dezembro 10, 2009

DISLEXIA muitas vezes é associado com outras patologias comportamentais

Crianças inquietas cada vez mais são diagnosticadas como portadoras de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade


Mas é preciso cuidado com excessos na medicação






Silvia Pacheco

Publicação: 08/12/2009 08:00 Atualização: 08/12/2009 10:32
À primeira vista, o pequeno João Cláudio, 6 anos, é igual a qualquer outra criança de sua idade: curioso, alegre, espontâneo, amoroso. Sua rotina, contudo, o difere da maioria. João é portador de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Fica disperso por qualquer motivo, começa as coisas e não termina, é inquieto e impulsivo. Por isso, seus pais não perdem o foco no pequeno na hora de cobrar limites e criar estratégias para que ele supere e conviva bem com o TDAH. "É uma luta diária e uma atenção redobrada em tudo que ele faz e do jeito que faz. Com muita informação e ajuda multidisciplinar, vencemos a cada dia", diz Denise Ribeiro Rocha, mãe de João.


Assim como João Cláudio, cerca de 8% das crianças em idade escolar apresentam os sintomas do TDAH (veja quadro). Muitas vezes, é a escola que os detecta e alerta os pais para procurarem um neuropediatra. São esses médicos, com ajuda de fonoaudiólogos e psicopedagogos, que fazem o dignóstico. "Os primeiros sintomas costumam aparecer na escola, quando o rendimento cai ou o comportamento muda", explica o pesquisador e professor de neurologia infantil da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Aucélio. O médico enfatiza, entretanto, que é preciso levar em conta a natureza da criança antes de rotulá-la como tendo TDAH. "Criança por si só é curiosa, tirana e gosta de testar. Os pais devem estar atentos se a criança estiver tendo prejuízos na escola e no social. Se isso estiver acontecendo, o ideal é procurar o neuropediatra e começar uma investigação."
 
 


Segundo o médico, muitas vezes o TDAH é associado com outras patologias comportamentais, como o transtorno bipolar, associado com um quadro de ansiedade, transtorno obssessivo compulsivo, dislexia e autismo, entre outros. "Cabe ao médico neurologista diferenciar essas patologias, pois muitas vezes elas se misturam e isso pode tornar mais difícil o diagnóstico preciso", enfatiza. Aucélio alerta que o diagnóstico correto do TDAH deve ser feito por meio de entrevista com o paciente ou ou responsável, exames neurológicos e de potencial cognitivo e avaliação com um fonoaudiólogo especialista. "É preciso entender três fatores importantes: como a informação chega ao cérebro, como ela é processada e como o cérebro resgata essa informação. Com essas respostas, conseguimos descartar outras patologias comportamentais ou disfunções que afetam o desenvolvimento da criança, antes de receitar a medicação."




Longa busca

Denise, a mãe do pequeno João Cláudio, relata que levou quase dois anos para que seu filho fosse diagnosticado com segurança. "Foi uma busca incessante de respostas para o que meu filho tinha, pois não há um exame específico que detecte o TDAH", conta. João passou por dois neuropediatras e por baterias de exames neurológicos. Ambos os médicos diagnosticaram TDAH e receitaram a medicação - metilfenidato, conhecido como Ritalina. Porém, Denise relutou em dar o remédio. "Não sabia o que a medicação poderia acarretar. Não queria aquilo para o meu filho, porque não estava segura de nada", lembra. Denise continuou com a investigação até chegar ao Hospital Sarah - que tem uma pesquisa (1) em TDAH -, onde João foi realmente diagnosticado como portador do problema. "Não tenho problema com a medicação, meu problema era com a minha insegurança de estar fazendo o certo para o meu filho diante de um diagnóstico incerto", declarou.
 
 


Aucélio explica que o uso do metilfenidato é de extrema importância para o TDAH. Entretanto, ele não descarta o tratamento multidisciplinar com psicólogo, pedagogo e fonoaudiólogo especialista. "Acho que esses profissionais têm uma grande importância no tratamento, pois ajudam o paciente a conviver com o TDAH, além de zerarem disfunções consequentes do transtorno." A fonoaudióloga e psicopedagoga especilista em TDAH Regina Celi Schettini acredita que o remédio só deve ser prescrito quando os prejuízos sociais e acadêmicos forem de grande escala. "O TDAH é como um quebra-cabeças. Algumas vezes, a pessoa acha que é e depois descobre que o problema está em outro lugar", conta.




Schettini relata que muitos dos pacientes que chegam ao seu consultório com sintomas de TDAH na verdade têm um transtorno do processo auditivo (TPA), uma alteração auditiva que faz com que a pessoa não consiga compreender o que o outro fala. Essa alteração faz com que a criança, ou adulto, precise desenvolver um enorme esforço para entender o que o outro fala. Por conta desse esforço, a pessoa fica cansada e isso gera desatenção. "Existem agravantes visuais e ortópticos (estrabismo, lateralidade cruzada ou alternada) que podem ser a causa da desatenção. Tudo tem que ser investigado com cautela", explica a fonoaudióloga.



Leia a íntegra da reportagem na versão impressa do Correio

Ouça entrevista com o pesquisador e professor de neurologia infantil da UnB Carlos Aucélio

Um comentário:

Poemia disse...

Amei o Blog!
Sou psicóloga e psicopedagoga aqui em SP e trabalho com crianças disléxicas.Coloquei o banner de vocês no meu blog!Parabéns!

Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.