fevereiro 16, 2009

Dislexia: influências no processo de aprendizagem


Por Sheila Steffen**
(Junho/2008)


A leitura e a escrita são capacidades essenciais ao ser humano inserido em uma sociedade contemporânea, ambas não são habilidades isoladas, necessitam de uma série de fatores para se desenvolver plenamente, tais como: fatores ambientais, sociológicos e cognitivos. Muitos fatores podem interferir significativamente para um distúrbio de aprendizagem na leitura e na escrita, no estudo em questão, a dislexia.



A dislexia é uma disfunção que, conforme FONSECA, significa: "'dis' pobre ou inadequada aprendizagem, ou fraca apropriação de aquisições, e 'lexia' que significa linguagem escrita". (FONSECA, 1995, p. 328). Ou ainda, de acordo com (GRÉGOIRE & PIÉRART, 1997, p.20) "é uma dificuldade para aprender a ler, apesar de uma inteligência suficiente- o QI deve ser normal- e de um ensino clássico".

A dislexia pode ser classificada em três grupos: a disfonética ou auditiva: dificuldade de discriminação auditiva de sons próximos troca de sons próximos; diseidética ou visual: a pessoa apresenta dificuldade na percepção visual das palavras, escrita em espelho, trocas entre letras semelhantes e a mista: possuem características dos dois tipos de dislexia acima relacionadas, as dificuldades apresentadas são muito grandes, pois englobam as duas dislexias (auditiva e visual).

De acordo com a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA: o diagnóstico de dislexia não é simples de ser realizado, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar formada por um neuropsicólogo ou psicólogo, um psicopedagogo e um fonoaudiólogo. Em alguns casos há a necessidade de consultar um psiquiatra ou um neurologista e um oftalmologista. É importante levar em consideração o meio social em que a pessoa está inserida, todas as possibilidades devem ser levadas em consideração.

Se não forem proporcionadas ao disléxico, possibilidades pedagógicas favoráveis ao aprendizado, a dislexia pode resultar em dificuldades de aprendizagem. Dessa forma, torna-se de fundamental importância o diagnóstico correto e um trabalho paralelo do desenvolvimento da escrita e leitura com os alunos disléxicos, estabelecendo ação conjunta com a escola, demais alunos, professores e pais e só assim o trabalho pedagógico será efetivo.



Ao entender a importância da leitura e escrita no processo de ensino-aprendizagem delineia-se a idéia de que a dislexia interfere significativamente na vida escolar do aluno que tenha o distúrbio e percebendo, dessa forma, o papel que a família e a escola exercem no auxílio ao indivíduo que apresente tal disfunção.



Cabe aqui ressaltar a importância da responsabilidade e da função do professor frente a esse distúrbio, e que é prioritário a compreensão deste profissional sobre a dimensão implicada na dislexia, a consciência de que ninguém aprende da mesma forma, por isso a importância de se respeitar as individualidades e de diversificar as estratégias de ensino, bem como o modo de se avaliar esse aluno.

Percebe-se, porém, que na maioria das vezes os professores não se encontram preparados para identificar e encaminhar para avaliação (por uma equipe multidisciplinar) o aluno que apresente dificuldades no processo de aprendizagem, com o intuito de constatar se há distúrbio ou não. A avaliação não deve ter como objetivo a rotulação do aluno e sim, a partir desse diagnóstico o professor proporcionar meios para promover a aprendizagem significativa desse aluno.

É um tema que se encontra em constantes pesquisas, com muitas descobertas recentes, que tem tomado cada vez mais espaço no cotidiano escolar, despertando cada vez mais interesse entre pais, educadores e pessoas que compreendem a importância da leitura e da escrita no dia-a-dia do ser humano.



** Escrita por Sheila Steffen, pesquisadora da Dislexia e acadêmica do sétimo semestre do INESA, sob orientação do Psicólogo e Professor Gilmar de Oliveira.

Kit de Livros do Método das Boquinhas


proposta do livro Passo a Passo da intervenção com Boquinhas é oferecer material de consulta com estudos de casos clínicos de atendimentos fonoaudiológicos e psicopedagógicos nos distúrbios da leitura e escrita. Também pode ser usado como aprendizado para um educador interessado nas alterações do letramento. Um livro rico como fonte de pesquisa para trabalhos acadêmicos.

São analisadas a anamnese, a avaliação, as devolutivas e orientações à família, escola e ao paciente, além das interpretações e análises das condutas de cada caso em estudo. Também há a diferenciação teórica entre dificuldades e distúrbios da leitura e escrita, e uma proposta de avaliação informal da leitura e escrita com o uso do Jogo Lince de Boquinhas, apresentando 20 maneiras de se jogar. Com isso, o leitor poderá conhecer o nível de seu paciente/aluno, detectando possíveis patologias.

A proposta do livro Fundamentação Teórica é respaldar o educador ou clínico com as noções básicas dos principais distúrbios da leitura e escrita, como as dislexias, os Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e outros.

Fornece a fundamentação do Método das Boquinhas, de abordagem Fônica e Articulatória, e a posição correta das Boquinhas.

Lince de Boquinhas


A indicação da coleção JOGOS DE BOQUINHAS é para crianças/adultos em fase de desenvolvimento compatível com a alfabetização, ou aqueles que desejam aperfeiçoar suas habilidades iniciais da leitura e escrita. Sua aplicabilidade pode se estender ao uso domiciliar, clínico ou escolar.



O jogo LINCE é encontrado em muitas versões e fabricantes e tem sido utilizado para desenvolver habilidades relacionadas aos processamentos visuoespaciais, necessários à aquisição da leitura e escrita.

A autora do Método das Boquinhas, Renata Jardini, desde 1980, tem se servido desse jogo para avaliar e estimular crianças e adultos que apresentam alterações de aprendizagem. Essa avaliação, embora informal, tem contribuído de maneira prática e eficiente à clínica fonoaudiológica, psicopedagógica e aos educadores de uma maneira em geral e foi descrita no livro Passo a Passo do Método das Boquinhas (Jardini, 2005).



Objetivos do jogo:

Desenvolver habilidades de percepção, análise e síntese, figura/fundo e processamento visuoespacial.

Desenvolver lateralidade.

Desenvolver a consciência fonêmica e fonoarticulatória.

Desenvolver a soletração.

Desenvolver comunicação sensorial – mímica.

Desenvolver expressão gráfica – desenho.

Desenvolver linguagem verbal – categorizações semânticas.

Desenvolver habilidades de leitura.

Desenvolver habilidades de escrita.



Conteúdo:

Um tabuleiro com 140 figuras e as mesmas em peças individuais.

Um quadro de todas as Boquinhas (articulemas) e suas respectivas letras (grafemas), que podem auxiliar na escrita da palavra toda.



