvimento, bem como apresentados os principais métodos de reeducação do disléxico.

Palavras-chave: Dislexia, gênese da dislexia, distúrbio da leitura, reeducação do disléxico.

Abstract: This paper aims to describe the different types of reading disorders, with regard to the neuropsychology of adult and child, according to studies presented by several authors based on different theoretical assumptions arising from the fragmentation of concept of dyslexia. In this perspective, acquired dyslexia and developmental dyslexia will be defined and main methods of rehabilitation of dyslexic will be presented.

Keywords: Dyslexia, genesis of dyslexia, reading disorder, rehabilitation of dyslexic.

Introdução

Os distúrbios de aprendizagem da leitura sempre foram problemas preocupantes para a sociedade que, desde o final do século XIX, já empreendia sérias discussões e pesquisas em torno desses problemas, sua etiologia e possíveis soluções para os mesmos. O processo de aquisição da leitura e escrita requer certas habilidades cognitivas e perceptivo-linguístcas, como a integração auditivo-visual e a ordenação. A ausência dessas habilidades básicas, portanto é um indício de um desses distúrbios: a dislexia.
A dislexia se constitui um dos distúrbios de organização que pode afetar o indivíduo, impedindo-o de progredir no processo de aquisição da leitura e escrita, por isso ela está sempre associada a fracassos escolares. Sendo a dislexia causadora de tais fracassos, nas últimas décadas, professores, pedagogos, psicólogos, neuropsicólogos e outros especialistas têm se empenhado no estudo da etiologia, dos aspectos e dos critérios para o diagnóstico da dislexia, bem como na criação de métodos e técnicas de reeducação, a fim de minimizar ou solucionar os problemas de linguagem que a criança disléxica apresenta. As bases teóricas apresentadas por esses estudiosos divergem consideravelmente no que tange ao conceito e à gênese da dislexia, por isso são várias as concepções a respeito desse distúrbio.

O que é dislexia?

Dislexia, por ser um termo abrangente, tem causado muitas divergências entre os especialistas. Embora todos concordem que a dislexia se trata de uma insuficiência do domínio da leitura, podem ser consideradas duas acepções para esse termo: 1) a dislexia corresponde às dificuldades no aprendizado da leitura e escrita, originadas por fatores psicopedagógicos, deficiências sensoriais ou mentais ou fatores socioculturais; 2) a dislexia se refere às dificuldades de leitura e escrita observadas em indivíduos perfeitamente normais, sem problemas quaisquer de natureza pedagógica, neuropsicológica ou social.
De acordo com a World Federation of Neurology, a dislexia corresponde a uma dificuldade na aprendizagem da leitura, embora o aprendiz disponha de QI normal, certa instrução e condições socioculturais. Tal definição exclui, portanto, os indivíduos que apresentam problemas sensoriais ou psicológicos e que provêm de classes sociais desfavorecidas.
Há autores que fazem menção à dislexia-agrafia, a qual corresponde à capacidade que têm algumas crianças de operar e de memorizar, com erros, a união fonema-grafema. Bouvard afirma que a dislexia “é um atraso em leitura e/ou ortografia, de três anos ou mais, após os dez anos de idade mental: dois ou mais abaixo da mesma idade e os casos caracterizados por inversão de letras e sílabas” (BOUVARD apud AJURIAGUERRA, 1990, p.100). Sob um mesmo prisma, Vallet considera a dislexia uma falta de organização dos símbolos preceptivo-lingüísticos, em decorrência de imaturidade ou de disfunção neuropsicológica. Em seu trabalho, Vallet apresenta seis manifestações de comportamento característico da dislexia, resumidas por alguns pesquisadores: desorganização, inversões e “torções” de símbolos; disfunção da memória auditivo/visual sequencial; problemas na padronização rítmica de sons, rimas, palavras e sentenças; dificuldade de atenção focalizada; desordens de organização corporal, coordenação e integração sensorial; distorções associadas na cópia, na escrita e no desenho (VALLET, 1986, p.63-64).
Como se observa, Bouvard e Vallet apresentam definições mais amplas e pedagógicas para a dislexia. Ambos concordam que a dislexia corresponde a uma defasagem de leitura e escrita, apresentada por crianças em idade escolar, caracterizada por uma deficiência sintomática de natureza biológica.


Hipóteses explicativas

É evidente que não há um consenso no que se refere à definição da dislexia. Os estudiosos são unânimes apenas no que tange à sintomatologia desse distúrbio, porém, como existe uma diversidade de quadros clínicos, surgiram várias hipóteses explicativas da etiologia desse distúrbio, as quais são agrupadas em cinco correntes distintas: a organicista, a instrumental, a pedagógica, a afetiva, a sociocultural. Dessas cinco correntes, destacam-se as três primeiras.
Formada por neurologistas e neuropsicólogos, a corrente organicista tem como representantes Orton, Boder, Marshall e Newcombe. A ela se deve a descoberta dos distúrbios de leitura, o desenvolvimento de diversos modelos explicativos e de metodologias de exames conforme esses modelos. Sobre a etiologia, essa corrente promove três tipos de explicações teóricas: a das lesões cerebrais, a da origem hereditária e a do atraso de maturação cerebral.
De acordo com a primeira explicação teórica, o distúrbio resulta de uma ou mais deficiências na atenção, na memória e nos processos cognitivos, as quais teriam sua origem durante a vida uterina ou durante o aprendizado da leitura. Assim, desenvolvem-se, para o diagnóstico, baterias neuropediátricas, pesquisando a vida da criança nos períodos pré-natal, neonatal e perinatal. A segunda explicação distingue três tipos de dislexia, de acordo com a relação entre a idade léxica e a idade real do disléxico: dislexia maior, dislexia média e dislexia menor. Para o diagnóstico, realizam-se exames nos disléxicos, seus ascendentes e colaterais, a fim de distinguir os portadores dos distúrbios daqueles não-portadores. A teoria do retardo de maturação cerebral se baseia na coleta de dados comportamentais, através de testes vísuo-espaciais. Os distúrbios se originam, de acordo com essa teoria, de um atraso de lateralização cerebral, resultando num atraso na função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos lingüísticos.
Desestruturando a concepção unitária de dislexia, Marshall e Newcombe distinguem dois tipos de dislexia, em relação à neuropsicologia do adulto: a dislexia profunda e a dislexia superficial. Em relação à neuropsicologia infantil, Boder distingue subgrupos de dislexia: os disfonéticos, os diseidéticos e os disléxicos do tipo misto (GRÉGOIRE; PÉRIART, 1997).
Refletindo a concepção dos psicólogos escolares e fonoaudiólogos, a corrente instrumental tem como representantes Ajuriaguerra, Borel-Maisonny, Galifret-Granjon, Stambak, Vellutino, Ellis e Frith. Ela se caracteriza, principalmente, pela tentativa de definir e evidenciar fatores causadores da dislexia. De acordo com ela, as percepções visual e auditiva desempenham papel primordial na gênese da dislexia. Assim, ela propõe três critérios para o diagnóstico da dislexia: nível de leitura oral e ortografia da criança; presença de erros característicos da dislexia-disortografia e resultados dos testes instrumentais. Fragmentando o conceito de dislexia, essa corrente propõe também os modelos genéticos da leitura, apresentando alguns princípios e suposições: 1) o desenvolvimento da leitura se produz obedecendo a certa ordem; 2) as mudanças observadas no curso desse desenvolvimento são mais quantitativas; 3) a leitura e a escrita se apóiam mutuamente; 4) as dislexias do desenvolvimento não podem ser comparadas às dislexias adquiridas do adulto num contexto de acidente cerebral, visto que, naquelas, as perturbações seletivas de certas modalidades de tratamento não são observáveis.
Dentre os modelos genéticos, estão os de Marsh e cols. e os de Harris e Coltheard, compreendendo quatro estágios; os de Morton e os de Frith, compreendendo três estágios. De acordo com Frith, esses estágios são: o lalográfico, em que o indivíduo pode realizar a leitura, baseando-se em indícios visuais marcantes, comprimento e regularidade das palavras e seus contextos figurado e sintático; o alfabético, em que os fatores fonéticos são primordiais, pois é nele que indivíduo torna-se capaz de ler palavras desconhecidas, descobrindo a possibilidade de segmentação destas em unidades menores que a sílaba: os fonemas; o ortográfico, no qual se dá aos morfemas um tratamento analítico e sistemático, havendo uma interação entre as atividades de leitura-escrita e as capacidades que o indivíduo tem de abstração, construindo, assim, estratégias da leitura adulta.
Diversos modelos genéticos e comparativos surgiram simultaneamente, a partir da fragmentação do conceito de dislexia. De acordo com eles, existem três facetas consideradas, atualmente, imprescindíveis para que o indivíduo aprenda a ler: “a consciência fonética e a aptidão para segmentar o material verbal em unidades menores que a sílaba; a rapidez de denominação e de acesso ao léxico mental; a manutenção da informação fonética na memória de trabalho” (GRÉGOIRE; PÉRIART, 1997, p.31). Dessa forma, esses três fatores desempenham papel relevante nos distúrbios da leitura, visto que há uma forte ligação causal entre as capacidades fonológicas e o desempenho em leitura, ligação esta em que a consciência fonológica é de extrema importância para a aprendizagem da leitura em fase inicial.
Composta por professores e pedagogos, a corrente pedagógica se empenha na avaliação da leitura e propõe testes de simulações superficiais das operações de leitura. Seu principal representante é Lobrot. Segundo ele, a dislexia está estritamente ligada à relação do indivíduo com a cultura. Para demonstrar esse caráter cultural desse distúrbio, ele aponta três categorias de fatos: a) a dislexia se manifesta freqüentemente em meios culturais mais baixos, onde as pessoas geralmente têm atitudes desfavoráveis em relação à criança; b) geralmente a dislexia está relacionada às línguas de combinação, as quais possuem um sistema audiovisual em que os elementos gráficos representam, de maneira isolada, os fonemas, bem como um sistema ideovisual em que os grafemas significam as idéias e realidades; c) embora não seja a causa direta da dislexia, um pedagogia inadequada pode levar um indivíduo com QI inferior a adquirir esse distúrbio com mais facilidade (AJURIAGUERRA, 1984).
A dislexia é um distúrbio que pode atingir qualquer indivíduo, entretanto, segundo Jorm (1984), sua incidência tem sido maior em certos tipos de comunidade, geralmente aquelas em que o indivíduo apresenta problemas sociais e escolares, e cujas famílias são numerosas e não possuem status social.
Classificação das dislexias

