Crianças com dislexia apresentam dificuldades no aprendizado
Por Ana Manoela
Os primeiros sintomas da dislexia surgem no período de aprendizagem e leitura. (Foto: Amanda Flores) |
O transtorno de dislexia é hereditário e genético. Alguns sintomas podem ser identificados na leitura, escrita, ortografia e falta de atenção. O filme “Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial” descreve a história de Ishaan Awasthi, um menino de oito anos. O garoto sente que as letras dançam ao seu redor, e por este motivo não consegue se concentrar e compreender as aulas. Ishaan já reprovou no terceiro período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de repetir de novo. Seu pai acredita que o problema de Ishaan consiste na falta de disciplina, então trata o filho com rigidez. Na realidade, é um típico caso de dislexia.
As crianças com dislexia sofrem na idade escolar, pois os primeiros sintomas surgem no período de aprendizagem e leitura. A maior dificuldade está principalmente em compreender e interpretar os textos.
Os disléxicos apresentam dificuldades em relação à noção-espaço temporal, horas em relógio analógico, dias da semana, meses, anos. Na escrita, não têm organização na produção textual e têm vocabulário pobre. É comum apresentarem quadros de alergias, dores de cabeça ou dor de barriga no momento de irem à escola principalmente quando já estão no ensino fundamental. Os pais devem ficar sempre atentos, pois estes sintomas podem ser confundidos com outros transtornos como déficit de atenção, entre outros problemas psicológicos.
A especialista e psicopedagoga Enis Aparecida Mariano Rissi explica outros sintomas. "As mães de filhos disléxicos relatam que eles demoraram mais para falar, apresentaram dificuldades relacionados à coordenação motora, como trocar de roupa, andar de triciclo e bicicleta”, explica a psicopedagoga. “Com frequência esquecem de se alimentar, perdem os materiais escolares e outros objetos."
No ambiente escolar os professores devem observar e identificar o comportamento destas crianças, especialmente quando elas se opõem a responder a perguntas ou se recusam a aprender cores, numerais e alfabeto. “Outro sintoma é a lateralidade, quando se confunde o lado direito com o esquerdo", ressalta a psicopedagoga.
O acompanhamento e a confiança da família são aspectos importantes para o desenvolvimento de qualquer criança. No caso da dislexia, o cuidado deve ser redobrado. A consultora de beleza Valdirene Rosa lutou por mais de sete anos para provar que seu filho tem dislexia. Durante este período eles enfrentaram juntos os problemas. "Observei que havia algo de errado na alfabetização do meu filho. Parecia que ele estava gravando as atividades da escola e no outro dia ele simplesmente esquecia o que havíamos estudado”, relembra Valdirene.
A consultora relata que não conhecia o transtorno de dislexia, e só descobriu quando comentou com um amigo que é professor sobre suas dificuldades em relação ao filho. "Ele me orientou, então comecei a pesquisar sobre o assunto. Procurei ajuda na escola, mas não obtive muito sucesso", conta.
Depois de alguns anos, Valdirene conseguiu o laudo através de um diagnóstico em conjunto com profissionais da área de psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia e neurologia. Agora a consultora pode apresentar o relatório de dislexia, e o filho tem o direito de realizar suas provas oralmente, já que tem dificuldades com a escrita.
“Para fechar um laudo de dislexia é necessário uma equipe multidisciplinar: psicopedagoga, fonoaudióloga, psicóloga, neurologista, oftalmologista e otorrinolaringologista. O procedimento se dá através de exames e vários testes”, afirma a psicopedagoga Enis.
A especialista explica que as dificuldades de aprendizagem aumentam com o passar dos anos. "Na educação fundamental, com frequência esquecem o nome das coisas (disnomia), e a caligrafia é feia (disgrafia). Eles se saem muito bem oralmente, são muito inteligentes, com QI médio alto para cima", defende Enis.
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