Recomendações:

Idade: a partir de 4 anos.

Participantes: individual ou até 4 participantes.

Uso domiciliar, clínico ou escolar.



Como jogar:

A seguir serão apresentadas 20 maneiras de se jogar o LINCE DAS BOQUINHAS, que vão aumentando o nível de complexidade e, portanto, devem ser adequados àquelas crianças de escolaridade maior. Os objetivos de cada maneira serão descritos abaixo.



1- Percepção visual e nomeação de figuras. Encontrar no tabuleiro uma figura sorteada aleatoriamente. Falar o nome da figura.

2- “Dicas”. Encontrar no tabuleiro uma figura, por meio de suas “dicas”, suas características. Ex.: Serve para sentarmos = /cadeira/. Deve-se priorizar “dicas” esclarecedoras do objeto, que remetam à sua função.

3- Soletração. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir da soletração de seu nome. Por análise (um soletra a palavra sorteada para o outro descobri-la) ou por síntese (um descobre a palavra que o outro soletrou). Ex.: Análise: /o-vê-e-éle-agá-a/ e Síntese = /ovelha/. Na soletração diz-se o nome das letras e não o seu som.

4- Coordenadas. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir de suas coordenadas (linha/coluna), como no jogo batalha naval - Ex.: L8 = /jacaré/.

5- Coordenadas em movimento. Encontrar no tabuleiro uma figura, partindo-se da figura anteriormente descoberta, recebendo duas coordenadas que envolvam cima/baixo e direita/esquerda. Ex.: a partir de /jacaré/, sobe duas casas e vira à esquerda quatro casas = /cachorro/.

6- Mímica. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir de sua representação gestual = mímica. Priorizar linguagem gestual que envolva ações, ou seja, verbos aplicáveis àquele objeto.

7- Primeira sílaba e categoria semântica. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir de sua primeira sílaba e uma dica semântica. Ex.: fruta vermelha que começa com /mo/ = /morango/.

8- Boquinhas de vogais e categoria semântica. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir da consciência fonêmica e fonoarticulatória (Boquinhas) de suas vogais e uma dica semântica. Ex.: animal com as vogais /e-e-ã-e/ = /elefante/. Pode ser usado como apoio, o quadro de Boquinhas, ou a escrita da palavra.

9- Boquinhas de consoantes e categoria semântica. Encontrar no tabuleiro uma figura, a partir da consciência fonêmica e fonoarticulatória (Boquinhas) de suas consoantes e uma dica semântica. Ex.: animal com as consoantes /t-c-n/= /tucano/. Pode ser usado como apoio, o quadro de Boquinhas, ou a escrita da palavra.

10- Elaboração de frase oralmente. Encontrar no tabuleiro duas ou três figuras, a partir de uma frase formada, oralmente, com essas figuras. Ex.: O menino não usa mais chupeta porque já sabe usar o lápis. Figuras: /menino – chupeta - lápis/.

11- Categorias semânticas. Encontrar no tabuleiro outros objetos de mesma categoria semântica do objeto sorteado. Ex.: sorteia-se /gato/ = animais, procura-se = coelho, elefante, cachorro, vaca, etc.

12- Memória visual. Encontrar no tabuleiro, em sequência, seis figuras (ou menos que seis, caso a criança seja muito pequena) vistas e memorizadas.

13- Memória auditiva. Encontrar no tabuleiro, em sequência, seis figuras (ou menos que seis, caso a criança seja muito pequena), tendo ouvido e memorizado seus nomes.

14- Desenho. Encontrar no tabuleiro uma figura a partir de seu desenho, feito em folha separada, sob cópia e observação visual. Não vale “colar” o desenho. Explorar detalhes.

15- Movimento sacádico de olhos (direita e esquerda). Nomear a primeira e a última figura de cada linha, sem ater-se às figuras internas. Repetir para todas as linhas do tabuleiro.

16- Elaboração de “dica” por escrito. Encontrar no tabuleiro uma figura, escrevendo uma “dica” desse objeto. Priorizar “dicas” que remetam à sua função, ou características marcantes. Ex: Animal grande que tem uma tromba = /elefante/.

17- Leitura de frase da “dica” do objeto. Encontrar no tabuleiro a figura descrita na “dica” anteriormente dada.

18- Verbos. Encontrar a figura a partir de 3 verbos (ações) que sejam aplicáveis àquele objeto. Ex.: servir água, quebrar, lavar = /jarra/.

19- Adjetivos. Encontrar a figura a partir de 3 adjetivos ou locuções adjetivas (qualidades) que sejam aplicáveis àquele objeto. Ex.: gelado, tem casquinha, é de fruta = sorvete.

20- Boquinhas. Quando sortear uma Boquinha, pronunciá-la (articulema), ouvir seu som (fonema) e encontrar no tabuleiro sua letra (grafema). Dar 3 palavras iniciadas com essa letra.

Coleção Boquinhas


Caderno de Exercícios


Exercícios para reabilitar os distúrbios da leitura e escrita

Este livro foi atualizado e ampliado, na intenção de atender ainda mais sua demanda. Tem sido o livro mais procurado da Coleção Boquinhas e é record de vendas de muitos distribuidores, atestando o seu potencial de resultados.

A proposta do Caderno de Exercícios é fornecer material para o desenvolvimento, treino e aperfeiçoamento da leitura e escrita, bem como a elaboração e interpretação de textos. Esse material é indispensável para as correções das trocas de letras e erros tradicionais apresentados nas alterações de leitura e escrita, como as dislexias e outros transtornos.

Especialmente recomendado para crianças e adultos que já estão alfabetizados, mas que ainda trocam letras, leem e escrevem com problemas. É um compêndio de exercícios para correção da leitura e escrita.

Foi subdividido em vários capítulos onde cada troca de letra é abordada, com exercícios práticos para serem utilizados na sala de aula ou no trabalho clínico individualizado.

Suas subdivisões compreendem:
1- Exercícios alfabetizadores:

Inicia-se com as vogais e duas consoantes são apresentadas /L/ e /P/, deixando a continuidade a critério de cada educador. Os livros Alfabetização com Boquinhas destinam-se exclusivamente a essa aquisição.

2- Exercícios reabilitadores:

2.1- Exercícios para trocas de vogais.

2.2- Exercícios para melhorar a leitura.

2.3- Exercícios para aglutinação/segmentação de palavras na escrita

2.4- Exercícios para trocas de letras surdas/sonoras (/t/ por /d/; /f/ por /v/; /c/ por /g/; /s/ por /z/; /p/ por /b/; /ch/ por /j/.