As dificuldades em leitura e ortografia podem afetar o indivíduo de diferentes formas, visto que estes são processos muito complexos. Por isso os especialistas distinguem categoricamente dois tipos de dislexia: a dislexia adquirida e a dislexia do desenvolvimento. A primeira, geralmente mais observada em adultos do que em criança, é a perda da capacidade de ler e escrever através de dano cerebral (JORM, 1984, p.12); a segunda, mais observada em crianças, é a dificuldade na aquisição da leitura e escrita durante o processo de alfabetização.

As dislexias adquiridas resultam de lesões cerebrais e correspondem a diferentes prejuízos no processo de leitura e ortografia. Ellis (1985), baseando-se em uma distinção proposta por Shallice (1980), aponta dois tipos de dislexias adquiridas: as dislexias periféricas e as dislexias centrais. De acordo com ele, os prejuízos na percepção das letras nas palavras, ocasionados por transtornos em que o sistema de análise visual está afetado, são denominados dislexias periféricas. As dislexias centrais, por outro lado, correspondem às dificuldades de compreensão de material gráfico, oriundas de danos no processo e no sistema de análise visual. Ellis (1985) propõe uma subdivisão para as dislexias periféricas: dislexia por negligência, dislexia por atenção e leitura letra por letra. A dislexia por negligência é a incapacidade para identificar as letras iniciais das palavras, embora o indivíduo afetado tenha consciência da sua presença. Assim ele lê “lima” ao invés de “clima”, “falar” como “calar”, etc. A dislexia da atenção é característica do indivíduo que, ao encontrar várias letras em uma seqüência ou diferentes palavras numa frase, comete erros, fazendo com que as letras migrem de uma palavra para outra. Dessa forma, ao ver as palavras “bandido” e “carteira”, o indivíduo lê “bandeira”. Outra variedade da dislexia periférica é a leitura letra por letra, em que o disléxico, para ler uma palavra, necessita da identificação das letras isoladamente, convertendo-as em seus nomes ao invés de convertê-los em seus sons. Uma palavra como “você” será lida por ele da seguinte forma: “vê” “ô” “cê” “ê”, ao invés de [vo’se]. Por isso sua leitura é lente, monótona e sujeita a erros.

As variedades de dislexias centrais são agrupadas em quatro tipos: leitura não-semântica, dislexia de superfície, dislexia fonológica e dislexia profunda. A leitura não-semântica corresponde a um prejuízo no sistema semântico, apesar da preservação do sistema de análise visual e do nível do fonema. O indivíduo com esse problema apresenta incapacidade de compreensão do significado das palavras, embora apresente capacidade para converter as letras em sons, demonstrando, inclusive, a capacidade de fazer leitura de não-palavras. A dislexia de superfície corresponde a um distúrbio em que o indivíduo tende a tratar palavras conhecidas como se fossem novas, devido a uma má aplicação das regras de correspondência entre grafema-fonema (GRÉGOIRE; PIÉRART, 1997, p. 27-28), por isso ele converte cada palavra em fonema e pronuncia a seqüência de sons resultante. Para tanto, ele faz uso da via que liga o sistema de análise visual ao nível do fonema. A dislexia fonológica refere-se à incapacidade de ler palavras que não fazem parte do vocabulário do indivíduo ou de não-palavras em voz alta. Geralmente o disléxico fonológico apresenta danos no procedimento de leitura sublexical e, portanto, tem dificuldade de fazer uso do mesmo. A dislexia profunda é um tipo de distúrbio em que o indivíduo comete erros visuais, semânticos e de derivação. O indivíduo que apresenta tal distúrbio tem mais dificuldades para ler palavras abstratas como “dor”, “vida” do que palavras concretas como “bola” e “casa”. Além disso, ele também demonstra incapacidade de ler palavras não-familiares e palavras inventadas.

As dislexias do desenvolvimento correspondem às falhas em adquirir as habilidades de leitura e escrita durante o curso do desenvolvimento normal (JORM, 1985, p.12). Segundo Ellis (1985), elas se subdividem em duas categorias: a dislexia fonológica e a dislexia de superfície. A dislexia fonológica do desenvolvimento caracteriza-se por uma deficiência na decodificação fônica. Apesar da capacidade que o disléxico fonológico tem para reconhecer visualmente as palavras já conhecidas, ele demonstra incapacidade para ler palavras novas. Seus erros são, normalmente, de percepção visual, por isso ele lê “chuva” como “chave”, “ovo” como “uva”, etc. Este tipo de distúrbio corresponde ao que Boder (1971;1973) denominou dislexia disfonética. A dislexia de superfície do desenvolvimento é caracterizada por leitura lenta, através de um processo de análise e síntese. Geralmente o indivíduo com este tipo de problema só é capaz de ler palavras curtas e seu vocabulário visual é restrito. Seus erros mais comuns são as regularizações de palavras irregulares. Estes erros são também característicos do tipo de distúrbio que Boder (1971; 1973) denominou dislexia diseidética. Há autores que refutam ainda outro tipo de dislexia do desenvolvimento: a dislexia profunda, caracterizada por erros semânticos para palavras isoladas. Porém este tipo de distúrbio é raro, pois a maior parte das crianças disléxicas não apresenta manifestações de comportamento característico da dislexia profunda do desenvolvimento.


