outubro 05, 2008

O uso do termo “dislexia” tem, ao longo do tempo


Dislexia
10/01/2008
Jaime Zorzi (Revista Aprendizagem, 1ª edição.)

"Ler e escrever corresponde a fatores fundamentais para a garantia do desenvolvimento escolar, uma vez que é sobre tais capacidades que se assentarão as futuras aprendizagens. Qualquer dificuldade no processo de aquisição da escrita pode privar a criança de ter acesso a uma série de conhecimentos e, conseqüentemente, prejudicar sua evolução escolar,. Isso acaba por causar danos evidentes que também se manifestarão, tanto no plano afetivo quanto social."

Uma diversidade de causas têm sido descritas por aqueles que se dedicam a estudar tal problema.
Tradicionalmente, algumas das razões mais amplamente divulgadas dizem respeito a déficits visuais, auditivos e neurológicos, ao domínio pouco desenvolvido de fala e da linguagem, a problemas gerais de saúde, à imaturidade, a fatores emocionais, familiares e sociais. Atualmente, têm-se apontado também para a questão da inadequação de certos métodos escolares e da postura pouco estimulante de muitos professores.

Entretanto, e de forma até mesmo desafiadora para nossa compreensão, diversas crianças consideradas como portadoras de um distúrbio de leitura-escrita não apresentam, aparentemente, relação com nenhuma das causas acima citadas.
Elas possuiriam, teoricamente, todos aqueles requisitos tidos como necessários para uma aprendizagem favorável: boas condições familiares, sociais e econômicas, oportunidades escolares adequadas, nível normal de inteligência, ausência de comprometimentos físicos e/ou emocionais significativos. Apesar de apresentarem uma situação desse tipo, tais crianças enfrentam dificuldades para dominar a escrita e a leitura, sem que nenhuma das causas tradicionalmente aceitas possa ser seguramente relacionada ao seu problema.

O termo “dislexia”, ou “dislexia do desenvolvimento”, tem sido tradicionalmente empregado para procurar descrever aquelas crianças que, mesmo sem motivos mais evidentes, não conseguem se desenvolver, sem maiores problemas, no que diz respeito ao aprendizado da leitura-escrita.
Embora inicialmente tenha sido empregada para dar conta dos problemas de leitura, tal noção acabou englobando também problemas relativos à escrita, principalmente em relação à ortografia. Dislexia refere-se, portanto, às inabilidades ou dificuldades para o aprendizado da leitura-escrita, tendo como possível causa uma disfunção de áreas cerebrais responsáveis por habilidades necessárias para que tal aprendizagem possa ocorrer de modo satisfatório.

O uso do termo “dislexia” tem, ao longo do tempo, gerado muita confusão e controvérsia.
Os primeiros pesquisadores do problema começaram empregando expressões como cegueira verbal, estrefossimbolia, legastenia, entre outros conceitos, para se referirem a diversas alterações observadas quanto ao domínio da leitura-escrita. Porém, definida em termos muito genéricos, a noção de dislexia sofreu uma supergeneralização, aplicando-se, muitas vezes, a toda e qualquer alteração observada nas crianças, quaisquer que sejam as causas ou características de tais alterações.
Distúrbios de aprendizagem de diversas ordens, que podem afetar a leitura e a escrita de diferentes maneiras, passaram a ser sinônimos de dislexia. Porém, parece ter passado despercebido que, se por um lado ela pode ser considerada como um tipo particular de distúrbio de aprendizagem, por outro, estes não se limitam à dislexia.
Do ponto de vista científico, falta um consenso ou uma compreensão mais detalhada do que pode vir a ser, de fato, a dislexia. Temos encontrado definições que abrangem, desde problemas específicos de inversão da ordem das letras dentro de uma palavra, até grandes dificuldades para compreender e memorizar um texto lido.

No Brasil, infelizmente, não conseguimos fugir de tal tendência supergeneralizadora. À medida que essa noção se popularizou e começou a ser empregada nas escolas, e mesmo em termos de conhecimento de senso comum, a dislexia passou a ser considerada, com muita freqüência, como uma “doença”.
Pior do que isso, ela costuma ser vista como um mal incurável, sem solução. Os comportamentos dos disléxicos tendem a ser analisados em função do problema que apresentam, levando-os a serem tratados, muitas vezes, como incapazes. E essa é uma das piores atitudes que pode haver em relação a alguém que, por algum motivo, vem apresentando, especificamente, uma dificuldade em maior ou menor grau para assimilar ou dominar o sistema de escrita. Além do mais, tais dificuldades podem ser, via de regra, superadas ou minimizadas a partir de trabalhos planejados e desenvolvidos adequadamente, principalmente quando se conta com a participação e colaboração da escola.
Podemos observar que, quanto mais avançam os conhecimentos acerca dos processos envolvidos na aquisição da leitura-escrita, assim como a respeito das condições que são desfavoráveis para tal evolução, maior é a precisão com que a noção de dislexia tem sido empregada. Temos aprendido que é possível analisar, na história da criança, na avaliação clínica, assim como nas circunstâncias atuais de sua vida, uma somatória de fatores que podem ter uma forte correlação com as limitações apresentadas, e assim trabalhar no sentido de eliminá-las ou minimizá-las. Para tanto, a compreensão do que é a dislexia e o estabelecimento de uma parceria sólida entre escola, criança, família e especialista, constituem a base para as melhoras que devem ser buscadas. *

Nenhum comentário:

Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.