2.5- Exercícios para trocas específicas de letras (/n/ por /m/; /b/ por /d/; /ão/ por /am/; /pra/ por /par/; /nh/ por /lh/ ou /ch/; /l/ por /u/; /asa/ por /assa/; etc.

3- Exercícios preparatórios: memória, atenção, percepção auditivas, consciência fonológica; consciência fonêmica memória, atenção, percepção visuais; orientação vísuo-espacial, coordenação motora fina, esquema corporal e noções de gramática iniciais. Os livros Boquinhas na Educação Infantil destinam-se exclusivamente a essa finalidade.

4- Apêndice contendo várias listas de palavras por ocorrência de fonemas iniciais, ou no meio da palavra. Também há frases com grande ocorrência de determinado fonema ou dois fonemas em oposição, que podem ser utilizadas para ditados e facilitar a elaboração de novos exercícios.

Para vencer a dislexia


28-Jan-2009
Psicopedagoga paranaense cria método que utiliza o som das letras para alfabetizar crianças que sofrem com o distúrbio

Paloma Oliveto
Da equipe do Correio Braziliense

http://www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=1904&Itemid=49

Para a maioria das crianças, “b” + “a” é igual a “ba”. Mas entre 10% e 15% das pessoas olham para as duas letras e não veem nada além de símbolos incompreensíveis. Confundidas com desatentas, preguiçosas ou mesmo portadoras de deficiência mental, elas são, na realidade, disléxicas. O distúrbio, que tem origens genéticas e neurológicas, faz com que o uso do hemisfério direito do cérebro seja mais acionado do que o esquerdo, lado relacionado às habilidades da leitura e da linguagem. Assim, as formas mais usuais de alfabetização, como o construtivismo, não funcionam adequadamente.

Uma metodologia brasileira adotada por 10 secretarias de educação estaduais e por 23 municipais, porém, tem apresentado resultados animadores. Em média, as crianças disléxicas de 6 anos que aprendem pela nova técnica levam cerca de oito meses para serem alfabetizadas. Já as que não recebem tratamento específico podem chegar ao fim do ensino fundamental ainda trocando as letras.

Publicado pela primeira vez há 10 anos, na revista científica de fonoaudiologia Pró-Fono, o artigo “Alfabetização de crianças com distúrbios de aprendizagem, por métodos multissensoriais, com ênfase fono-vísuo-atriculatória” foi a base do desenvolvimento da metodologia pela fonoaudióloga e psicopedagoga paranaense Renata Jardini. Mãe de um disléxico, ela se interessou em pesquisar alternativas à alfabetização do filho na década de 1980, depois de morar na França, onde conheceu experiências inovadoras. “A ideia era desenvolver um método que possibilitasse a aprendizagem sem que ele passasse pelas coisas que meus pacientes descreviam, como constrangimento, discriminação e baixa autoestima”, explica.

A partir do princípio de que os movimentos da boca são o primeiro sinal de aprendizagem do ser humano — para se comunicar, por exemplo, o bebê chora e emite sons —, Renata desenvolveu um método multissensorial. Ela descobriu que é mais eficiente alfabetizar as crianças ensinando-as a associar o gesto da boca ao som das letras e à grafia. “Para falar a letra ‘a’, abrimos a boca e fazemos um som típico. Quando associa aquele gesto ao som do ‘a’, a criança vê a vogal escrita e consegue entender”, resume. Por isso, a psicopedagoga apelidou a técnica de método das boquinhas, aplicada pela primeira vez nas escolas do Paraná. “Nada é feito por memorização, mas por experimentação. É um método concreto”, completa.

Filha de um disléxico e com cinco irmãos portadores do mesmo distúrbio, a assessora legislativa Luciana Rubino, 35 anos, penou para conseguir dominar o alfabeto. Isso porque só descobriu que também tinha a mesma dificuldade já adulta. Quando era criança, Luciana precisava se debruçar sobre os livros. “Não admitia ficar para trás”, conta. “Mas até hoje escrevo e leio algumas coisas erradas. A dislexia tem de ser acompanhada na fase da alfabetização. Se não, a pessoa vai ter problemas pelo resto da vida”, conta.

Formada em direito e com pós-graduação em gestão empresarial, ela começou a desconfiar, no ano passado, de que a filha de 5 anos tinha herdado o gene da dislexia. “Na escola, as crianças já reconheciam todas as letras, e ela, não”, lembra. “A professora não diagnosticou a Gabriela como disléxica, mas disse que ela tinha algum problema.” Luciana resolveu então aplicar, ela mesma, o método da boquinha na filha. “Ela já melhorou bastante e reconhece as vogais”, comemora. Neste ano, Gabriela vai começar a estudar no ensino fundamental.

Informação
De acordo com a coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia, Maria Ângela Nico, se não tratado, o problema pode afetar a autoestima do aluno. “O disléxico normalmente é muito inteligente e percebe que há algo estranho acontecendo com ele. Ele se sai bem em outras matérias, em outras atividades, e por que falha, então, no processo de alfabetização? Logo o problema emocional se instala, abaixando, muito, sua autoestima. Por isso, é importante uma avaliação precoce”, esclarece. Mas ela afirma que ainda há pouca informação sobre o assunto no meio pedagógico.

Renata Jardini já capacitou 13,8 mil educadores em 10 estados brasileiros a aplicar o método das boquinhas. São profissionais tanto de escolas públicas quanto de particulares. Em 23 cidades, os secretários de educação adotaram a técnica na rede municipal. É o caso de Palmas, onde há um projeto de educação precoce que atende bebês a partir dos 2 anos. Desde essa idade, as crianças são acompanhadas por fonoaudiólogos, segundo o secretário de Educação da capital de Tocantins, Danilo Melo Souza. “Se a dislexia for identificada, elas, aos 4 ou 5 anos, começam a aprender com o método das boquinhas”, diz.

Em Tangará da Serra (MT), a Secretaria de Educação também levou para todas as escolas municipais a metodologia, que já era aplicada na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae). Quando eram incluídas na rede de ensino local, que atende 3,5 mil alunos, as crianças portadoras de deficiência mental entravam com um nível de alfabetização melhor do que o das demais. “O secretário brincou comigo, dizendo que eu estava causando um problema para ele. Então, fizemos a capacitação na cidade”, conta Renata. Embora o trabalho ainda seja recente, o secretário Júnior

Schleicher diz que o método está fazendo sucesso. “A satisfação da população é tanta que há briga para conseguir uma vaga na rede municipal”, orgulha-se.