Métodos de reeducação do disléxico

A reeducação tem por objetivo suprir a incapacidade neurológica que o disléxico tem para reconhecer e distinguir as letras do alfabeto, bem como os sons que estas representam. Consiste, pois, em uma
atividade pedagógica planejada que se vale de técnicas e recursos organizados com o fim de ajudar certo tipo de leitor inábil a tornar-se hábil, quer reformando seus conhecimentos léxicos defeituosos, quer dando-lhes os que não conseguiu adquirir em razão das características que o definem como disléxico. (SANTOS: 1984, p.89).
Santos (1984) afirma, inclusive, que a criança disléxica deve ser alfabetizada através de um método mais fonético ou analítico-sintético, em que se priorize a correspondência grafema-fonema. Sobre esse aspecto, Ellis (1985, p. 123) salienta que “os métodos de ensino usados com os disléxicos tendem a colocar grande ênfase sobre a fonética (HORNSBY, 1985; NAIDOO, 1981). Isto é, eles dirigem ao que é, para muitos disléxicos, a maior área de dificuldades”. E mais adiante afirma
um leitor que adquire uma compreensão razoável da fonética está em uma melhor posição para fazer progresso, porque terá uma chance de identificar palavras encontradas por escrito pela primeira vez. O leitor que não possui um entendimento fonético apenas pode adivinhar ou indagar. (ELLIS: 1985, 123)
Entretanto, tendo como argumento o caso descrito por Campbell e Butterworth sobre uma estudante disléxica que, embora submetida ao método fonético não conseguiu progredir, Ellis conclui: “Pode ser que existam alguns disléxicos cujos déficits fonológicos são tão severos que nenhuma quantidade de instrução poderá permitir que desenvolvam e usem as correspondências sublexicais de letras-sons” (ELLIS: 1984, 123).
É evidente que cabe ao médico diagnosticar a dislexia na criança, porém o seu tratamento deve ser desenvolvido por educadores, em conjunto com psicólogos, médicos especialistas e pais. Para os casos de dislexia adquirida, faz-se necessário um tratamento específico, acompanhado por um especialista, de acordo com a deficiência apresentada pelo disléxico. Para os casos de dislexia do desenvolvimento, existem métodos específicos de reeducação criados por psiquiatras, neurologistas, psicólogos e professores, com a finalidade de conduzir o disléxico à aprendizagem da leitura e da escrita. Conforme Santos (1984), os métodos de reeducação mais conhecidos são: o método Gillingham, o método dinamarquês, o método combinado, o método de Kocher, o método de Bourcier e o método de Chassagny.
Criado pela psicóloga Anna Gillingham, este método, também chamado de método alfabético, baseia-se na associação da visão, audição e do movimento. Partindo do nome da letra, a criança deverá chegar ao som representado por esta. Inicialmente o reeducador apresenta, à criança, a letra tipo script e diz que o nome desta letra, o qual deverá ser repetido pela criança. Em seguida, o reeducado pronuncia o fonema e a criança repete. Após a aprendizagem do nome, do som e da grafia das letras, a criança aprende a associar as letras em sílabas e palavras. Posteriormente, a criança inicia a fase de soletração, em que deverá analisar palavras, decompondo-as em fonemas.
Criado pela fonoaudióloga Edith Norrie, o método dinamarquês ganhou caráter estritamente fonético com a finalidade de servir para o treino da fala e para exercícios de leitura e de ortografia. Ele parte da composição de palavras e sentenças através de letras móveis, impressas em cores: as vogais, em vermelho; as consoantes sonoras e surdas, respectivamente, em cinza e preto. À medida que a criança pronuncia o som correspondente a cada letra, ela pode observar, através de um espelho, o movimento de seus lábios e da sua língua. De acordo com esse método, o processo de reeducação envolve ditado, gramática e leitura, priorizando sempre o aspecto que se constitui a maior dificuldade do disléxico.
Criado por Borel-Maisonny, o método combinado apresenta como característica peculiar a associação som-gesto simbólico. Inicialmente são desenvolvidos exercícios de representação especial e noções de número, além da correção de qualquer defeito articulatório. Posteriormente o reeducador ensina o som das letras, o qual deverá ser pronunciado mediante gesto que simbolize a letra ou o som. Depois que a criança aprende a associar o som à letra que o representa, a simbolização gestual é abandonada.
De acordo com o método Kocher, o ensino das letras deve ser iniciado pelas vogais, as quais devem ser distinguidas das consoantes por uma cor diferente. Propõe, então, que se ensine, posteriormente, as consoantes fricativas e líquidas e, depois, as oclusivas, evitando-se trabalhar as consoantes “b” e “d” junto com as consoantes “q” e “p”, devido à semelhança gráfica, a qual poderá gerar confusões. Inicialmente o reeducador pronuncia o som da letra e depois apresenta a sua forma gráfica. O aluno deve observar as características gerais da pronúncia da letra, como pontos de articulação, presença ou ausência de sonoridade, nível em que as vibrações são percebidas. Posteriormente, para que a criança perceba a diferença entre as consoantes sonoras e as surdas, o reeducador deverá um quadro com a disposição das consoantes em duas fileiras horizontais, formando pares opostos.
De acordo com Ariette Bourcier, criadora do método Bourcier, a reeducação do disléxico deve partir da análise de estruturas mais simples para a análise de estruturas mais complexas, ou seja, do estudo de fonemas para o estudo de silabas, palavras, orações e estórias. Para tanto, o reeducador deve utilizar fichas de leitura para casa, com exercícios de permutação que servem para prevenir as inversões de letras. A criança, inicialmente, deverá fazer o reconhecimento das letras, uma a uma, ou a diferenciação entre duas letras ou fonemas que lhe geravam confusão. Posteriormente a criança deverá fazer o estudo de letras com diferentes modos de pronúncia, bem como de sons e sílabas mais complexas.
O processo de reeducação, de acordo com o método de Chassagny, desenvolve-se em duas etapas, a sessão com o reeducador e o desenvolvimento de atividades em casa. No primeiro momento do processo de reeducação, são desenvolvidos exercícios psicomotores no quadro-negro, no caderno e no livro, tendo por finalidade desenvolver a orientação espacial. No segundo momento, são aplicados exercícios de permutação de consoantes e vogais, com três e duas letras, a fim de desenvolver a habilidade de leitura e escrita. As consoantes oclusivas são apresentadas simultaneamente, através de sílabas como dra, bro, qui, bri. As fricativas também são apresentadas simultaneamente através de combinações como fa, vra, etc. As palavras constituídas por tais sílabas são apresentadas em seguida, para que o disléxico perceba as diferenças entre elas. Depois que o aluno apresenta domínio de vocabulário, dá-se início à conversação, em que se utilizam trechos de leitura e resumos orais de estórias. Para os casos mais graves de dislexia, é necessário recorrer a técnicas especiais, como os métodos vísuo-audiocenestésicos, em que, além do emprego da visão e da audição, empregam-se os movimentos; e os métodos vísuo-audiocenestésicos-táteis, em que o contato do dedo com o material a ser lido é fundamental.
A escolha deste ou daquele método depende da gravidade da dislexia e das características peculiares do disléxico, podendo, inclusive, haver variações de métodos. Dessa forma, cabe ao reeducador analisar as possibilidades de combinações e variações de métodos, de acordo com as deficiências do disléxico.


Conclusão
Tradicionalmente o termo dislexia era empregado apenas para designar as dificuldades no processo de aquisição da leitura. Porém, para se chegar à compreensão desse termo, atualmente, faz-se necessário considerá-lo em sentido amplo e em sentido estrito. Em sentido amplo, a dislexia designa qualquer dificuldade para ler e compreender a escrita, independente de sua etiologia: problemas psicopedagógicos, deficiências sensoriais ou mentais, etc. Tomada em sentido estrito, a dislexia denomina um tipo de distúrbio de leitura caracterizado por dificuldade específica na aprendizagem da identificação de símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência normal, integridade sensorial e disponha de ensino adequado. Na concepção de dislexia em sentido amplo, encontram-se as dislexias adquiridas, as quais resultam de danos cerebrais. Distinguem-se, então, de acordo com a área afetada no processo normal de leitura: dislexia por negligência, dislexia da atenção, leitura letra-por-letra, leitura não-semântica, dislexia de superfície, dislexia fonológica e dislexia profunda. Subjacentes ao conceito de dislexia em sentido estrito estão as dislexias do desenvolvimento. De acordo com a deficiência cognitiva apresentada, podem-se dinstinguir: dislexia fonológica do desenvolvimento e dislexia de superfície do desenvolvimento.


Os problemas de leitura que o disléxico apresenta correspondem ao resultado final de uma série de desorganizações que já se apresentavam em todas as funções básicas necessárias para o desenvolvimento da recepção, expressão e integração, subjacentes à função simbólica. O disléxico apresenta problemas que refletem no seu “mau desempenho” em leitura, a qual é lenta e difícil de progredir, devido à incapacidade de traduzir sons em símbolos gráficos. A leitura, assim, caracteriza-se por inversões de letras e sílabas, falta de pronúncia e ensurdecimento de consoantes, confusões entre letras cujas formas se assemelham e erros de transcodificação grafema-fonema. Vários métodos e técnicas foram propostos para a solução desses problemas, pois o disléxico necessita de tratamento especializado tanto quanto qualquer outro deficiente em linguagem. Para tanto, faz-se necessário o apoio dos pais e professores, aos quais devem encaminhá-lo ao tratamento, bem como colaborar nesse tratamento, a partir da escolha e aplicação do método mais adequado às deficiências do disléxico.

Referências
AJURIAGUERRA, L. de et al. A dislexia em questão: dificuldades e fracassos na aprendizagem da língua escrita. Trad. de iria M. Renaut de C. Silva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
ELLIS, Andrew W. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
GREGOIRE, Jaques; PIÉRART, Bernadette. Avaliação de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Trad. de M. Regina Borges. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
JORM, A. F. Psicologia das dificuldades em leitura e ortografia. Trad. de M. Cristina R. Goulart. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
SANTOS, Cacilda Cuba dos. Dislexia específica de evolução. São Paulo: Sarvier, 1984.
VALLET, Robert E. Dislexia: uma abordagem neuropsicológica para a educação de crianças com graves desordens de leitura. São Paulo: Manole Ltda. 1986.
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[*] Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia. Professora de Linguística da Faculdade de Ciências Educacionais.

Programas do InstitutoPrograma de Apoio Educacional e Profissionalizante



Programas do InstitutoPrograma de Apoio Educacional e Profissionalizante


Apoio na área de educação e formação profissional (Ajuda para Concurso, Curso, vestibular, etc.).

