junho 24, 2010

DISLEXIA - UM ESTRANHO NO OUTRO LADO DO PAPEL .

REFERÊNCIA: VOLPI, SANDRA MARA. Dislexia - Um estranho no outro lado do papel. Curitiba: Centro Reichiano, 2003. Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/





Quiçá em outro tempo, a criança incapaz para a leitura suportasse ver-se colocada no pelotão dos incompetentes e coroada com orelhas de burro; mas designarem-na, de golpe e pancada, com uma palavra apenas pronunciável ao disléxico médio, e apontarem-na com o dedo como vítima de um defeito constitucional insuperável, é suficiente para lançar o mais resoluto aprendiz de leitor a uma total inibição. Como evitar então sentir-se parte de uma categoria reservada a indesejáveis, aos que somente falta pôr muletas para que tentem chegar a uma penosa leitura, e a isto dêem o nome de vida? (TOMATIS, 1979, p. 34).
Quando se fala em dislexia, ainda é muito comum que as pessoas reajam de imediato, dizendo:
 “O que é isso? Já ouvi falar, mas não sei o que significa...” Tais comentários partem inúmeras vezes, também, de profissionais ligados diretamente à área da psicologia, da medicina, da educação, e não somente de pessoas que poderiam meramente estar “mal informadas”. Na realidade, a desinformação a respeito da dislexia ainda é comum. Talvez comum demais... Eu mesma não me lembro de ter ouvido sequer uma vez alguém falando em dislexia durante a minha graduação como psicóloga. Hoje penso que “das duas, uma”: ou eu não prestei a devida atenção às aulas ou ninguém tocou no assunto mesmo. Talvez não importe saber, porque o que ficou para trás, ficou.
Talvez o que realmente importe, hoje, seja buscar a mudança de toda uma cultura, que não se restringe apenas à área da saúde e da educação, mas a toda a sociedade, que, muitas vezes sem querer, ainda vem negligenciando uma questão tão importante quanto a compreensão da dislexia. Fiquei muito surpresa, dia desses, ao ver que num programa bastante popular, da maior rede de TV brasileira, um dos assuntos em pauta foi a dislexia, com direito à apresentação de entrevistas gravadas e ao vivo com vários disléxicos e suas famílias e à presença do presidente da Associação Brasileira de Dislexia – ABD. Emocionou-me ver e ouvir o depoimento de um garoto de dez, doze anos, dizendo que poderia não ser tão bom nesse “negócio” de ler e escrever, mas que no campo das idéias, ele tinha muitas... soou-me quase como um apelo por compreensão. Voltei no tempo, para quando eu mesma não sabia o que era dislexia e estava em meio à aventura de realizar a minha primeira avaliação psicopedagógica.
Tive o privilégio de, nessa época, ser orientada pela psicóloga e psicopedagoga Úrsula Simons, que me ajudou a compreender a pessoa que eu tinha na minha frente, e a não me deter numa síndrome, num obstáculo, numa dificuldade. Essa viagem no tempo motivou-me a escrever novamente sobre a dislexia, que se tornou para mim objeto de estudos durante anos após esse primeiro encontro. Realmente não é fácil definir a dislexia. Uma vez que toda a nossa aprendizagem escolar está baseada na leitura e na escrita, em geral, as conceituações de dislexia recaem sobre termos excludentes, ou seja, é mais fácil definir a dislexia pelo radical “dys”: pela dificuldade que os disléxicos apresentam em ler e em compreender a leitura.
O termo provém do grego, sendo que dys significa “dificuldade” e lexis, leitura. Ainda fico desconfortável com o fato da conceituação da dislexia passar muito mais pelo campo do que ela não é, do que pelo que ela realmente é. Já fiquei muito mais desconfortável com isso no passado e hoje procuro entender que essa postura tem haver


com a nossa dificuldade em compreender tudo que foge à norma, ao padrão, ao que nossos olhos estão acostumados a ver. E sei que isso não se relaciona, de forma alguma, com exclusividade à dislexia. Faz parte da couraça do “Zé Ninguém”, de quem Reich nos falou, tentar escapar de tudo que não compreende, pois assim evita deparar-se com suas próprias limitações. A verdade é que a dislexia tem sido estudada desde o século retrasado, uma vez que se tornou impossível negligenciá-la em meio ao crescimento da escolarização, decorrente da necessidade de se preparar indivíduos para o trabalho industrial. Mas isso na Europa, nos Estados Unidos, onde a dislexia se destacou como um “mal marginal”. Sua marginalidade consistia no fato de que os disléxicos concentravam-se na intersecção de duas classes: a dos estudantes ditos “normais” e a dos portadores de alguma espécie de deficiência.