MÉTODO DAS BOQUINHAS
Para ter mais informações sobre a técnica, visite o site www.metododasboquinhas.com.br

Dislexia tem tratamento


O livro recém-lançado João, preste atenção!, de Patrícia Secco, traz a história de um garoto de nove anos que aprende a lidar com a dislexia e se torna bom aluno.
Doença perceptível na alfabetização pode ser contornada; é só prestar bastante atenção!

por Karen Borowski
[12/09/2006]


Seu filho costuma ler devagar, silabadamente, e está abaixo da escolaridade normal? Esses sintomas podem dizer que ele é disléxico. Dislexia não tem nada a ver com incapacidade intelectual.

A dislexia é uma doença comum, que, como outras, podem ser tratadas. Seus primeiros indícios costumam estar relacionados ao atraso de linguagem, à troca de letras na fala e à dificuldade na nomeação. Na pré-escola, as crianças disléxicas costumam apresentar dificuldades em aprender os nomes das letras e das cores e em pronunciar as palavras.

Estudo realizado pela médica Sally Shaywitz, da Universidade de Yale [EUA], mostra que os disléxicos possuem um sistema neural diferente para leitura. Os disléxicos sub-ativam a parte posterior do cérebro e tendem a superativar as áreas frontais. Os não-disléxicos respondem melhor ao estímulo da leitura e ativam mais rapidamente a área posterior.

O IDA [International Dyslexia Association] apresentou a definição mais recente que se usa para tratar da dislexia. Baseada em dados de 2002, a associação conceitua a doença como um distúrbio de aprendizagem que tem origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de reconhecer com precisão ou fluência as palavras e pelo fraco desempenho ortográfico e de decodificação

Essas dificuldades em geral resultam tanto de um déficit inesperado – se comparando as outras capacidades cognitivas – no componente fonológico da linguagem quanto da fala de um ensino eficaz em sala de aula. As conseqüências secundárias podem incluir problemas na compreensão do que se lê e redução da experiência de leitura, o que pode impedir o aumento do vocabulário e do conhecimento em geral.

O fonoaudiólogo é o profissional capacitado para fazer o diagnóstico adequado a partir da suspeita de dislexia. Outros sintomas são: permanência de leitura lenta e silabada ou em nível abaixo do esperado para a escolaridade; medo de ler em voz alta; substituições, omissões e repetições; dificuldade em reconhecer palavras familiares e freqüentes; fazer muitas repetições e interrupções durante a leitura; depender do contexto para a compreensão do que lê; desempenho desproporcionalmente fraco em teste de múltipla escolha e incapacidade de terminar os testes no horário estabelecido.

_depoimentos
"Descobri que tinha dislexia na faculdade. Não fiz tratamento, mas arrumei uma forma de compensação automática. A vida inteira tive dificuldade com algumas palavras. Quando não sabia a grafia, arrumava um sinônimo que sabia escrever ou mudava a frase de forma que não precisasse da palavra. Ainda faço isso hoje com freqüência", conta a estudante de psicologia Lorena Batista Torres, de 21 anos.

A dislexia é hereditária. De 23% a 65% das crianças com pais disléxicos podem desenvolver a desordem, segundo Lewis e Simpson. Uma prova é que o irmão de Lorena, Vinícius Batista Torres, 22, sofre do mesmo problema e, apesar de ser mais velho, foi diagnosticado quando ainda era criança, aos 7 anos, quando estava na primeira série do ensino fundamental.

Seu tratamento incluiu sessões com psicóloga, com psicopedagoga – para ajudar na alfabetização – e estudar em uma escola especializada, onde havia apenas seis alunos por classe. O tratamento durou dois anos e meio. No início, ele lia e soletrava, mas não conseguia escrever o próprio nome corretamente. Apesar da melhora impressionante, ele ainda tem muita dificuldade com a linguagem. Hoje ele ainda erra ortografia e tem problemas com a fala por isso pensa em fazer um tratamento com fonoaudióloga.

Ser um mal aluno acaba desestimulando o estudo por isso muitos portadores da doença acabam abandonando a escola e as ambições profissionais da vida adulta. Para Maria Ester Borlido, diretora da AND [Associação Nacional de Dislexia], se for orientando corretamente, o aluno poderá ser bem-sucedido na escola. Ela alerta: “Para isso é necessário que o professor seja sensível e interessado”. Existem vários sinais que são perceptíveis desde a pré-escola.

Se as escolas, por meio de seus orientadores, passassem essas informações aos professores para que eles encaminhassem a criança com dificuldades ao fonoaudiólogo, muitos casos poderiam ser tratados, diz ela, que trabalha com disléxicos há 29 anos.

"Meu homeopata me ajudou a descobrir que tenho uma mente disléxica e me encaminhou para uma oftalmologista, com quem descobri o que era a doença", diz o engenheiro e economista Alfredo Martins Sobral, de 46 anos. "Isto aconteceu em junho de 2006. A questão é minha desorganização, que reflete nas minhas atividades cotidianas. Vinha fazendo terapia há mais de dois anos. Agora tenho consciência do meu problema e finalmente começo a adquirir habilidades para lidar com a minha própria vida", conta.


_Dicas para combater a dislexia
Ler histórias compreensíveis para a idade da criança ajuda a enriquecer o vocabulário
Faça da leitura um hábito. Peça para a criança ler textos do seu interesse durante 10 minutos por dia
Brinque com jogos educativos e softwares em família. Eles desenvolvem a leitura, a memória, a atenção e outras áreas importantes do cérebro
Use computador e gravador, principalmente para digitar textos, resumir matérias e gravar aulas
Mostre conceitos abstratos, como água saindo do estado líquido para vapor. Exemplos visuais são mais fáceis de ser compreendidos

FONTE DE PESQUISA:

Letras desafiando a aprendizagem


Dislexia e outros distúrbios da leitura-escrita - Letras desafiando a aprendizagem

Autor(es): Jaime Zorzi, Simone Capellini
Editora: Pulso

Área(s): Pedagogia / Psicoped., Medicina / Saúde

ISBN: 9788589892605

320 pág.

Preço: R$ 44,00

Disponibilidade: envio imediato


Descrição:

Dificuldades na leitura e escrita comprometem toda a escolaridade do aprendiz, pois ambas as habilidades representam as bases do processo educativo. Inúmeras são as causas para tais déficits e ainda há incontáveis maneiras de intervenção, de acordo com a raiz da dificuldade.

Sobre estas premissas, são escritos os capítulos de “Dislexia e outros distúrbio da Leitura – Escrita”, que trazem estratégias e dicas para avaliação e tratamento de desvios de aprendizagem, em uma abordagem cognitiva que contempla o educando dentro e fora das relações do espaço escola.

A obra discorre sobre o papel da Fonoaudiologia no saneamento de um panorama educacional brasileiro insuficiente, que gera, inclusive, exclusão social. Além das disfunções fonoaudiológicas, os autores esclarecem diferentes caminhos para o diagnóstico de ordem neurológica, descrevendo o comportamento dos alunos em cada dificuldade apresentada. A obra explica a anatomia cerebral e o funcionamento neural durante a manipulação e aquisição do conhecimento.