Programa de Apoio Cultural

Apoio para ações ligadas à área da cultura (Festival de música, Livros, CD, etc.).

Programa de Apoio de Assistência Social

Apoio na área de assistência social em geral

Programa de Apoio ao Esporte Para desportivo

Apoio para atletas e/ou equipes que desenvolvam atividades para desportivas (Custeio de atletas e equipes para participação em competições, treinamentos e compra de materiais esportivos entre outras ações de apoio)

Programa de Apoio Inter-Institutional

Apoio para entidades e instituições diversas

Programa de Apoio a Saúde

Apoio para atendimentos, encaminhamentos e assistência na área médica, laboratorial e farmacológica.

Programa de Distribuição de Cestas Básica e Kit de Higiene Pessoal

Apoio na área de alimentação e higiene pessoal, através de doação de cestas básicas e kit de higiene pessoal.

Programa de Acessibilidade

Desenvolvimento de atividades que visem à acessibilidade da pessoa com deficiência, por meio de transporte publica e alternativo, e outras ações que visem facilitar a acessibilidade para pessoas com deficiência, diante das barreiras arquitetônicas.

Programa de Inclusão Profissional

Desenvolvimento de atividades visando o encaminhamento de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho e seu desenvolvimento profissional.

Programa de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Conscientização Social

Desenvolvimento de atividades visando à defesa dos direitos da pessoa com deficiência e ações que busquem uma conscientização da sociedade, quanto às questões que envolvem as pessoas com deficiência.

DISLEXIA E AS HABILIDADES BÁSICAS.



Nem todos os disléxicos desenvolvem os mesmos dons, mas eles certamente possuem algumas funções mentais em comum.


  
Seguem as habilidades básicas de que todos os disléxicos compartilham:

 
  • São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar percepções (a habilidade primária).
  • São altamente conscientes do meio ambiente.
  • São mais curiosos que a média.
  • Pensam principalmente em imagens em vez de palavras.
  • São intuitivos e capazes de muitos insights.
  • Pensam e percebem de forma multidimensional (utilizando todos os sentidos).
  • Podem vivenciar o pensamento como realidade.
  • São capazes de criar imagens muito vívidas.

 Algumas das características mais comuns, segundo Fernanda Maria (2007):

 - A criança é inteligente e criativa – mas tem dificuldades em leitura, escrita e soletração.

- Costuma ser rotulado de imaturo ou preguiçoso.

- Obtém bons resultados em provas orais, mas não em avaliações escritas.

- Tem baixa auto-estima e se sente incapaz.

- Tem habilidade em áreas como arte, música, teatro e esporte.

- Parece estar sempre sonhando acordado.

- É desatento ou hiperativo.

- Aprende mais facilmente fazendo experimentos, observações e usando recursos visuais.

Visão, leitura e soletração:

- Reclama de enjôos, dores de cabeça ou estômago quando lê.

- Faz confusões com as letras, números, palavras, seqüências e explicações verbais.

- Quando lê ou escreve comete erros de repetição, adição ou substituição.

- Diz que vê ou sente um movimento inexistente quando lê, escreve ou faz cópia.

- Parece ter dificuldades de visão, mas exames de vista não mostram o problema.

- Lê repetidas vezes sem entender o texto.

- Sua ortografia é inconstante.

Audição e linguagem:

- É facilmente distraído por sons.

- Tem dificuldades em colocar os pensamentos em palavras. Às vezes pronuncia de forma errada palavras longas.

Escrita e habilidades motoras:

- Dificuldades com cópia e escrita. Sua letra muitas vezes é ilegível.

- Pode ser ambidestro. Com freqüência confunde direita e esquerda ou acima e abaixo.

Matemática e gerenciamento do tempo:

- Tem problemas para dizer a hora, controlar seus horários e ser pontual.

- Depende dos dedos ou outros objetos para contar. Muitas vezes sabe a resposta, mas não consegue demonstrá-la no papel.

- Faz exercícios de aritmética, mas considera difícil problemas, com enunciados.

- Tem dificuldade em lidar com dinheiro.

Memória e cognição:

- Excelente memória a longo prazo para experiências, lugares e rostos. No entanto têm memória ruim para seqüências e informações que não vivenciou.


Por outro lado, alguns disléxicos apresentam o lado artístico bastante aguçado e outros com o pensamento científico muito desenvolvido. Como exemplo disso, há uma enorme lista de personagens geniais apresentados como disléxicos, tais como: Da Vinci, Michelangelo, Van Gogh, Pablo Picasso e atores célebres, como Whoopi Goldberg, Robin Williams e Tom Cruise que, assumindo ter dislexia, utiliza um recurso para memorizar as falas. Que é de ler o texto, gravar a própria fala e depois decorar auditivamente.


A dislexia pode e deve ser tratada para que não haja maiores conseqüências. Já que o disléxico pode apresentar grande timidez, podendo até desenvolver quadro depressivo. O tratamento é com base na estimulação do cérebro para que entenda as letras de forma correta, na qual os fonoaudiólogos estimulam a leitura através de jogos com letras e sílabas. O diagnostico precoce geralmente é realizado através de uma equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, etc.), que é de grande importância para que a criança tenha uma melhora no seu aprendizado, não sofra problemas como baixa auto-estima e socialização, podendo assim ter uma vida mais normal possível.





Keira Knightley: apresentou sinais de dislexia na infância.

Obstáculos




A carreira artística ameaçou não decolar quando, na infância, Keira apresentou sinais de dislexia. Mesmo sem recorrer a médicos, remédios ou hospitais, e contando com o apoio da família, conseguiu superar o problema durante a adolescência. Prova disso é que, aos 16 anos, interrompeu os estudos para dedicar-se exclusivamente à TV e ao cinema. Os boatos de qu e Keira sofre de distúrbios alimentares se fixaram de uma maneira tão forte à imagem dela que a atriz chegou a ser processada, pelos pais de uma adolescente inglesa que teve a doença.

O casal alegou na Justiça que a filha se inspirou na aparência física de Keira e, para conseguir ficar tão magra quanto ela, simplesmente parou de comer. Depois da polêmica envolvendo o caso, Keira Knightley foi declarada inocente pela Corte britânica. “Tenho muita experiência com anorexia na minha família. Minha avó e minha bisavó já tiveram a doença, além de várias amigas minhas na época da escola. Então, não acho que isso seja uma coisa com a qual se deva brincar”, já declarou à imprensa internacional.

Fernanda Young: Como superou a dislexia?


Ela recebeu o repórter Guilherme Samora para responder às perguntas dos leitores, enviadas ao site de QUEM.

Guilherme Samora

....3- Como superou a dislexia?


Kelly Campos, São Paulo (SP)

Fiz um tratamento de cinco anos na infância. Agradeço minha mãe por nunca ter feito eu acreditar que era burra. Era difícil no colégio. Não conseguia segurar no lápis, não guardava a diferença de letras, como S e Z. Eu sabia que era escritora e defendo que sou boa, pois meu exercício de escrever nunca foi natural.

4- Por que você prefere comédia para a TV e dramas para livros?

Carolina Veronez, Suzano (SP)

A comédia na TV vem muito do Alexandre (Machado, marido de Fernanda e parceiro nos textos para a televisão), que gosta de fazer as pessoas rirem. Na literatura, apesar de reconhecer que há humor nela, eu sou muito desesperada com o verbo. Meus assuntos são sempre intensos. Me incomoda, não gosto de ser uma escritora do mal-estar. Mas é o que sei fazer.

5- Vi um comercial na TV em que você diz que queria se matar aos 17 anos. Isso é verdade?

Sandra Pires, São Paulo (SP)

Tinha um descaso muito grande com a vida. Talvez até por causa de minhas diferenças. Fui uma criança incomum, uma adolescente incomum. Isso cansa. Eu já desisti disso, muito pelo fato de ter tido filhos. Mas não me escandaliza alguém que se mata. É triste saber que alguém não conseguiu se adaptar.

6- Você diz que era rebelde desde criança. O que seus pais achavam disso?

Fábio Dias de Mendonça, Rio de Janeiro (RJ)

Minha mãe sente muito orgulho de mim e ensinou o que é melhor para uma filha, que é a honestidade. Mas, para ela, sou um choque até hoje. Ela não fica extremamente feliz com o que falo por aí. Volta e meia, ela para de falar comigo (risos). ....

Dislexia dificulta a leitura e escrita e traz prejuízos para a aprendizagem


Revista Época


O ator Tom Cruise sofre com o problema. Outras personalidades que vão do físico Albert Einstein à escritora Agatha Christie e o pintor Pablo Picasso também tiveram de se adaptar. Todos eles são exemplos de pessoas atingidas pela dislexia, um distúrbio de leitura e escrita que acomete cerca de 15% das crianças em idade escolar. A disfunção não tem cura, até porque não é considerada uma doença. A boa notícia é que, assim como seus pares famosos, o disléxico pode aprender a controlar e encontrar formas de lidar com essa dificuldade que, em muitos casos, vai acompanhá-lo pelo resto da vida. Outro detalhe: muitos adultos convivem com o problema sem nunca descobrir o que os faz ler devagar ou o porquê dos constantes erros de português, encarando como seu ponto fraco.

