DISLEXIA COMO MELHORAR A FLUÊNCIA LEITORA DURANTE AS FÉRIAS DE VERÃO?
PAULA TELES I Psicóloga educacional e especialista em Dislexia
Diversos estudos mostram que
as crianças tendem a diminuir as suas competências leitoras durante as férias de Verão. Harris Cooper, da Universidade de Duke, refere: “Durante as férias de Verão as crianças perdem, em média, cerca de um mês, a nível das competências de leitura e de matemática.”
As aulas terminaram... não há trabalhos de casa... os dias são longos... os pais estão disponíveis...
Os dias de férias de Verão podem ser uma óptima oportunidade para os pais ajudarem os seus filhos a melhorar a fluência leitora e a aprenderem a desfrutar o prazer de ler.
As crianças que lêem durante as férias aumentam a sua fluência leitora, irão iniciar o novo ano com mais conhecimentos e - a enorme mais-valia - descobriram o prazer de ler.
1. POR QUE É IMPORTANTE TER UMA LEITURA FLUENTE?
"Torne o Treino da Fluência Leitora a prioridade Número 1", refere Sally Shaywltz, investigadora na
Universidade de Yale.
Porque a capacidade de lermos, tão fluentemente como falamos, permite- nos focalizar a atenção no significado e na compreensão do que lemos. Ler com fluência é crucial para a
obtenção de bons resultados escolares, aumenta a motivação e investimento, valoriza a auto-estima e o autoconceito pessoal e escolar e tem repercussões importantes na
carreira profissional.
Os resultados dos estudos da OCDE
sobre literacia e sucesso escolar, colocam o nosso país nos últimos
lugares. Recentemente, os resultados obtidos nos exames de Língua Portuguesa do 9.° ano vêm reavivar esta preocupante realidade.
O que fazer?
Como ultrapassar esta situação?
Só se aprende a ler lendo, e para alguns de nós, lendo muito, mesmo muito, até se conseguir atingir uma leltura fluente e compreensiva, isto é, sem atenção consciente e com o dispêndio mínimo de esforço.
2. POR QUE É QUE ALGUMAS CRIANÇAS TÊM DIFICULDADES EM APRENDER A LER?
Ao contrário da linguagem oral, a aprendizagem da leitura não acon tece naturalmente, necessita de ser ensinada explicitamente.
A grande maioria das crianças aprende a ler sem grande esforço e com prazer. Outras, porém, revelam dificuldades inesperadas que se manifestam logo que têm que aprender a "juntar" as primeiras letras, outras ainda já tinham evidenciado dificuldades a nível
do desenvolvimento linguístico (lingua- gem tardia, "trapalhona", com trocas de fonemas).
Até há poucos anos a origem desta dificuldade era desconhecida. Era uma incapacidade invisível, um “miséno” que gerou mitos e preconceitos e deu origem a teorias explicativas e intervenções terapêuticas sem fundamentação científica (terapías baseadas em interpretações psicológicas, em dificuldades psicomotoras e de orientação espacial, em défices auditivos e visuais, lentes prismáticas, óculos e
correcções de postura).
Os estudos realizados na última década, com as modernas tecnologias de imagem, permitiram “ver” o cérebro durante as actividades de leitura. Os resultados destes estudos permitiram elaborar uma definição de Dislexla e encontrar respostas a diversas questões.
“Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correcção e fluência na leitura de palavra, por baixa competência leitora e ortográfica. Estas difIculdades resultam de um Défice Fonológlco inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais.”
3. QUAIS AS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA APRENDER A LER?
Para aprender a ler é necessário ter o conhecimento consciente de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas, as sílabas por fonemas - Consciência Fonémica - e que as letras do alfabeto são a representação gráfica desses fonemas - Princípio Alfabético.
Para aprender a ler é ainda necessário saber juntar os diversos fonemas e sílabas - Fusão Fonémica e Silábica e saber encontrar a pronúncia correcta de cada palavra para aceder ao seu significado.
4. ACTIVIDADES PARA MELHORAR A FLUÊNCIA LEITORA
As actividades leitoras a realizar para melhorar a competência leitora deveriam ser precedidas de uma avaliação diagnóstica que avaliasse as competências cognilivas, leitoras
e psicoeducacionais.
Na ausência desta avaliação apresentarei dois conjuntos de actividades genéricas; um dirigido aos leitores que já lêem com alguma fluência, outro dirigido aos leitores iniciantes, que ainda fazem uma leitura hesitante, silabada, esforçada, isto é, aos que apresentam Perturbação
da Leitura - Dislexia.
Para que a implementação de um programa de desenvolvimento da Fluência Leitora tenha sucesso é imprescindível que os pais sintam essa necessidade a valorizem e transmitam aos seus filhos
os benefícios que irão usufruir
Nem sempre é fácil. É necessário que os país estejam motivados e adoptem uma atitude afectuosa, consistente
e determinada.
Numa fase inicial as crianças e
jovens podem negar-se a ler, invocarem mil e um pretextos para se libertarem duma tarefa cuja prática não foi estimulada. nem desenvolvida. Há ainda a ter em conta
a circunstância agravante das crianças que têm dificuldades específicas de processamento fonológico, para as quais o ler é efectivamente muito difícil e penoso.
4.1. Actividades para leitores que já lêem com alguma fluência
A leitura pode treinar-se através
de diversas actividades. Quase todas as situações do quotidiano se podem converter em oportunidades
Saiba mais
de leitura.
> Fazer um plano das actividades que se projectam realizar durante as férias, icluindo a leitura.
> Durante a viagem ler as indicações escritas ao longo do itinerário, às refeições ler as indicações escritas nos diversos alimentos, no restaurante ler a lista...