Dentre os distúrbios, a obra destaca a dislexia, esmiuçando sua classificação e complexidade através de autores nacionais e internacionais. Dedica, por fim, atenção especial à interferência da oralidade na ortografia, expondo programas de intervenção pertinentes.

“Dislexia e outros distúrbio da Leitura – Escrita” é um mergulho teórico, amparado pelo universo prático e experimental, que oferece uma renovação no ensino e propõe uma alfabetização adequada, eficiente e inclusiva.







SUMÁRIO




Capítulo 1
Questões e desafios atuais na área da aprendizagem e dos distúrbios de leitura e escrita

Simone Aparecida Capellini e Ana Luíza Gomes Pinto Navas



Capítulo 2
Distúrbios de atenção e da memória

Telma Pantano



Capítulo 3
Neurofisiologia da linguagem oral e escrita

Margarete Zanardo Gomes



Capítulo 4
Organização funcional do cérebro no processo de aprender

Vicente José Assencio-Ferreira



Capítulo 5
Avaliação e diagnóstico Psicopedagógico nos distúrbios da aprendizagem

Telma Pantano



Capítulo 6
Avaliação e diagnóstico Fonoaudiológico nos distúrbios de Aprendizagem e Dislexias

Simone Aparecida Capellini, Ana Paula de Castro Silva, Cláudia da Silva e Fábio Henrique Pinheiro



Capítulo 7
Avaliação, diagnóstico neurológico e achados em neuroimagem nos distúrbios de aprendizagem e dislexias

Rubens Wajnsztejn



Capítulo 8
Fonética e Fonologia aplicadas à aprendizagem

Zuleica Camargo e Ana Luiza Gomes Pinto Navas



Capítulo 9

Processamento auditivo e as dificuldades de escrita

Mari Ivone Lanfredi Misorelli e Silvia Ruschel



Capítulo 10

A alfabetização: uma proposta para ensinar crianças com dificuldades de aprendizagem

Jaime Luiz Zorzi



Capítulo 11
Problemas de aprendizagem e ortografia. Crianças Escrevendo Errado: O Que Fazer?

Jaime Luiz Zorzi



Capítulo 12

Programas de Intervenção nas alterações de leitura e escrita

Maria Inês Abranches de Oliveira Santos


FONTE DE PESQUISA:
http://www.livrariaresposta.com.br/v2/produto.php?id=5182




ELIZABETE RODRIGUES
PEDAGOGA / PSICOPEDAGOGA / NEUROPEDAGOGA.
Comunidade no ORKUT: DISLEXOS CONHEÇA SEU DIREITOS .
Perfil no ORKUT: DISLEXICOS QUEREMOS CONTATO
Contato: (61 8408-3400
dis.lexic@hotmail.com
psico.dis.lexic@hotmail.com

fevereiro 15, 2009

fevereiro 11, 2009

Projeto de lei reabre debate sobre dislexia


09/02/2009 - 20:40 Projeto de lei reabre debate sobre dislexiaFLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de São Paulo reacendeu uma discussão que divide médicos, psicólogos e fonoaudiólogos. Proposto pelo vereador Juscelino Gadelha (PSDB), o texto cria um programa para diagnosticar crianças com dislexia na rede municipal de ensino.

Aprovado em primeira instância, o projeto foi feito em parceria com entidades como a ABD (Associação Brasileira de Dislexia). Como reação, especialistas de instituições como o CRP (Conselho Regional de Psicologia), a USP (Universidade de São Paulo) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) criaram um manifesto contrário, que, até ontem, tinha 1.785 assinaturas.

Eles defendem que o conceito de dislexia é polêmico e que o que costuma ser diagnosticado como distúrbio neurológico genético, na verdade, não o é. “O que está confirmado é a perda do domínio da linguagem escrita após uma lesão. Mas a dislexia como um problema neurológico da criança com dificuldade para ler e escrever nunca foi comprovada”, diz a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora da Unicamp.

Segundo ela, o problema tem a ver com fatores externos. “Pode ser uma educação inadequada, uma criança muito pressionada ou sem limites. E a escola brasileira tem muitos problemas, é cômodo pôr a culpa no aluno e estigmatizá-lo.”

Moysés cita ainda diferenças no ritmo do aprendizado de cada um. “Quem destoa do padrão é colocado como doente.”

Ela critica o fato de muitas crianças disléxicas tomarem remédios, não para dislexia –não existem–, mas para TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), que muitas vezes acompanha o diagnóstico. Segundo Abram Topczewski, neuropediatra do hospital Albert Einstein e vice-presidente da ABD, 75% dos disléxicos têm déficit de atenção e 35%, hiperatividade.

Para quem defende o projeto, não há dúvidas da existência da dislexia. Foi criado outro manifesto, com 1.163 assinaturas até ontem, a favor do texto.

Pesquisas

Segundo Topczewski, estudos provam que se trata de um distúrbio neurológico, ligado a alterações anatômicas no cérebro. “Exames de ressonância magnética também encontram alterações localizadas, e estudos genéticos mostram cromossomos envolvidos.” Segundo a ABD, de 5% a 17% da população mundial é disléxica.

Topczewski diz que as pessoas com dislexia já nascem com o problema e que, quando um dos pais é disléxico, a probabilidade de o filho ter o problema é de 40%.

A explicação de Carla Angelucci, membro da diretoria do CRP, que assina o manifesto contra o projeto, é outra. “A dislexia é mais comum entre meninos pobres. Muitas vezes, os pais também tiveram pior escolarização e não conseguem ajudar os filhos nas dificuldades escolares”, diz ela, que considera o projeto parte da “medicalização” de questões sociais.

Rosemari Marchetti, presidente da ABD, afirma que o contexto escolar e social é levado em conta –para descartar a dislexia. Ela defende a necessidade de diagnosticar precocemente o distúrbio. “São crianças com inteligência normal, mas chamadas de burras. Muitas são derrotadas pela auto-estima”, diz ela, que descobriu ter dislexia já adulta, ao receber o diagnóstico do filho.

O diagnóstico de Celso Barbosa, 11, veio cedo: aos seis anos. “Ele não conseguia decorar o alfabeto, juntar as palavras, mas era esperto, eu sabia que não era déficit intelectual”, diz a mãe, Clarice Barbosa.

Após tratamento com fonoaudióloga e psicóloga, Clarice vê melhora. “Ele percebia que era diferente, ficava encolhido. Hoje, tira boas notas.”