O diagnóstico de dislexia é por exclusão. Por isso, não é tão fácil determinar se uma criança tem o distúrbio. O disléxico tem inteligência normal e não apresenta outras disfunções neurológicas (problemas mentais), sensoriais (surdez ou visão) e emocionais (depressão).

Em geral, durante o processo de alfabetização, as crianças apresentam sinais como trocar letras com sonoridade semelhante como "p" e "q" ou "d" e "b". É comum também a inversão de palavras — trocar prato por pato, por exemplo —, de segmentação (escrever "em bora" em vez de "embora"). Dificuldades para juntar sílabas, na leitura e na memorização de textos, também são comuns.

Por conta desse processo, a criança pode ter problemas em todas as matérias. Além disso, ler em voz alta ou escrever se torna uma tortura para o aluno. "Todas as crianças disléxicas criam uma resistência à leitura. Elas fogem de material impresso", explica a psicopedagoga Silvia Amaral, do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento (CAD). "Além disso, elas se consideram incapazes e escrevem pouco", completa.

Para o fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi, diretor do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (Cefac), o trauma diante da leitura e da escrita pode ser grande. "As crianças disléxicas são sensíveis e percebem que não estão correspondendo às expectativas da família", diz. "Um sinal importante para os pais é a mudança de comportamento dessa criança. De repente, ela não se recusa a ler e escrever", lembra o especialista.

O publicitário Eduardo de Almeida Tosello, de 25 anos, é um exemplo de como ler pode se tornar um problema para o disléxico. Até os 19 anos, Tosello não sabia que tinha dislexia, mesmo passando por vários médicos. "Sempre tive dificuldades, mas não entendia o motivo", conta. "Tinha medo de ler em público e horror a emprestar meu caderno para alguém. Quando descobri que era disléxico e comecei o tratamento foi um alívio", afirma. Com o tratamento, Tosello também aproveitou para seguir carreira na sua área preferida: Comunicação Social. "Achava que o problema era comigo e me cobrava muito por isso. Todas as pessoas seguem um caminho para ler ou escrever e tive de entender que a minha linha de pensamento é outra", completa.

As escolas ainda são as maiores responsáveis pelo encaminhamento de crianças com dislexia para os especialistas. Segundo Zorzi, isso também vai depender da unidade. "Algumas escolas têm tolerância zero. Se a criança não acompanha, já manda para o tratamento", afirma. "Outras são mais tolerantes com crianças que têm um aprendizado mais lento. E, muitas vezes, não se trata mesmo de dislexia", avalia.

Para os pais, algumas manifestações da dislexia podem ser percebidas em casa e não apenas na sala de aula. Zorzi cita algumas, como a dificuldade em acompanhar o programa escolar, a falta de perseverança para superar dificuldades e também evitar situações de leitura e escrita.

Unifesp pesquisa software - O setor de Fonoaudilogia, juntamente com o Departamento de Informática para Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vai desenvolver um software capaz de ajudar no diagnóstico precoce de pessoas que sofrem com a dislexia. Segundo Clara Brandão de Ávila, professora-adjunta de Distúrbios da Comunicação Humana, da Unifesp, o programa vai servir de apoio na identificação do distúrbio de leitura. "O programa grava e analisa a leitura da criança", explica Clara. "Com isso, o computador vai nos mostrar, por exemplo, que tipo de palavras ela erra mais e qual rota ela usa na leitura", completa.

A informática é encarada como uma das melhores ferramentas de apoio no diagnóstico da dislexia também na escrita. A Unifesp trabalha em um projeto inicial no desenvolvimento de outro programa específico para essa área. De acordo com Clara, um software europeu já é usado na análise de textos. A idéia agora é adaptar a mesma regra ao Brasil.

Até agora, os pesquisadores ainda não determinaram as causas da dislexia. Uma das hipóteses é de que as pessoas com esse distúrbios tenham pequenas alterações neurológicas, algo semelhante ao que determina, por exemplo, a dificuldade para o cálculo ou raciocínio espacial presente em algumas pessoas. Mesmo assim, já se sabe que a dislexia tem ligação com a hereditariedade. Crianças disléxicas, muitas vezes, têm pais, tios ou avós com o problema.

Segundo Clara, alguns sinais na fase pré-escolar também podem ser indícios do problema, mas o diagnóstico é mais difícil, como dificuldades em separar sílabas e lidar com os sons na fala.

Orlando Bloom faz palestra sobre dislexia

Notícias


Matéria publicada na Revista Quem Online

25 de Maio de 2010
Orlando Bloom faz palestra sobre dislexia


Ator deciciu falar de sua experiência com o distúrbio para ajudar crianças e adolescentes

Orlando Bloom decidiu falar sobre sua experiçencia como portador de dislexia em uma palestra gratuita em Nova York, de acordo com o site "Female First".

O ator de "Piratas do Caribe", de 33 anos, aprendeu a superar as dificuldades da prendizagem desde a infância e ganhou uma bolsa de estudos no British American Drama Academy, antes de ir estudar teatro na Escola de teatro Guildhall, em Londres.

Ele, que namora a modelo Mirada Kerr , irá compartilhar suas experiências sobre a doença com o público em um debate com o Dr. Harold S. Koplewicz , dia 2 de junho, no Centro de Estudos da Criança, da Universidade Rockefeller.

A palestra, intitulada "Dislexia e Criatividade: Dois lados da mesma moeda", tem o objetivo de sensibilizar educadores, profissionais de saúde mental e os pais de crianças portadoras da doença.