Nesta posição, os disléxicos ou bem permaneciam sentados nos bancos escolares, geralmente sem compreender o que acontecia consigo mesmos, e muitas vezes taxados por colegas, professores e familiares como preguiçosos, indolentes, etc., ou simplesmente acabavam por desistir da escolarização, considerando-a impossível, dada a sua dificuldade. E, saindo da escola, tornavam-se um problema social, para o qual os governantes não poderiam fechar os olhos, bem como toda a sociedade. Para nós, brasileiros, essa cena não parece distante. Ainda que nosso problema não esteja unicamente focado na dislexia, nossa realidade é a da marginalização dos excluídos da escola. Entra governo, sai governo e a educação continua sendo problema. Mas esta é uma outra questão, que renderia um novo artigo.

No Brasil, por muitos anos, a dislexia permaneceu, por assim dizer, diluída em meio a outros problemas como a desnutrição, a evasão escolar causada pela necessidade do trabalho infantil, o despreparo dos professores, entre vários outros. Nem dentro nem fora da escola, durante anos, a dislexia destacou-se como dificuldade de aprendizagem (vale dizer, pelo meio de aprendizagem ao qual estamos acostumados, que é a leitura). E por que ela tem surgido ultimamente? Voltaremos a essa questão mais adiante.
 Compreender o que significa “dislexia” é de fundamental importância, tanto para quem vive a dislexia, quanto para quem se propõe a buscar prevenção, solução ou adaptação para ela, e também para a população, de um modo geral. Concordando com Rita Rudel (1988: 39), pode-se seguramente dizer que
...“a dislexia continua a estar mal definida na mente do público em geral, e inclusive na dos médicos.” Isso há mais de dez anos... Infelizmente, o mesmo se aplica aos dias de hoje. Falemos então um pouco mais sobre como a dislexia tem sido vista e definida ao longo dos anos. L. Eisenberg, citado por MacDonald Critchley, define a dislexia como: “... uma situação na qual a criança é incapaz de aprender a ler com uma facilidade adequada, apesar de possuir uma inteligência normal, sentidos intactos, instrução adequada e motivação normal.” (EISENBERG, s.d. apud CRITCHLEY, 1966, p. 12) Critchley (1966, p. 22) postula ainda, a respeito da dislexia:
 Dentro da heterogênea comunidade de leitores lentos (leitores atrasados) existe uma síndrome específica na qual apresenta-se uma dificuldade particular na aprendizagem do significado convencional dos símbolos verbais e na associação do som com o símbolo. Esses casos caracterizam-se, tem-se dito, por sua gravidade e sua exclusividade (pureza). São “graves” dado que a dificuldade transcende o mais comum atraso na leitura e o prognóstico é mais sério a menos que se adotem medidas especiais na terapêutica educacional. São “exclusivos” (puros) enquanto as vítimas estão livres de defeitos mentais, sérios traços neuróticos primários e déficits neurológicos em geral. Esta síndrome de dislexia de evolução é de origem constitucional e não ambiental e freqüentemente, talvez sempre, determinada geneticamente. É improvável que seja produto de uma lesão cerebral, mesmo mínima, produzida no parto. É independente do fator inteligência e em conseqüência pode aparecer em crianças de Q.I. normal, enquanto que se destaca notavelmente no grupo daqueles que estão acima do nível médio. (...) Do mesmo modo podem ou não estar envolvidos outros sistemas de símbolos, como por exemplo, os matemáticos ou as notas musicais. A síndrome produz-se mais freqüentemente nos meninos. A dificuldade na aprendizagem da leitura não se deve a anomalias visuais periféricas, mas representam um defeito de nível mais alto — em outras palavras —, uma assimbolia. Robert Valett (1992, p. 5) amplia o conceito para além das fronteiras da leitura, citando a definição de dislexia como “... uma síndrome complexa de deficiências neuropsicológicas associadas que pode compreender perturbações na orientação, no tempo, na linguagem escrita, na soletração, na memória, na percepção auditiva e visual, e em atitudes sensoriais.” Para Drake Duane (1988, p. 24) ... a dislexia de desenvolvimento relaciona-se com a redução desigual, constitucional e às vezes familiar, na proporção e qualidade da aquisição e uso da destreza na linguagem escrita. Este transtorno pode acompanhar-se de um mal funcionamento, anterior ou coexistente, da linguagem oral. Podem apresentar-se também, ainda que às vezes não existam, outros problemas de manipulação simbólica, juntamente com o desenvolvimento desordenado dos conceitos de tempo e espaço. Até aqui, os conceitos apresentados relacionam-se à idéia de deficiência, de habilidade não alcançada. Portanto, pode-se dizer, através de tais conceitos que a dislexia não é ler com fluidez, não é ter compreensão do que se lê, não é aprender a manipular adequadamente símbolos, não é desenvolver uma noção coerente de tempo e espaço. Mas será que há outras formas de se definir a dislexia? Para Alfred Tomatis (1979, p. 19), a definição de dislexia é simplesmente “...aprendizagem laboriosa da leitura”. Ron Davis (1997) postula que “... a dislexia não é o resultado de danos cerebrais ou nervosos. Nem é causada por uma malformação do cérebro, do ouvido interno ou dos globos oculares. É o produto de um modo especial de pensamento e uma reação natural à confusão. Antes da invenção do idioma escrito, não existia nenhuma dislexia. As pessoas com o dom da dislexia provavelmente eram os guardiães da história oral, por sua excelente habilidade para memorizar e transmitir a palavra falada. É próprio dos disléxicos perceberem mais e formularem conceitos mentais mais rápido que outras pessoas. Superam nas artes, na arquitetura, na engenharia, na estratégia e na invenção. Podem perceber imaginação como realidade. Esta forma de pensamento intuitivo é o fundamento de sua genialidade. É um modo não-verbal de pensamento, que pode causar dificuldade na aprendizagem do idioma escrito.” Completamente diferente de outras definições, esta, cujo autor é, ele próprio, disléxico, dá uma visão das características da dislexia que a torna uma classe especial e, na visão de Davis, um “dom”.
E, agora, retomemos a questão: por que o interesse pela dislexia parece estar se tornando mais evidente nos últimos tempos? Arrisco algumas hipóteses: o ensino particular tem exigido cada vez mais de seus alunos, uma vez que se tornou comum a competição entre colégios para ver quem aprova mais no vestibular. E disléxicos, muitas vezes, são atropelados por essa “máquina” de fazer universitários (o que não significa fazer graduados nem bons profissionais, diga-se de passagem. Mas essa também é outra questão, para outro artigo...). Assim, ou se dá um “jeito” qualquer na dislexia, ou se a exclui, porque alunos assim não engordam as porcentagens de aprovados no vestibular. Com isso, os profissionais diretamente ligados a esses alunos – professores, pedagogos, psicólogos, psicopedagogos – começaram a estudar mais e a falar mais sobre a dislexia. Uma outra