Antes da segunda votação do projeto de lei, os dois grupos organizarão um seminário na Câmara para discutir o tema.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u476941.shtml

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Dislexia: Uma visão psicopedagógica


10/02/2009 - 14:01 Dislexia: Uma visão psicopedagógicaTânia Maria de Campos Freitas
Psicopedagoga Clínica.

A psicopedagogia entende por dislexia do desenvolvimento ou evolutiva, como um distúrbio do processo de aprendizagem, já que a deficiência ocorre na dificuldade do indivíduo durante a aquisição da leitura e da expressão escrita. O termo deve ser empregado para aqueles que apresentam uma ineficiência incomum e específica nas habilidades da leitura e escrita, ao longo de seu processo de educação formal, apesar de possuírem potencialidade igual ou superior à média, acuidade auditiva e visual normais, ausência de problemas afetivo-emocionais primários, e de terem sido favorecidos com instrução acadêmica adequada.

O quadro da dislexia, guarda “freqüente correlação biológica” e apresenta “deficiências cognitivas fundamentais de possível origem constitucional,” segundo definição da Word Federation of Neurology,. A base biológica se refere a distúrbios funcionais localizados no hemisfério cerebral esquerdo (área que na maioria dos destros é responsável pelos processos de linguagem, de leitura e escrita), mais especificamente no plano temporal, que apresenta falta da assimetria habitual de tamanho e opera com nítida lentificação.

Embora o corpo teórico nos remeta à afirmação da origem neurológica dos distúrbios cognitivos, em nossa prática clínica os critérios para o diagnóstico e elaboração de um plano de trabalho são mais abrangentes e respeitam além do quadro sintomático, os aspectos psicológicos, familiares e sociais de cada indivíduo. Sara Paín considera “o problema de aprendizagem como um sintoma e que este se configura num estado particular de um sistema que para equilibrar-se precisou adotar este tipo de comportamento.”

Quando utilizamos o material de orientação psicanalítica, fartamente encontrado nas obras de Freud, Melaine Klein, Winnicot e Bion, dentre outros, passamos a ter subsídios para desempenhar este olhar mais apurado e sensível deste ser e de suas dificuldades e para que possamos entender, o quanto os aspectos inconscientes influenciam na aprendizagem e o quanto a harmonia psíquica capacita ou prejudica esta atividade, além de que a própria dificuldade de leitura e escrita é um fenômeno pluridimensional, que não se situa apenas no portador, mas também na família, no professor, nos métodos educacionais, na escola e na sociedade, ou seja, nas múltiplas interações entre eles.

Todavia, o quadro sintomático está expressando claramente que algo não está bem com o sujeito e que precisa ser modificado. Assim, ao término do diagnóstico - sendo caracterizado um quadro de dislexia, o tratamento psicopedagógico vai ser direcionado aos sintomas do indivíduo, visando a superação dos mesmos, já que estes estão impedindo a evolução de seu processo geral de aprendizagem, além de produzirem problemas secundários mais severos que a própria dislexia.

Sabemos que toda criança inicia seu processo de escolaridade desejando aprender, desejando ir bem na escola, como seus demais colegas, irmãos e primos. Ela gostaria de que seus talentos fossem vistos e admirados; ninguém conscientemente, se regozija por vivenciar fracassos e frustrações ao longo de sua vida acadêmica, nenhum jovem fica feliz ao levar seu boletim com resultados insatisfatórios para seus pais.

A intervenção psicopedagógica tem para o disléxico, um caráter de urgência e pode capacitá-lo a ser “senhor de seu destino”, integrando-o dentro da sala de aula como alguém responsável e competente, assim como reintegrá-lo em suas relações familiares e sociais. A reabilitação da leitura dará ao disléxico, condições de adquirir a educação formal, já que em nossa sociedade representam - a leitura e escrita, habilidades básicas, a “chave-mestra” para o conhecimento de si mesmo e do mundo que o cerca.

Sabemos ainda, que o indivíduo quando passa a ter autonomia e independência, começa a obter realizações concretas e estará fortalecendo sua estrutura egóica e sua auto-estima, o que lhe afiança ir reabilitando os demais recursos cognitivos.

A atuação do psicopedagogo busca embasamento constante nos diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão do jovem disléxico que o procura. Busca, sobretudo, técnicas e estratégias de trabalho e de conduta que façam mais sentido para ele; objetiva em suas sessões conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto dele, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento.

Entendemos que pelo fato de serem vivenciadas novas relações interpessoais com o profissional e com o processo de aprendizagem, novos espaços serão criados, permitindo o surgimento de vínculos sadios, estruturados e prazerosos - diferentes dos vividos até então.

Tecnicamente a abordagem de trabalho associa o estímulo e desenvolvimento de suas inclinações naturais, com o resgate das deficiências instrumentais, através de métodos multisensoriais, que partem da linguagem oral à estruturação do pensamento, da leitura espontânea à discussão temática, da elaboração crítica e gerativa das idéias à expressão escrita. Desta forma um sentido efetivo do aprender e do processo de aprendizado começa a ser incorporado.

Mas, voltamos a insistir que o olhar psicopedagógico não deve refletir uma visão reducionista que rotularia o disléxico como um déficit em si mesmo, pois desta forma estaria alimentando sua condição de sujeito identificado de sua família ou mesmo de sua classe.

Desta forma, a atuação da psicopedagogia só encontra real eficiência quando atingir a família do disléxico, incorporando-a ao tratamento, já que esta se apresenta no mínimo contaminada pelos fracassos e sofrimentos de seus filhos, associado às projeções de seus próprios sofrimentos, além das tentativas fracassadas de auxílio. Para tanto, a compreensão do sistema funcional, da dinâmica desta família, se faz necessário para que se possa orientá-la eficientemente. A ação deve se estender à instituição escola, alertando e sensibilizando seus educadores de que o disléxico pode e merece aprender, tal qual outro aluno qualquer, que ele apenas precisa de técnicas e estratégias que o auxiliem nessa jornada. Que o educador possa valorizar não seus erros, mas seus acertos.

Assim, o olhar e escuta psicopedagógicos, entendem a dislexia: sob um viés integrativo, onde importam os aspectos orgânicos e psicodinâmicos do indivíduo, bem como a instituição família e sistema educacional, na figura da escola. A atuação psicopedagógica visa auxiliar a que o sujeito se beneficie com um processo de aprendizagem que lhe seja significativo e prazeroso, num nível compatível às suas reais potencialidades.