Link da Revista Quem Online

CURSO BÁSICO SOBRE DISLEXIA - JULHO 2010


CURSO BÁSICO SOBRE DISLEXIA - JULHO 2010


19 a 24 de Julho 2010

Ficha de Inscrição Contrato de Inscrição Preços



PROGRAMA COMPLETO - 6 DIAS - 50 horas - 24 Palestras

Grade sujeita a alteração

Data Hora Palestras

19 JUL 10 - 2ª. FEIRA 08h00 Credenciamento

09h00 Abertura e Histórico da ABD

Rosemari Marquetti de Melo, presidente voluntária da ABD

Maria Ângela Nogueira Nico, fonoaudióloga e psicopedagoga

09h15 Apresentação do Curso

Márcia Maria Barreira, psicóloga e coordenadora do curso

Tânia Maria de Campos Freitas, psicopedagoga e coordenadora do curso

09h30 Coffe Break

10h00 Estágios Maturacionais da Criança

Dra. Sylvia Liana Cartolano, médica pediatra

11h30 A Constituição da Personalidade

Marisa Martins de Oliveira, psicóloga

13h00 Almoço

14h30 O Cérebro e suas Funções

Dr. Fernando Nório Arita, médico neuropediatra

16h00 Intervalo

16h30 Aquisição da Leitura e Escrita

Cinthia W. Sá , fonoaudióloga

18h00 Saída



20 JUL 10 - 3ª. FEIRA 09h00 Alterações Gerais da Leitura e da Escrita

Tânia Maria de Campos Freitas, psicopedagoga

10h30 Coffe Break

11h00 A Base Neurobiológica da Dislexia

Profa. Dra. Sylvia Maria Ciasca, psicóloga

12h30 Almoço

14h00 A Dislexia em Foco

Maria Ângela Nogueira Nico, fonoaudióloga e psicopedagoga

15h30 Intervalo

16h00 Quadro Sintomático da Dislexia

Márcia Maria Barreira, psicóloga

17h30 Saída



21 JUL 10 - 4ª. FEIRA 09h00 Classificação da Dislexia

Dra. Cíntia Alves Salgado, fonoaudióloga

10h30 Coffe Break

11h00 Atenção e Memória

Luciana de Carvalho Monteiro, psicóloga

12h30 Almoço

14h00 Funções Executivas

Cristiana Castanho A. Rocca, psicóloga

15h30 Intervalo

16h00 Avaliação Neuropsicológica

Márcia Maria Barreira, psicóloga

17h30 Saída



22 JUL 10 - 5ª. FEIRA 09h00 Avaliação Fonológica e Psicopedagógica

Maria Ângela Nogueira Nico, fonoaudióloga e psicopedagoga

10h30 Coffe Break

11h00 Tratamento Psicopedagógico

Tânia Maria de Campos Freitas, psicopedagoga

12h30 Almoço

14h00 A Informática na Intervenção Psicopedagógica

Silvia Amaral de Mello Pinto, psicopedagoga

15h30 Intervalo

16h00 Tratamento Fonoaudiológico

Cínthia Cristina Aranha Wilmers de Sá, fonoaudióloga

17h30 Saída



23 JUL 10 - 6ª. FEIRA 09h00 Vivência da Alfabetização através do Método Multissensorial

Áurea Maria Stavale Gonçalves, psicóloga e psicopedagoga

Maria Ângela Nogueira Nico, fonoaudióloga e psicopedagoga

10h30 Coffe Break

11h00 Estratégias Específicas de Leitura

Silvana Chatagnier Borges Perez, psicopedagoga

12h30 Almoço

14h00 A Poesia como Estratégia de Produção de Textos

Edith Chacon Theodoro, professora

15h30 Intervalo

16h00 A inclusão do Disléxico em Sala de Aula

Prof. Mário Ângelo Braggio

17h30 Saída



24 JUL 10 - SÁBADO 09h00 Dislexia e a Legislação Brasileira

Dr. Ricardo Bandeira de Mello, advogado e diretor voluntário da ABD

10h30 Coffe Break

11h00 Acolhendo o Disléxico e sua Família

Julieta Al Makul Durce, psicóloga

12h30 Almoço

14h00 Mesa Redonda

Equipe Científica da ABD

15h30 Intervalo

16h00 TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

Marcia Maria Barreira, coordenadora do curso

Tânia Maria de Campos Freitas, coordenadora do curso

17h30 Saída

Ficha de Inscrição Contrato de Inscrição Preços

Notícias : ABD apoia evento em Mogi das Cruzes sobre Dislexia.

julho 07, 2010

Psiquiatria e Psicologia: A Nova Ciência da Dislexia.

20/07/2003










Christine Gorman



Quando Sean Slattery, 17 anos, olha para uma página de texto, ele consegue ver as letras. Ele sabe dizer os nomes das letras. Ele até mesmo sabe dizer que sons aquelas letras representam. Mas freqüentemente demora um pouco para o articulado estudante colegial de Simi Valley, Califórnia, dizer que palavras aquelas letras formam. "Eu vejo uma parede", disse ele. "Eu vejo um obstáculo que tenho que superar". Algumas palavras são mais fáceis para Sean determinar do que outras. "Eu entendo palavras maiores, como 'eletricidade'", disse ele. "Mas tenho dificuldade com as menores, como 'quatro' e 'ano'".



Slattery tem dislexia, uma desordem de leitura que persiste apesar de um bom ensino e inteligência normal ou acima da média. É uma deficiência que afeta 1 em cada 5 crianças em idade escolar. Mas a exata natureza do problema tem escapado dos médicos, professores, pais e dos próprios disléxicos desde que ela foi descrita pela primeira vez há mais de um século. De fato, é tão difícil para os leitores normais imaginarem como é não ser capaz de compreender sem esforço a palavra impressa que eles geralmente suspeitam que o problema verdadeiro é preguiça, teimosia ou incapacidade dos pais orgulhosos de reconhecer que seu filho ou filha não é tão inteligente.



O mistério -e talvez parte do estigma- pode estar finalmente começando a ser solucionado. Quanto mais os pesquisadores aprendem sobre a dislexia, mais eles compreendem que não se trata de falta de capacidade, mas sim de um problema biológico -particularmente no cérebro. Não, as pessoas com dislexia não apresentam dano cerebral. Imagens do cérebro mostram que eles são perfeitamente normais, quando não extraordinários. Na verdade os disléxicos parecem ter uma vantagem distinta quando se trata de pensar de forma diferente.



Mas uma crescente quantidade de evidências científicas sugerem que é uma falha no sistema neurológico de transmissão dos disléxicos que torna a leitura extremamente difícil para eles. Felizmente, a ciência também aponta novas estratégias para superar esta falha. Os programas mais bem-sucedidos se concentram no fortalecimento da aptidão do cérebro de vincular as letras aos sons que representam. (Mais adiante falaremos sobre a razão da importância disto.) Alguns estudos sugerem que o tipo certo de instrução ministrado desde cedo pode reconfigurar o sistema neurológico no cérebro de forma tão ampla que a falha desaparece totalmente.



As novas descobertas podem até mesmo estar começando a mudar as políticas públicas. Quando o governo americano lançou uma iniciativa de educação em 2001 chamada "Nenhuma Criança Deixada para Trás", seus administradores deixaram claro que os recursos seriam repassados apenas aos programas de leitura baseados em evidências sólidas, como as reveladas pela pesquisa da dislexia. "Na educação, é nova a idéia de que há evidências de que alguns programas são mais eficazes do que outros", disse Sally Shaywitz, uma neurocientista de Yale que escreveu um novo livro fascinante, "Overcoming Dyslexia" (superando a dislexia, Alfred A. Knopf; abril de 2003), que detalha a mais recente pesquisa de escaneamento do cérebro -grande parte feita no laboratório dela. "A boa notícia é que realmente entendemos os passos de como você se torna um leitor e como você se torna um bom leitor", disse ela.



Neste processo, uma série de mitos sobre a dislexia foram implodidos. Você já pode ter ouvido, por exemplo, que se trata de inverter as letras, escrevê-las ao contrário. Errado. Praticamente todas as crianças fazem cópias invertidas de letras enquanto aprendem a escrever, apesar dos disléxicos fazerem isto mais vezes. Você pode acreditar que mais meninos são disléxicos do que meninas. Errado de novo. Os meninos apenas são notados com mais freqüência porque costumam manifestar mais a sua frustração. Você pode achar que a dislexia pode ser superada com o crescimento. Este é talvez o mito mais prejudicial, porque leva os pais a retardarem a procura pelo ensino especial necessário para impedir que seus filhos fiquem muito para trás. "A maioria dos estudantes que são identificados com desordem de aprendizado o são entre as idades de 11 a 17 anos", disse Robert Pasternack, secretário assistente para Educação Especial e Serviços de Reabilitação. "E aí já é muito tarde". Eles ainda podem aprender a ler, mas sempre será difícil.



Isto não quer dizer que os disléxicos não possam ter sucesso apesar de sua deficiência. Na verdade, os disléxicos estão representados em excesso nas altas posições das artes, ciências e administração de empresas. Talvez porque seus cérebros possuam uma configuração diferente, os disléxicos geralmente são bons solucionadores de problemas, apresentando soluções com abordagens novas ou surpreendentes, e realizando saltos conceituais que deixam os pensadores seqüenciais, passo a passo, comendo poeira. Eles falam sobre serem capazes de ver coisas em Technicolor 3D ou como em um jogo de xadrez multidimensional. Talvez sua luta inicial com a leitura os prepare melhor para lidar com a adversidade de um mundo volátil, em constante mudança.



Mas a dificuldade apresenta dois lados. Os disléxicos também estão representados em excesso na população carcerária. Segundo Frank Wood, professor de neurologia da Universidade Wake Forest em Winston-Salem, Carolina do Norte, novas pesquisas mostram que as crianças com dislexia apresentam maior probabilidade do que os não disléxicos de abandonarem a escola, se afastarem dos amigos e familiares ou tentarem suicídio.



O que está em jogo nunca foi tão alto. No momento nos Estados Unidos há quase 3 milhões de estudantes em classes de ensino especial especificamente porque não conseguem ler. A maioria deles provavelmente é disléxico. Mas há outros alunos com dificuldade de leitura que simplesmente são ignorados -perdidos em meio a salas de aula lotadas ou tratados como se tivessem problemas disciplinares. A menos que uma ação corretiva seja tomada, a autoconfiança deles geralmente é minada à medida que vêem outros estudantes progredindo. Ainda pior, seus pares podem ridicularizá-los ou condená-los ao ostracismo -uma situação que Judy, a mãe de Sean Slattery, conhece muito bem. "Sean chorava por quatro horas todo dia após voltar do jardim de infância", disse ela. "Ele ficava muito infeliz".



Os pesquisadores ainda não sabem tudo o que há para saber sobre as dificuldades de aprendizado. A dislexia, por exemplo, pode consistir de vários subtipos. "Seria perigoso presumir que todas as crianças com problemas de leitura sejam iguais e apresentem os mesmos obstáculos que as impeçam de aprender a ler", disse Mel Levine, um pediatra e autor de vários livros influentes sobre desordens de aprendizado e dislexia, incluindo "A Mind at a Time" (uma mente de cada vez). Mas seja qual for a natureza exata da deficiência, a busca por respostas começa com a palavra escrita.



Quando você pensa a respeito, o fato das pessoas conseguirem ler é uma espécie de milagre. A leitura exige que seu cérebro reajuste seus processadores visuais e de fala de forma que símbolos artificiais, como as letras em um pedaço de papel, sejam vinculados aos sons que representam. Não basta simplesmente ouvir e compreender as palavras diferentes. Seu cérebro precisa desmembrá-las nos sons que as formam, ou fonemas. Quando você "vê" a palavra escrita "gato", seu cérebro deve "ouvir' os sons /g/ ... /a/ ... /t/ ... /o/ e associar o resultado com o animal doméstico.