hipótese é caractereológica. Dia a dia tornam-se mais comuns os comprometimentos precoces por que pode passar um ser humano, ou seja, na visão reichiana, cada vez mais estamos ficando “enroscados” na fase ocular, na fase do contato. E leitura e escrita tem tudo a ver com contato, com comunicação, assim como a compreensão do que se lê relaciona-se à capacidade que se desenvolve na primeira infância de compreender as mensagens maternas. Segundo Navarro (1995), o funcionamento do ser humano deve ser compreendido a partir da distinção entre a vida embrionária, a vida fetal, a vida neo-natal e a vida pós-natal. Em cada uma delas, o ser humano está exposto ao estresse, que poderá, em menor ou maior escala, atingir o funcionamento do indivíduo como um todo. Isto se dá por uma questão energética, tal qual defendida por Reich. No período embrionário e fetal, há dois tipos de energia: a energia autógena, que é concernente ao zigoto, ao óvulo fecundado; e a energia trofoumbilical, que é transmitida de mãe para filho através do cordão umbilical. O nível de energia investido pela mãe à própria situação da gestação, seja através dos cuidados que dispensa à sua saúde e à saúde de seu bebê, seja pela aceitação da gravidez, seja através das condições de vivência da mesma são fundamentais para o desenvolvimento do novo ser. Navarro (1995, p. 26) diz: As situações de estresse na vida embrionária atingem os genes. Na vida fetal, por mediação da mãe, elas atingem principalmente a pele, o aparelho auditivo e o circulatório. O feto pode ter uma simpaticotonia induzida pela mãe. O próprio recém-nascido está sempre exposto a situações de estresse que atingem os cinco sentidos: tato, audição, visão, olfato e paladar. Ouvido e olhos, órgãos freqüentemente associados à questão da dislexia, pertencem, na visão da psicologia corporal, ao primeiro segmento de couraça, chamado ocular. Nele localizam-se quatro, dos cinco sentidos: visão, audição, olfato e tato. Isto se deve ao fato de que, anatomicamente, aí estão localizados os olhos, os ouvidos, o nariz e a pele como um todo. Deve-se lembrar que estes são órgãos responsáveis eminentemente pelo contato. Através do contato, indivíduo e mundo externo comunicam-se, desenvolve-se uma linguagem, da qual a leitura é mais uma representante. Para Navarro, “...o primeiro nível tem, precisamente, no nascimento, a função de tomar contato com o mundo exterior graças aos telerreceptores dos olhos, ouvidos e nariz.” Pode-se então supor que a dislexia nasce na vida fetal e é mantida, na vida neo e pós- natal, por um bloqueio ocular. Este bloqueio, segundo Navarro (1995: 33) “...é a reação do recém-nascido contra a atmosfera de rejeição e destrutividade que se encontra no útero ou após nascer.” Gera, entre vários sintomas físicos, como a cefaléia, a epilepsia, as doenças da visão, etc, a confusão de idéias e pensamentos e a dificuldade no contato, devido à limitação da percepção e da sensorialidade, desintegradas por uma questão energética. Poderíamos considerar toda a gama de dificuldades de comunicação que algumas vezes ocorre entre a mãe e o seu bebê, desde o útero, como um possível componente da dislexia.
 Muitas vezes, pesquisando a história de um disléxico encontramos dados de uma criança que buscava desesperadamente compreender uma figura materna inconstante, desorganizada, que não raro emitia duplas mensagens, deixando a criança confusa e igualmente desorganizada. Não se trata de culpar a figura da mãe pelo resto da vida, mas sim, de compreender que tipo de imagem materna a criança compôs em seu inconsciente a partir das primeiras relações vinculares. Há ainda outras questões que parecem ser um elo de ligação entre a dislexia e o corpo, como a motricidade, especialmente a orientação espacial, muitas vezes comprometida no disléxico, a imagem do corpo e a dominância lateral. Sobre esse último aspecto, diz Tomatis (1979, p. 89): “Converter-se em destro é adaptar-se a algo existente. É tomar o hábito de homem, com todas as dificuldades que isto comporta. Opor-se a isso é ser canhoto. Não conseguí-lo, como ocorre ao disfuncional profundo, é ser disléxico.”