Tânia Maria de Campos Freitas
Psicopedagoga Clínica
Professora especialista em distúrbios de leitura, escrita e dislexia
Diretora do CPM – Centro Psicopedagógico Maranhão
Diretora de Eventos Científicos da ABD – Associação Brasileira de Dislexia

Fonte: http://www.dislexia.org.br/
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fevereiro 08, 2009

Detecção precoce de distúrbios de linguagem


26 de maio de 2008


Detecção precoce de distúrbios de linguagem
Técnica avalia como informação auditiva é processada e de que forma diagnostica problemas


Entender como o cérebro infantil distingue sons está ajudando pesquisadores americanos a detectar e corrigir distúrbios de linguagem em crianças que ainda nem aprenderam a falar. O trabalho é coordenado pela neurocientista April Benasich, do Laboratório de Estudos da Infância da Universidade Rutgers, em Newark, Estados Unidos. “Nossos resultados mostram que não se trata de um atraso na maturação do sistema nervoso, mas de diferenças importantes no processamento da informação acústica”, diz a pesquisadora.

Benasich há anos se dedica ao mapeamento das ondas cerebrais para descobrir os detalhes de como o cérebro em desenvolvimento processa e distingue estímulos auditivos que chegam em rápida sucessão. A diferenciação de sons como “ba” e “da”, por exemplo, é muito importante na decodificação da linguagem e precisa acontecer em questão de milissegundos. Segundo a neurocientista, já com poucos meses de vida o cérebro trabalha para montar um mapa acústico de seu idioma nativo, mas, em algumas crianças, esse processo pode tomar rumos diferentes. Estima-se que entre 5% e 10% das crianças em idade escolar tenham algum déficit de linguagem que compromete a leitura ou a fala.

Usando um tipo de eletroencefalograma específico e mais potente que o convencional, a pesquisadora verificou que os bebês com dificuldades nos testes auditivos usam menos o hemisfério esquerdo, por exemplo, em relação ao grupo-controle. A proporção de ondas gama também se mostra alterada. “Nossa técnica pode prever, com 90% de precisão, o risco de um bebê de 3 a 6 meses vir a ter distúrbios de linguagem alguns anos depois, dentre os quais o mais comum é a dislexia”, explica Benasich.

Para tentar reverter esse problema, a pesquisadora começa a usar técnicas de imageamento cerebral, como a ressonância magnética funcional, para localizar com maior precisão as áreas envolvidas nos distúrbios. “Nosso objetivo é não só desenvolver técnicas de treinamento para corrigir problemas no processamento auditivo rápido, mas também identificar o período durante o desenvolvimento infantil em que o cérebro é mais plástico”, conclui.


FONTE DE PESQUISA:
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/deteccao_precoce_de_disturbios_de_linguagem.html

Novo tratamento diminui sintomas do déficit de atenção e de hiperatividade


10 de outubro de 2008


Novo tratamento diminui sintomas do déficit de atenção e de hiperatividade
AGÊNCIA USP de NOTÍCIAS) Já são conhecidas e documentadas pelos profissionais de saúde as ligações entre os distúrbios respiratórios do sono (DRS) e os sintomas do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). A hipótese mais aceita é a de que tais distúrbios limitem a taxa de oxigênio no sangue do paciente, afetando a área do córtex frontal do cérebro ligada à atenção.

Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) demonstrou que este mesmo problema pode ser causado ou intensificado pelo distúrbio da respiração oral, hábito de respirar pela boca na maior parte do dia. Segundo a pesquisa, tratamentos ortodônticos e fonoaudiológicos podem melhorar significativamente o quadro de hiperatividade ou de déficit de atenção, e até a eliminar a necessidade de medicação em alguns casos.

O TDAH é um distúrbio neurocomportamental que acomete crianças trazendo três sintomas principais: hiperatividade (a criança que não pára de se mexer), impulsividade e déficit de atenção (dificuldades para se concentrar em uma mesma atividade por um certo tempo). Tais sintomas são identificáveis principalmente a partir dos sete anos, e só caracterizam o transtorno quando atrapalham de alguma forma o rendimento da criança na escola e a convivência em casa.

Além da relação com os distúrbios do sono já comprovadas, odontólogos observaram que, em geral, as pessoas que respiram pela boca com freqüência também demonstram problemas de concentração, sendo caracterizados como aéreas. Apesar da constatação, nenhuma pesquisa havia verificado esta ligação entre os dois distúrbios. Foi o que procurou fazer a cirurgiã dentista Carolina Marins Ferreira da Costa, avaliando como o tratamento da respiração oral influenciava na evolução do TDAH.


Para isso, foram selecionados pacientes do Ambulatório de Distúrbios de Aprendizagem do Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas da FMUSP, que faziam tratamento medicamentoso para o TDAH e apresentavam o transtorno da respiração oral. Para os fins desta pesquisa, foram excluídos casos que demandavam cirurgia e mantidos apenas os que poderiam ser tratados com aparelhos ortodônticos e acompanhamento fonoaudiológico. Carolina acompanhou a evolução do TDAH nos pacientes que aceitaram fazer estes tratamentos e também nos que o rejeitaram, ficando apenas com o tratamento medicamentoso, funcionando como grupo de controle.

“As pessoas que já estão há muito tempo respirando pela boca apresentam uma diminuição dos ossos maxiliares e nasais. O tratamento com aparelhos ortodônticos, que demoram 18 meses ou mais, promovem o crescimento destes ossos e o tratamento fonoaudiológico devolve a tonicidade do músculos da região, que se apresentam flácidos”, explica a dentista.
Resultados promissores
Quanto à influência destes tratamentos na TDAH, os resultados da pesquisa foram bastante promissores: os oito pacientes que trataram a respiração oral apresentaram melhora no quadro de TDAH, sendo que dois deles puderam parar com a medicação. No grupo de controle, no qual os nove pacientes não trataram a respiração oral, não houve melhora além da já esperada pelo uso do medicamento (metilfenidato).

FONTE DE PESQUISA:http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/novo_tratamento_diminui_sintomas_do_deficit_de_atencao_e_de_hiperatividade.html

Então, como diagnosticar a dislexia?

Diagnóstico

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes que seja feito um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, mas não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras síndromes neurológicas ou comportamentais.
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar formada por: Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista, Otorrinolaringologista e outros, conforme o caso.A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO DIFERENCIAL MULTIDISCIPLINAR.

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

PORQUÊ.... SOMOS DIS !??

COMO É A VIDA DE UMA PESSOA COM DIS...

PORQUÊ, SOMOS DIS !!!