Diferentemente da fala, que qualquer criança sem problema de desenvolvimento eventualmente aprende imitando outros que falam, a leitura deve ser ensinada ativamente. Isto faz sentido do ponto de vista da evolução. Os lingüistas acreditam que a palavra falada tenha entre 50 mil e 100 mil anos de idade. Mas a palavra escrita -e consequentemente a leitura- provavelmente existe há não mais que 5 mil anos. "Isto não é tempo o bastante para nossos cérebros evoluírem certas regiões apenas para tal propósito", disse Guinevere Eden, uma professora de pediatria da Universidade de Georgetown em Washington, que também usa escaneamentos do cérebro para estudar a leitura. "Nós provavelmente estamos usando toda uma rede de áreas no cérebro que originalmente foram desenvolvidas para fazer algo ligeiramente diferente". Como Eden coloca, o cérebro está trabalhando em um emprego adicional -e alguns das falhas resultantes precisam ser corrigidas.



Para compreender de que tipo de falhas estamos falando, ajuda saber um pouco como o cérebro trabalha. Os pesquisadores há muito estão cientes de que as duas metades, ou hemisférios, do cérebro tendem a se especializar em tarefas diferentes. Apesar da divisão de trabalho não ser absoluta, o lado esquerdo é particularmente apto para o processamento de linguagem enquanto o direito é mais voltado para a análise de informações espaciais. A especialização não pára aí. Dentro de cada hemisfério, regiões diferentes do cérebro realizam uma análise ainda maior de várias tarefas. Assim a leitura de um soneto, pegar uma bola ou o reconhecimento de um rosto exigem uma interação complexa de uma série de regiões diferentes do cérebro.



Grande parte do que os neurocientistas sabem sobre o cérebro veio do estudo de pessoas que se submeteram a cirurgias no cérebro ou que sofreram danos cerebrais. Claramente, esta não é a forma mais conveniente de aprender sobre o cérebro, especialmente se você quer saber mais sobre o que é normal. Mesmo fotos altamente detalhadas, obtidas com as mais avançadas máquinas de imagens de raio X realçadas por computador, revelam apenas a anatomia básica do órgão, não como as várias partes trabalham juntas. O que os pesquisadores precisavam era de um scanner que não sujeitasse os pacientes à radiação e que mostrasse que partes do cérebro estão mais ativas nos pacientes saudáveis quando realizam várias tarefas intelectuais. O que era necessário era um avanço tecnológico.



Tal avanço ocorreu nos anos 90 com o desenvolvimento de uma técnica chamada imagem de ressonância magnética funcional (IRMf). Basicamente a IRMf permite aos pesquisadores ver quais partes do cérebro estão recebendo mais sangue -e consequentemente estão mais ativas- em qualquer instante desejado.



Os neurocientistas usaram a IRMf para identificar três áreas do lado esquerdo do cérebro que têm papéis-chave na leitura. Cientificamente, estas áreas são conhecidas como o giro frontal inferior esquerdo, região temporo-parietal esquerda e região temporo-occipital esquerda. Mas para nós, é melhor pensar nelas como "produtor de fonema", "analisador de palavra" e "detector automático". Nós descreveremos estas regiões na ordem em que são ativadas, mas você estará mais próximo da verdade se pensar nelas trabalhando simultaneamente, como as seções de uma orquestra tocando uma sinfonia.



Usando a IRMf, os cientistas determinaram que os leitores principiantes dependem mais do produtor de fonema e do analisador do palavra. O primeiro deles ajuda a pessoa a dizer as coisas -silenciosamente ou em voz alta- e realiza algumas análises dos fonemas encontrados nas palavras. O segundo analisa as palavras mais amplamente, as dividindo nas sílabas e fonemas que as formam e vinculando as letras aos seus sons.



À medida que os leitores ganham prática, acontece algo interessante: a terceira seção -o detector automático- se torna mais ativo. Sua função é formar um repertório permanente que permite aos leitores reconhecer as palavras familiares assim que as virem. À medida que os leitores progridem, muda o equilíbrio da sinfonia e o detector automático passa a predominar. Se tudo correr bem, a leitura eventualmente se tornará sem esforço.



Além do circuito neurológico apropriado, a leitura exige boa instrução. Em um estudo publicado na atual edição da "Biological Psychiatry", Shaywitz e colegas identificaram um grupo de pessoas com má leitura que não eram disléxicas clássicas, já que seus produtores de fonemas, analisadores de palavras e detectores automáticos estavam todos ativos. Mas as três regiões estavam ligadas mais fortemente aos processadores de memória do cérebro do que aos centros de linguagem, como se as crianças tivessem passado mais tempo memorizando as palavras do que compreendendo seu significado. A situação é diferente nas crianças com dislexia. Os escaneamentos de cérebro sugerem que uma falha em seus cérebros as impede de ganhar acesso facilmente ao analisador de palavras e ao detector automático. No ano passado, vários estudos com IRMf mostraram que os disléxicos tendem a compensar o problema ativando excessivamente o produtor de fonemas.



Aqui está finalmente uma evidência física de que o problema central na dislexia é dobrado. Primeiro, como muitos especialistas em dislexia há muito suspeitavam, há uma dificuldade inerente para extrair o sentido dos fonemas. Segundo, como o reconhecimento das palavras não se torna automático, a leitura se torna lenta e trabalhosa. Este segundo aspecto, a falta de fluência, não tem sido amplamente considerada fora da comunidade de pesquisa.



Imagine ter que lidar com cada palavra que você vê como se nunca a tivesse visto antes, e você começará a entender. Isto é exatamente o que Abbe Winn de Atlanta percebeu que ocorria com sua filha, Kate, agora com 9 anos, no jardim de infância. "Eu percebi que quando a professora dela passava uma lista de palavras para soletrar, ela tinha muita dificuldade", disse Abbe. "Nós estudávamos a palavra e, cinco minutos depois, ela não tinha mais nenhuma idéia do que era".



O que muitos pais gostariam de saber é o que pode ser feito a respeito. Felizmente, o cérebro humano é particularmente receptivo à instrução. Caso contrário a prática nunca levaria ao aperfeiçoamento. Pessoas diferentes respondem a abordagens diferentes, dependendo de sua personalidade e a natureza de sua deficiência. "Os dados que temos não apontam para um único programa que seja superior aos demais", disse Shaywitz. Mas os programas mais bem-sucedidos enfatizam os mesmos elementos centrais: prática no uso dos fonemas, formação de vocabulário, aumento da compreensão e melhoria da fluência na leitura.



Este tipo de instrução não deixa nada ao acaso. "Na maioria das escolas a ênfase é no aprendizado de leitura de sentenças pelas crianças", disse Gina Callaway, diretora da Schenck School em Atlanta, que é especializada no ensino de alunos disléxicos empregando o método Orton-Gillingham. "Aqui nós temos que ensiná-las a reconhecer sons, depois sílabas, e então palavras e sentenças. Há muita prática e repetição". E uma boa quantidade do que as crianças chamam de truques, ou regras, de leitura. Uma boa rota em particular para a fluência é a prática de leitura em voz alta com um bom leitor que possa gentilmente corrigir os erros. Desta forma o cérebro forma as associações corretas entre as palavras e os sons desde o início.



Não há motivo para achar que o sistema de escolas públicas, apesar de sua infinidade de problemas, não esteja à altura da tarefa. Mas é um fato triste, particularmente em instituições maiores e carentes de verbas, que muitas crianças escapem pelas frestas. Os pais podem se ver obrigados a manter a pressão sobre o distrito escolar da criança.



Infelizmente, alguns tiveram que impetrar processos para obter resultados. Em casos extremos, os pais podem ser reembolsados pelo ensino privado, como duas decisões unânimes da Suprema Corte, em 1985 e 1993, deixaram claro.



Ajuda explorar os interesses dos alunos. Para Monique Beltran, 13 anos, de Los Angeles, a virada ocorreu com o jogo de computador Pokémon. "Eu tive que ler para mudar de fase", disse ela. O jogo de computador também mostrou para Monique o valor da leitura além da lição de casa, e ela está devorando ansiosamente o mais recente livro de Harry Potter.



Como você poderia esperar, agir desde cedo resulta nos melhores resultados. Mas por décadas a maioria das escolas não consideraria um ensino especial para uma criança até ela ter perdido pelo menos um ano. Isto pode estar mudando. O Congresso está considerando uma legislação que eliminaria a necessidade de aparecimento de uma discrepância na performance da criança antes dela receber um diagnóstico de dislexia.