Uma abordagem corporal da dislexia parece possível, mas de nada adiantaria se também essa buscasse apontar (e não fazer nada além disso) para as faltas que ocorreram na vida emocional do disléxico. Apenas detectar o que falta à aprendizagem de um disléxico ou buscar uma etiologia que detecta sempre um culpado em sua história apenas contribui para que ele, quando “diagnosticado”, passe a ver a si próprio como pertencente a uma classe de “inaptos”, especificamente com relação à leitura e sua compreensão, moldando-se à noção de que é portador de uma “doença”, que, infelizmente, não tem “cura”. Raras são as definições que seguem pelo caminho de ressaltar quem é o disléxico e quais as suas habilidades.
Também raras são as soluções educacionais ou terapêuticas que apontem caminhos para o disléxico “sobreviver na selva” dos símbolos grafados no papel, ao invés de tentar adaptá-lo, a qualquer custo, à escolarização formal. É muito mais comum buscarmos seus pontos cegos (aliás, a dislexia, antes de assim ser denominada, foi chamada de cegueira verbal) e entendê-la em sua dissonância com o que é considerado normal. Talvez seja utópico querer que a visão sobre a dislexia mude. Talvez seja utópico achar que o nosso meio de aprender os conteúdos escolares – através da leitura –, bem como a forma de expressar nossos conhecimentos – através da escrita – possam ser revistos, dando lugar a outras formas de apreensão da realidade.

Mas, dentro de nossas limitações, talvez possamos ampliar nossos conhecimentos a respeito da dislexia, de modo a encontrar caminhos mais apropriados a serem seguidos, caminhos que não excluam o disléxico da classe de leitores normais e tomem essa característica como sua própria definição, mas que também criem uma perspectiva de compreensão de um tipo de funcionamento especial para a sociedade e para o próprio disléxico. REFERÊNCIAS CRITCHLEY, M. Dislexia de Evolución. Buenos Aires: Editorial Salerno, 1966. JADOULLE, A. Aprendizaje de la lectura y dislexia. Buenos Aires: Kapelusz, 1988. NAVARRO, F. A Somatopsicodinâmica. São Paulo: Summus, 1995. TOMATIS, A. Educación y Dislexia. Madri: Ciencias de la Educación Preescolar y Especial, 1979. VALETT, R. Dislexia. Barcelona: Ediciones CEAC. Disponível em: http://www.dyslexia.com, 1992. Acesso: 20/01/2002.

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Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.