> Ler jornais e revistas e dialogar sobre os temas lidos (leitura silenciosa ou oral dependendo da competência leitora)
> Ir a uma livraria e dísponibilizar tempo para escolher os livros que correspondam aos seus interesses e nível de leitura. Uma boa opção consiste em escolher livros cujos excertos fazem parte do Livro de Língua Portuguesa do ano de escolaridade que irão frequentar. A antecipação dos conhecimentos sobre determmado tema favorece a motivação
e facilita a aprendizagem.
> Instituir o hábito da Leitura Recreativa Diária. Ler diariamente durante determinado período de tempo (a definir em função da necessidade individual). Esta prática pode ser realizada “a par”: a criança e pais lêem, em voz alta, alternadamente
cada parágrafo, página ou capítulo.
> Registar o título dos livros que forem lidos durante as férias.
> Medir a Velocidade Leitora, número de palavras lidas por minuto. Escolher dois ou três pequenos textos, repetir semanalmente a sua leitura. cronometrar o tempo de leitura e calcular a velocidade leitora.
> Registar num gráfico a evolução.
A monitorização dos progressos é um excelente meio de motivação, é um bom incentivo para continuar as actividades de leitura.
> Fazer leituras orais repetidas, qua-
tro leituras do mesmo parágrafo ou página, cronometrar e registar
os tempos. Esta prática permite constatar, com evidência, o aumento da velocidade e fluência leitora.
4.2. Actividades para leitores com Perturbação da Leitura e Escrita ou Dislexia
A Fusão Fonémica, a Fusão Silábica e a Fusão Silábica Sequencial são referidas por diversos investigadores como as competências com maior grau de dificuldade para o leitor iniciante
São competências cruciais na apren- dizagem da leitura, sendo a sua automatização uma condição indispensável à aquisição de uma leitura correcta, fluente e compreensiva.
TREINO DA FUSÃO FONÉMICA
> Leitura do livro – “Silabário, Treino da Fusão Fonémica” – Editora Distema®
> Exercícios de ortografia com as fusões fonémicas em que manifestar maiores dificuldades.
TREINO DA FUSÃO SILÁBICA E DA FUSÃO SILÁBICA SEQUENCIAL
> Leitura dos Livros “Leitura de Palavras e Frases”, “Treino da Fusão
Silábica” - Nível I, II, e III - Editora
Distema®
> Leitura Repetida dos textos do Livro de Língua Portuguesa, do seu ano de escolaridade, até conseguir uma leitura fluente.
> Iniciar as Leituras Recreativas, a par com livros que contenham textos pequenos e escritos com caracteres grandes. Aumentar gradualmente a complexidade linguística, aumentar
o tamanho dos textos e diminuir o tamanho dos grafernas.
Ameriçan Academy of Pedíatrics. Pediatrics: Learning Disabilities, Dyslexia, and Vision. A Subject Review Vol. 102, n.º 5 November, 1998.
Morais José. “A Arte de Ler, Psicologia Cognitiva da Leitura. O Ensino da Leitura”. Edições Cosmos, 1997.
Teles Paula. Dislexia. Como Identificar? Como Intervir? Revista Portuguesa de Clínica Geral. Vol. 20, n.º 5, 2004.
Shaywitz Sally. Overcoming Dyslexia. Published by Alfred A. Knopf, 2003.
Snowling Margaret. “Dislexia. Ajudando a Superar a Dislexia”. Livraria Santos Editora, Lda., 2001.
A determinação de se ser bem sucedido e a capacidade de resiliência são também características de outros atletas os do intelecto. Paula Teles, psicóloga educacional e especialista na área da Dislexia, é um desses casos. A médica, que se dedica à incapacidade na aprendizagem da leitura e escrita, criou um método que auxilia as crianças com a patologia a aprender a ler e a escrever mais rapidamente e com correcção. O extraordinário desta história é que a especialista teve de lutar contra a sua própria dislexia. “Não me recordo de ter tido dificuldades na aprendizagem das Ciências. Mas na escrita, sim. No meu quinto ano chumbei a Letras.” Já depois ele forrnada no Magistério Primário, viajou até Inglaterra, onde recolheu o maior número de informaçáo possível sobre Dislexia.
DE PACIENTE A MÉDICA
Em Portugal, envolveu-se na área da Psicologia Educacional e hoje tem um consultório onde recebe inúmeros casos por dia, de miúdos a graúdos. Paula Teles garante que, à semelhança de outras crianças, o facto de ter ultrapassado tão grande obstáculo quando era jovem tem permitido que encare as dificuldades com grande optimismo: “Aumentou a minha capacidade de resiliência. Tíve de criar estratégias para ultrapassar o rneu problema”. O mesmo acontece com as crianas que tem auxiliado ao longo dos anos. A dificuldade na leitura e escnta levou-as a sentirem-se frustradas. Abortam as expectativas dos pais, familiares, professores – e as suas próprias. “São consideradas distraídas, preguiçosas ou burras. Começam a diminuir o seu auto-conceito.” O método "Distema", criado pela especialista, permite a aprendizagem e melhora a ideia de competência que estes pequenos pacientes têrn de si. Como bem dizia o irlandês Oscar Wilde “Amar a si próprio é o começo de um romance de longa vida”
Livro
Método fonomímico
Foi publicado recentemente, pela editora Distema, o Método Fonomímico de Paula Teles, destinado a crianças com dislexia. Trata-se da mais importante obra publicada no nosso país na área das dificuldades de aprendizagem da leitura.
Para mais informações: paula.teles@netcabo.ptFONTE DE PESQUISA:
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SEU FILHO ESTA DESMOTIVADO??
-
Como eram os seus momentos dedicados à lição de casa junto de seus
pais?Entediantes, cansativos ou, pior, uma sessão de tortura?
Essa situação não precisa ...
Há 7 anos
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