O ideal seria todas as crianças serem avaliadas no jardim de infância, para minimizar o atraso educacional e preservar a autoconfiança. Como você sabe que alguém tem dislexia antes dele ou dela aprender a ler? Certos comportamentos -como dificuldade para rimar palavras- são boas pistas. Posteriormente você poderá notar se sua criança está memorizando livros ao invés de lê-los. A observação da professora do jardim de infância de que seu filho ou filha está tendo dificuldade com a leitura pode indicar a hora de entrar em ação.



Se tratada desde cedo, a dislexia da criança pode ser revertida? As evidências são promissoras. Em seu livro, Shaywitz informa que os escaneamentos de cérebro de crianças disléxicas do jardim de infância e da primeira série que se beneficiaram de um ano de instrução especializada, começaram a parecer com os de crianças que nunca tiveram dificuldade para ler.



Isto não significa que os mais velhos precisam se desesperar. Os escaneamentos de cérebro de Shaywitz de disléxicos adultos sugerem que eles podem compensar, explorando o poder de processamento do lado direito do cérebro. Só não espere que o que funciona com as crianças pequenas funcione com os adultos. "Se você tem 18 anos e está prestes a se formar e não tem consciência dos fonemas, esta pode não ser sua maior prioridade", disse Chris Schnieders, diretor de treinamento de professores do Frostig Center em Pasadena, Califórnia. "É um pouco tarde para começar do básico a esta altura".



A tecnologia pode ter um papel de apoio. Alguns disléxicos suprem sua leitura com livros em gravações de áudio. (De fato, em 1995 a organização "Gravações para Cegos" mudou seu nome para Gravações para Cegos e Disléxicos em reconhecimento ao fato.) Como a condição deles afeta a capacidade de escrever tanto quanto a de ler, um número crescente de disléxicos está buscando programas de reconhecimento de voz para ajudá-los na preparação de seus trabalhos, memorandos e relatórios. Dois pequenos estudos mostraram que o programa também pode estimular a capacidade de ler. "Nós encontramos melhora no reconhecimento de palavras, na compreensão da leitura e na ortografia", disse Marshall Raskind, diretor de pesquisa do Frostig Center. Ele suspeita que a capacidade de dizer, ouvir e ver palavras quase simultaneamente fornece um bom treinamento para o cérebro.



Mas não há soluções rápidas. Os alunos disléxicos geralmente precisam estudar mais horas do que aqueles que lêem naturalmente. Mas os resultados velem a pena. Na sétima série, Sean Slattery mal conseguia ler no nível da primeira série. Agora, após quatro anos no Frostig Center, ele quase já alcançou o nível em que deveria estar. Em maio, na sua terceira tentativa, Slattery passou no exame final do colegial na Califórnia.



Esta é outra coisa sobre os disléxicos: eles aprendem a perseverar. Agora Slattery está de olho em uma carreira como soldador submarino. "Há muita leitura envolvida" no curso e nos manuais de instrução, disse ele. "Mas eu estou ansioso para começá-lo". A palavra escrita não vai mais detê-lo.



Com reportagem de Paul Cuadros/ Chapel Hill, Greg Land/Atlanta, Sean Scully/ Los Angeles e Sora Song/Nova York



Tradução: George El Khouri Andolfato



IMPORTANTE

• Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.

•As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos possuem apenas caráter educativo

FONTE DE CONSULTA: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/6084

julho 01, 2010

Dislexia: Distúrbio ou Talento?

 
Eu defendo e acredito na nova visão da dislexia, de que ela pode ser vista como um talento e não um distúrbio, e que apesar de estudos e pesquisas apresentarem a dislexia como um distúrbio de origem orgânica, a meu ver é uma alteração genética que pode beneficiar o indivíduo caso ele receba os estímulos corretos. É imprescindível buscar esse talento, e oferecer ao disléxico as condições propícias para que ele tenha um bom desenvolvimento intelectual e emocional. Acredito que ao adotar esta nova visão da dislexia, além de proporcionar ao disléxico uma forma mais adequada de aprender, as escolas e o mercado de trabalho ganharão indivíduos talentosos, criativos e que serão capazes de usar todo o seu potencial explorando melhor sua inteligência.


Davis (2001) aceita que a dislexia é uma dificuldade na aquisição e desenvolvimento da leitura, escrita e soletração. Porém, vê a dislexia como um dom, um talento inato, uma habilidade natural. Existem ainda aqueles que podem vir a ser superdotados, com capacidade intelectual singular, criativa, produtiva e de liderança.


Davis (2001) encontrou na história da humanidade diversos gênios e pessoas famosas que foram disléxicos. Entre eles estão Albert Einstein, Walt Disney, Charles Darwin, Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Agatha Christie, Cher, John Lennon, Whoopi Goldberg e Tom Cruise. Concordo com Davis de que esses gênios não surgiram apesar da dislexia e sim por causa dela.

Além da compreensão e o apoio da família, o papel da escola é de extrema importância no desenvolvimento do disléxico.

Na escola os professores devem reconhecer, estimular, e incentivar as habilidades e talentos do disléxico. Ao oferecer essas motivações, os professores vão reconstruir a auto-estima da criança e fazer com que ela aprenda e produza usando sua capacidade intelectual.

Para o Psicopedagogo, empregar um plano de trabalho individualizado e comprometido com o sucesso em todos os âmbitos (escolar, emocional e social), pode estimular a inteligência do disléxico, otimizando seus talentos e sua auto-estima.

Postado por Wanda Malhotra Cucé às 19:32

FONTE DE PESQUISA: http://construindotalentos.blogspot.com/2010/06/dislexia-disturbio-ou-talento.html

A dislexia é uma dificuldade na leitura, escrita e soletração de palavras, frases e textos .


Especiais e inteligentes

A dislexia é uma dificuldade na leitura, escrita e soletração de palavras, frases e textos que pode comprometer seriamente a evolução escolar de crianças acometidas pelo distúrbio (veja infografia). Normalmente, o disléxico tem atraso na aquisição da linguagem, é propenso a trocar letras na hora de falar, apresenta dificuldades em assimilar as cores, números em sequência e memorização de músicas. A aversão a livros e a tudo relacionado à escrita é inevitável, pois, para os disléxicos, essa representação da linguagem nada mais é do que uma grande sopa de letrinhas.


A fonoaudióloga Alice Sumihara explica que o transtorno pode ser diagnosticado somente depois da alfabetização. Para confirmar um caso de dislexia é preciso uma investigação criteriosa realizada por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo. O diagnóstico é fechado depois da exclusão de outros fatores, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais congênitas ou adquiridas e desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar. No Brasil existem cerca de 15 milhões de crianças e jovens com dislexia.

Não existe um padrão, mas as vítimas desse distúrbio geralmente são excelentes em artes plásticas, música e matemática. O nível de inteligência é, no mínimo, na mesma média apresentada pela população em geral. “Albert Einstein, físico alemão que propôs a Teoria da Relatividade e conquistou o Prêmio Nobel de Física em 1921, era disléxico. Em anos de experiência, nunca avaliei um disléxico que não tivesse uma inteligência superior”, garante Alice Sumihara, que também é psicóloga.

A dislexia pode variar de leve a severa. “Em casos raros, a pessoa jamais conseguirá ser alfabetizada. Já nas situações em que ela se apresenta de forma moderada ou leve, desde que acompanhados e tratados, os disléxicos conseguem desenvolver mecanismos para driblar as dificuldades e levar uma vida acadêmica normal. Muitos se formam e são profissionais extremamente bem-sucedidos”, garante.

Independentemente do grau em que se apresenta, a dislexia sempre abala a criança psicologicamente. “É tudo muito confuso para a vítima desse transtorno. Os disléxicos têm baixa autoestima, julgam que são incapazes e fogem de tudo relacionado à escrita. Ao mesmo tempo, eles desenvolvem outras habilidades muito bem e entram em conflito por conta disso”, explica a psicóloga infantil Vânia Jughartha Bonna.

MÁRCIA NERI CORREIO BRAZILIENSE

FONTE DE PESQUISA: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2952607.xml&template=4187.dwt&edition=14984§ion=1210

A ciência pouco sabe sobre a dislexia.


Atinge três entre 30 alunos

A ciência pouco sabe sobre a dislexia. Por enquanto, estudos evidenciam que o problema é hereditário, mas nada foi comprovado sobre alterações fisiológicas no cérebro dessas pessoas. “Na verdade, o caminho percorrido para a decodificação do processo de leitura no cérebro é que é diferente para os disléxicos”, completa Vânia. Não existem ainda exames específicos que detectam o problema e há demora em fechar o diagnóstico.



A dislexia não é uma doença, mas precisa ser tratada por profissionais especializados. A fonoaudióloga Alice Sumihara observa que de 10% a 17% da população têm esse distúrbio. “Em uma classe de 30 alunos, pelo menos três apresentam algum grau de dislexia”, lamenta.


FONTE DE PESQUISA:
http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2952608.xml&template=4187.dwt&edition=14984§ion=1210

Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.