Saiba , que entendo muito bem , quando vc fala (mal sabem eles o que tenho de fazer para chegar ate onde cheguei.... ´´e horrivel para mim. Agora vou ter que enfrentar um exame da ordem. Nao sei se mostro que sou dislexica ou nao para fazer a prova. Tenho que decidir, gostaria que vcs me orientasse o que devo fazer) vou te dar varias razões, para você não esconder que é dislexica, e outras tantas mais para você se cuidar e se respeitar em quanto há tempo. Seja quem você realmente é !!! Não seja preconceituosa com você mesma , como eu fui, por pura falta de conhecimento , coisa que você já tem.
e o mais importante ...tem a conciência dos seus direitos como cidadã. O meu conselho é: exerçar seus direitos e cumpra seus deveres, como ser pensante e atuante na nossa sociedade.

como vc sabe , também sou dislexica, mas só tive conciência do que estava acontecendo comigo, depois que ...já tinha meu emocional todo comprometido.
E mesmo assim , tive que passsar por mentirosa, pois já havia passado em um concurso publico, atuava como professora alfabetizadora e estava fazendo uma graduação em pedagogia. E te digo ...só eu e deus, sabia o que eu escondia !!!
Vivi toda minha vida com medo, e com vergunha , quando alguèm percebia meus erros ortograficos ,minha total incapacidade de escrever ao mesmo tempo que outra pessoa falava, não consiguia anotar as informações.
Com tudo isto, fui desfaçando para conseguir viver neste mundo letrado!!!
Até que minha mente e meu corpo , não suportou o estress!!! E tudo ficou encontrolavel, entrei em um processo de depressão, ansiedade e hiperatividade , altissimo.
Foi quando , fui em busca de ajuda medica. Sem saber o que eu escondia...os profissionais de saúde, se desdobraram em busca de explicações para o meu estado de saúde. Cada um chegou a um diagnostico conclusivo.
O psiquiatra, depressão e asiedade, que deveria ser trabalhada com terapia e medicação. A psicologa, hiperatividade causada por meu comportamento obcessivo de perfeição, e fata de confiança, deveria tentar me concentrar melhor no presente. O reumatologista, para ele eu estava com fibromialgia e outras coisas, causadas pelo estress, elevado, seria necessario procurar auternativas de relaxamento, e medicação. Fiz , hidroterapia, acupuntura, rpg , caminhada, cessão de relaxamento mental, com os psicologos, participei de programas para levantar minha auto-estima. Mais nada adiantava...tive outros sintomas, como gagueira, que foi trabalhado com a fonaldiologa. Labirintite, refluxo, que foram tratados por medicos da aréa, especialistas.
Depois tive problemas na visão, ai foi que tudo se entrelaçou, o oftalmologista , pedio um exame para descartar , adivinha o que?
Esclerose multipla....ai na resomância deu possitivo!!! E tudo levava a crer, neste diagnostico, quando se juntava tudo o que estava acontecendo com o meu corpo!!!
Pensa que acabou por ai!!?? Não! Tudo só estava recomeçando...
Mas paralelo a tudo isto, que vinha se passando, eu não parei de estudar, herá ponto de hora!!Para mim!! Fiquei de licença do trabalho , para tratamento, e ainda tive que enfrentar a doença da minha mãe que estava com o diagnostico de câncer. E meus filhos confusos e em plena adolecência. Eu estava completamente perdida!!!! Sem estrutura emocional, e sem controle cognitivo, esquecia as coisas , chorava muito,comecei a escrever e ler com muito mais dificuldades , já estava saindo da realidade, que me parecia um pesadelo!!
Mas, como uma boa dislexica, até então sem saber, não deixei de lutar contra o mundo. E quando estava fazendo minhas pesquisas para o trabalho do tcc, para conclusão do curso de graduação em pedagogia, sobre o tema que mais mim encomodava, os erros ortograficos em sala de aula e a visão do professor, quanto os problemas de aprendizagem. Por acaso, entrei no site da associação brasileira de dislexia, e quando estava lendo um depoimento de um dislexico adulto!!! O chão se abriu e o céu também...e as coisas foram tendo sentido, minha vida tava fazendo sentido. Eu estava diante , de uma explicação para a minha total "burrice"!!! Diante dos meus maiores medos, das minhas grandes vergunhas, das minhas piores dificuldades, e de tudo o que eu fazia questão de esconder, que erá a minha incompetência, diante do desafio de ler e escrever!!!
Mas o que eu julgava ter diante de me, toda solução para explicar todos as minhas angustias, sem fundamento , porquê , agora haveria uma razão. Senti meu esprírito leve, despreoculpado, pensei, agora não vou mais ter que mentir , tenho que revelar o meu maior segredo, e só atravez desta revelação serei liberta do medo, da vergunha, desta vida prisioneira da culpa de ser o que eu herá!!!
Bem , caros colegas, as coisas não foram, e não são tão faceis deste jeito que pensei...todos os profissionais de saúde que estavam , cuidando do meu equilibrio, duvidaram da minha verdade. Passaram a olhar , para me, como se eu estevesse, louca...e se perguntavam!!???
E questionavam, como eu tinha dislexia e tinha chegado onde cheguei sem ajuda!!??? Como eu saberia ler e escrever !!??? Porquê, e como poderia ter escondido isto!!!?? Bem , as respostas para estas perguntas, só eu e deus sabe o que tive que fazer,e tive que reunir forças,buscar conhecimento para meus argumentos e levanta uma quantia em dinheiro, para ir até são paulo, o unico lugar , onde teria profissionais seguramente competêntes para fazer o diagnostico, porquê todos os outros se mostravam completamente impossibilitados para assinar um laudo fechado de um diagnostico sobre dislexia.
E neste exato momento , luto contra todos os mesmos, sentimentos e há todos os mesmos pré-conceitos. E tenho que usar os mesmos meios para continuar sobrevivendo. Mas com uma diferênça fundamental,hoje já não tenho tanta vergonha de escrever errado, entendi que isto não mim tira o direito de ser respeitada e que sou competente e capaz .
Imagina ser ...professora alfabetizadora, pedagoga e atualmente estou fazendo pós- de psicopedagogia. Se tenho dificuldades...claro!! Se vejo discriminação nos olhos de muitos ...simmm!!! Fui aposentada pelo governo do distrito federal, por razões óbvias, que já não tenho forças para questionar.

Mas o que mais importa é que dessidi ir á luta, por mim e por nós!!

Quero que todo disléxico assuma sua condição, não somos doentes para procurar há cura...devemos ir a procura do entendimento do nosso ser pensante e atuante , diante desta sociedade letrada e preconceituosa.

Abjncrção!
Elizabete aguiar.
Perfil profissional:
Profª Elizabete M. Rodrigues R. da R. Aguiar.
Graduada em Pedagogia – UNB.
Especialização em Psicopedagogia Reeducativas Clínica e Institucional –UniEvangelica
Especialista e Neuropedagogia e Psicanálise – FTB.
Dir. Adm. Adjunta da Associação de Psicopedagogia – ABPp- Seção BRASÍLIA.
Profª da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal – GDF.
Consultoria e Assessoria em Psicoeducação.